quarta-feira, 19 de dezembro de 2012

Qual não é o problema do Sporting?


Depois de ter conquistado o seu último título em 2002, com Jardel a marcar 42 golos, um plantel que contava com 11 internacionais portugueses e mais oito internacionais de outros países, o Sporting tem-se dividido em estratégias para definir a melhor forma de ultrapassar os problemas que se atravessam no caminho de voltar a ser campeão.

Quando o problema parece relativamente simples – como voltar a ser campeão – a estrutura leonina tem-se ocupado mais com sub-problemas – como apostar na formação, como lidar com a arbitragem nacional, como manter as contas do agrado dos credores, como promover jovens treinadores portugueses – do que com o problema em si. Resultado? Dez temporadas (e outra, ou outras, se seguem) sem conquistar um campeonato nacional.


Como apostar na formação não é, claramente, um problema que o Sporting tenha. Ao longo da sua história, mesmo antes do aparecimento da Academia de Alcochete, o Sporting já lidava muito bem com os segredos de encontrar jovens jogadores e de os valorizar ao ponto de chegarem a jogar na equipa sénior. Mesmo num ano em que o número de jogadores estrangeiros é muito elevado no plantel, o Sporting  já utilizou mais de 10 jogadores formados no clube.

Como lidar com a arbitragem também não pode ser um problema da estrutura desportiva dos leões. É por demais evidente que as arbitragens beneficiam, de uma forma lata, os quatro maiores clubes da Liga Zon Sagres e não foi nunca em jogos entre si que o título ficou decidido. Tendo o Sporting ficado, nos últimos dez anos, sempre entre esses quatro postos, pouco haverá a pensar sobre como lidar as arbitragens.

Como manter as contas do agrado dos credores também não é um problema que o Sporting possa resolver sozinho. Outros clubes têm contabilidades tão más ou piores do que o clube de Alvalade e, no entanto, respiram saúde. Porquê? Porque ganham. Uma instituição financeira não se preocupa com números de divididas, mas com potencial de conquistas. Ou seja, estamos uma vez mais a falar de campeonatos e não de outra coisa qualquer.

Quanto à questão dos treinadores, o Sporting parece também já ter percebido que não passa por aí o seu problema. Não cabe ao Sporting lançar ninguém na ribalta do futebol. José Peseiro, Paulo Bento, Carlos Carvalhal, Paulo Sérgio, Domingos Paciência, Ricardo Sá Pinto, todos eles chegaram à frente da equipa sem provas dadas. Raramente se consegue fabricar um campeão assim. Quando o Sporting optar por outro caminho, e parece que o vai fazendo, envergonhadamente, neste momento, deixará de ter mais esta preocupação.

Assim, afastados os não problemas, será o momento de concentrar atenções no real problema desta equipa – como voltar a ser campeão. A receita de há dez anos parece relativamente simples. Jogadores de qualidade, entre os formados no clube e os adquiridos no estrangeiro, são a chave mestra do processo. Ter gente que perceba que um Bouhlarouz não será nunca um André Cruz, ajudará, também.

O resto é uma bola rolando sobre a erva.

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