Depois de
ter conquistado o seu último título em 2002, com Jardel a marcar 42 golos, um
plantel que contava com 11 internacionais portugueses e mais oito
internacionais de outros países, o Sporting tem-se dividido em estratégias para
definir a melhor forma de ultrapassar os problemas que se atravessam no caminho
de voltar a ser campeão.
Quando o
problema parece relativamente simples – como voltar a ser campeão – a estrutura
leonina tem-se ocupado mais com sub-problemas – como apostar na formação, como
lidar com a arbitragem nacional, como manter as contas do agrado dos credores,
como promover jovens treinadores portugueses – do que com o problema em si.
Resultado? Dez temporadas (e outra, ou outras, se seguem) sem conquistar um
campeonato nacional.
Como apostar
na formação não é, claramente, um problema que o Sporting tenha. Ao longo da
sua história, mesmo antes do aparecimento da Academia de Alcochete, o Sporting
já lidava muito bem com os segredos de encontrar jovens jogadores e de os
valorizar ao ponto de chegarem a jogar na equipa sénior. Mesmo num ano em que o
número de jogadores estrangeiros é muito elevado no plantel, o Sporting já utilizou mais de 10 jogadores formados no
clube.
Como lidar
com a arbitragem também não pode ser um problema da estrutura desportiva dos
leões. É por demais evidente que as arbitragens beneficiam, de uma forma lata,
os quatro maiores clubes da Liga Zon Sagres e não foi nunca em jogos entre si
que o título ficou decidido. Tendo o Sporting ficado, nos últimos dez anos,
sempre entre esses quatro postos, pouco haverá a pensar sobre como lidar as
arbitragens.
Como manter
as contas do agrado dos credores também não é um problema que o Sporting possa
resolver sozinho. Outros clubes têm contabilidades tão más ou piores do que o
clube de Alvalade e, no entanto, respiram saúde. Porquê? Porque ganham. Uma
instituição financeira não se preocupa com números de divididas, mas com
potencial de conquistas. Ou seja, estamos uma vez mais a falar de campeonatos e
não de outra coisa qualquer.
Quanto à
questão dos treinadores, o Sporting parece também já ter percebido que não
passa por aí o seu problema. Não cabe ao Sporting lançar ninguém na ribalta do
futebol. José Peseiro, Paulo Bento, Carlos Carvalhal, Paulo Sérgio, Domingos
Paciência, Ricardo Sá Pinto, todos eles chegaram à frente da equipa sem provas
dadas. Raramente se consegue fabricar um campeão assim. Quando o Sporting optar
por outro caminho, e parece que o vai fazendo, envergonhadamente, neste
momento, deixará de ter mais esta preocupação.
Assim,
afastados os não problemas, será o momento de concentrar atenções no real
problema desta equipa – como voltar a ser campeão. A receita de há dez anos
parece relativamente simples. Jogadores de qualidade, entre os formados no
clube e os adquiridos no estrangeiro, são a chave mestra do processo. Ter gente
que perceba que um Bouhlarouz não será nunca um André Cruz, ajudará, também.
O resto é
uma bola rolando sobre a erva.
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