Beau Dure em Pequim |
Após a leitura do seu livro Long-range goals: the success of Major League Soccer, entrei em contacto com Beau Dure para saber a sua opinião sobre alguns pontos comuns entre a MLS e o futebol português e europeu.
Beau, no teu livro há uma questão recorrente que, na cabeça de um adepto europeu, nunca tem lugar: a hipótese de uma equipa, ou da própria liga, se extinguirem. Como é que, como adepto, lidas com isso?
É realmente complicado para os adeptos, mas a MLS está projectada para prevenir acontecimentos como esse. No fundo, a liga não permite que uma equipa gaste demasiado dinheiro, nem tenha problemas financeiros. Outras ligas e equipas, entre os anos 30 e 80, cometeram esse erro, o que acabou por atrasar o desenvolvimento do futebol nos Estados Unidos.
Com que imagem ficaste dos portugueses que passaram na MLS, Carlos Queirós como treinador dos Metrostars e Abel Xavier como jogador dos Galaxy?
O Carlos Queirós é muito bem visto nos Estados Unidos e foi uma perda para os Metrostars que ele não tenha ficado mais tempo à frente da equipa. No caso do Abel Xavier, não apresentou condições físicas nem psicológicas para ser um jogador produtivo em Los Angeles.
Existe uma grande comunidade de portugueses nos Estados Unidos, no entanto, são poucos os portugueses que passaram pela MLS. Qual é a razão para que isso aconteça?
Os bons jogadores portugueses ganham mais dinheiro no vosso campeonato, sendo que os melhores jogadores conseguem excelentes contratos nas maiores ligas europeias. A MLS acaba por contratar jogadores de países cujas ligas não têm grande competitividade financeira. Por outro lado, a liga tenta contratar alguns jogadores que já não estão na sua melhor fase, sendo que isso tem vindo a ser limitado a jogadores como o Thierry Henry e o Juan Pablo Angel, que estão em boas condições e fazem com que mais gente vá assistir aos jogos. Quando os Galaxy contrataram o Abel Xavier, era isso que esperavam dele, embora ele não tenha cumprido.
Freddy Adu foi um dos jogadores que causou maior furor na história da MLS. No entanto, desde que veio para a Europa, a sua carreira não evoluiu, com passagens por Portugal, França e Grécia. O que achas que aconteceu com ele e até onde te parece que ele ainda poderá chegar?
O Freddy passou por uma série de situações problemáticas. No Benfica, ele parecia ser apreciado pelo treinador que aconselhou a sua aquisição, mas com a mudança de treinador, nunca mais foi opção. Com o empréstimo ao Mónaco, o presidente (que foi educado nos Estados Unidos) esperava utilizá-lo como embaixador da equipa na América, mas o treinador não gostou de se ver forçado a aceitar um jogador que não tinha escolhido. Neste momento, acho que o Benfica devia tentar encontrar um lugar onde as capacidades do Adu pudessem ser desenvolvidas, apesar dele ter feito alguns bons jogos no final da época passada, com a camisola do Aris. O problema dele é básico: só consegue dar uma boa resposta quando não é pressionado fisicamente. Nas camadas jovens e nos Jogos Olímpicos, ele fez exibições fenomenais. Ele também consegue estar muito bem em jogos amigáveis, onde é menos castigado pelas defesas. Mas num jogo competitivo, ele pode ser anulado muito facilmente. Não sei se alguma vez ele se conseguirá adaptar à alta-competição.
Chad Marshall |
O Landon Donovan provou o ano passado, no Everton, que pode ter sucesso na Europa, desde que encontre a equipa certa. O Jozy Altidore e o Charlie Davis já jogam na Europa e poderão, em breve, ser avançados muito sólidos para qualquer equipa (assim o Davis recupere das lesões provocadas por um acidente automóvel). O defesa Chad Marshall, do Columbus Crew, é excelente no jogo aéreo e poderá, num futuro próximo, receber uma proposta para jogar numa liga europeia.
Um jogador a ter em conta é o Andy Najar, que tem apenas 17 anos e já se estreou pelo DC United, esta época. A grande questão é se ele escolherá jogar pelos Estados Unidos ou pelas Honduras, onde nasceu.
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