Alex Martins, presidente dos Orlando Magic, concedeu-nos uma entrevista exclusiva. Para ele, Dwight Howard é o maior jogador da história da sua equipa. Na passada semana, poucas horas antes da recepção aos Sacramento Kings, o Planeta Basket conversou com Alex Martins, luso-descedente, sobre a actualidade da NBA, o seu conhecimento de Portugal e as suas responsabilidades na equipa da Florida.
Olá Alex, o que é que conheces do Basquetebol Português?
Para falar a verdade, conheço pouco. Já estive várias vezes em Portugal, conheço muitos lugares mas, no que toca a basquetebol, não sou muito versado nesse tema.
A maioria dos adeptos portugueses sonham com a possibilidade de termos um jogador português na NBA. Quando achas que isso poderá acontecer?
Falando no caso concreto dos Orlando Magic, temos uma equipa de olheiros na Europa e acompanhamos tudo o que se passa na Euroleague. Para além disso, o nosso Director Adjunto vai à Europa 4 a 5 vezes por ano para ver, in loco, jogos dessas competições. Temos um profundo conhecimento dos melhores jogadores da Europa e, por isso, julgo que será uma questão de tempo haver um jogador português que se destaque e consiga ter um lugar nesse grupo de potenciais jogadores da NBA. Como a liga tem cada vez mais jogadores internacionais, essa realidade pode estar perto de acontecer.
Passando à actualidade, esta semana dois grandes jogadores mudaram-se da Conferência Oeste para a Conferência Este. Qual é o impacto destas alterações?
O que aconteceu nestas últimas horas tornou a Conferência Este ainda mais competitiva. Vimos duas boas equipas, os Knicks e os Nets, transformarem-se em excelentes equipas. E isso não vai notar-se apenas na Fase Regular, mas sobretudo nos Playoffs. Vai ser mais duro para todos.
Os Orlando Magic também fizeram uma troca, trazendo para a equipa jogadores como o Gilbert Arenas e o Hedo Turkoglu. Qual foi o objectivo da equipa ao fazer essas mudanças?
O Otis Smith está muito próximo dos jogadores, viaja constantemente com eles, e logo no início da temporada fez uma avaliação profunda da nossa equipa, chegando à conclusão que não teríamos condições para lutar pelo nosso objectivo, sermos campeões. Então, estivemos atentos às oportunidades até encontrarmos aquela que melhor nos convinha. A razão é aquilo que temos agora, um grupo que tem todas as possibilidades de lutar pelo título.
Têm uma das grandes estrelas da NBA, Dwight Howard, no vosso plantel. O objectivo é continuar a construir uma equipa à volta dele, ou colocam a hipótese de o trocar, num momento em que tantos jogadores-chave estão a mudar de ares?
O Dwight Howard é o centro da nossa equipa, a nossa pérola. Estamos prontos para fazer tudo para o manter connosco. Ele tem sido a razão do nosso sucesso nos últimos anos, com presenças em finais de Conferência e numa final da Liga. A nossa intenção é continuar a construir a equipa à volta das qualidades do Dwight até conseguirmos ser campeões.
De todos os jogadores que já conviveste em Orlando, qual deles teve maior impacto na história da equipa?
Tivemos grandes jogadores na nossa equipa, como o Shaquille O’neill, Tracy McGrady, Nick Anderson, Penny Hardaway, mas não tenho dúvidas ao dizer que o Dwight Howard é o jogador mais importante da história dos Orlando Magic. O Dwight é o maior, dos vários excelentes jogadores que tivemos.
Há algum jogador na NBA que gostasses de ver em Orlando e que ainda não tiveste oportunidade para contratar?
Não, estamos muito contentes com a equipa que temos. Fizemos as trocas certas, estamos a jogar muito bem, a ganhar jogos. No dia de hoje, em que muito está a acontecer na liga, tão perto da deadline para as transferências, não vamos fazer nenhum movimento, porque temos exactamente os jogadores que queríamos ter.
Na tua opinião, vai haver um Lockout no próximo Verão? O que estão os donos das equipas a fazer para o evitar?
Devido às regras da liga, não posso responder nem fazer qualquer comentário sobre esse assunto.
Para aqueles que não estão conscientes da organização de uma equipa da NBA, quais são as principais responsabilidades de um Presidente?
O Presidente é o responsável pelas operações diárias da sociedade desportiva, pelo departamento de vendas, pelo marketing, pelas finanças da organização, pelo pavilhão. É também o Presidente quem assume as relações com a comunidade e mantém-se sempre próximo e informado do Director Principal, que é quem responde pelas operações desportivas. Como Presidente, tenho sempre presente a preocupação de que nada falte para que tenhamos sucesso no capítulo desportivo.
Ser dono de uma equipa da NBA é um negócio proveitoso?
Depende de equipa para equipa. No caso dos Orlando Magic, não temos apresentado lucros nos últimos anos. Esperamos que o trabalho que estamos a fazer no novo pavilhão possa alterar esse cenário. O negócio de uma equipa da NBA é imenso, com muitas variantes, muita gente envolvida. Existem equipas que estão a conseguir tirar lucro. Em Orlando, ainda não conseguimos.
O David Stern colocou a hipótese da NBA se expandir com equipas na Europa. Será possível termos uma Conferência da NBA na Europa ou na Ásia, num futuro próximo?
Não é um assunto sobre o qual os Orlando Magic tenham uma posição, já que não passará por nós essa decisão, é algo que será o Comissário a decidir. Já fomos à Europa jogar, as equipas que defrontámos são bastante boas, há muito talento na Europa. Por isso, o principal existe.
Mas não seria um custo demasiado alto, ter que deslocar-se até à Europa para disputar jogos da Fase Regular?
Não posso comentar os custos sem ter conhecimento da estrutura financeira que envolverá o alargamento da NBA para a Europa. Depende. Quando isso se colocar, quando nos for apresentada a ideia, com tudo estudado, logo veremos.
A NBA e a FIBA têm vindo a trabalhar uma parceria de promoção de competições como o Mundial e o Europeu. Qual a tua opinião sobre esse trabalho?
Estamos no mesmo negócio e essa parceria tem sido muito frutuosa. É através dela que as equipas da NBA começaram a deslocar-se à Europa para realizar jogos de preparação. Tem também sido esse entendimento que permite a presença de jogadores da NBA nos Mundiais e nos Jogos Olímpicos. É bom para o basquetebol e é bom para a competição. Esperemos que essa parceria cresça e possa dar ainda mais a ganhar a ambas as partes.
Fran Vasquez, actualmente no Barcelona, foi escolhido pelos Orlando Magic no Draft de 2005. Será que ele irá, alguma vez, jogar na vossa equipa?
Acreditamos que sim. O Otis Smith tem acompanhado e reunido, regularmente, com o Fran. Julgo que ele poderá estar muito perto de vir para a NBA. O contrato dele com o Barcelona acaba este ano, e esperamos que ele possa tomar uma decisão, saber se ele está preparado para mudar-se para cá. Mantemos os direitos dele e, se ele estiver disponível para vir, vamos querer tê-lo no nosso plantel já na próxima época.
A comunidade hispânica é muito importante para uma organização como os Orlando Magic?
Sem dúvida alguma. A comunidade hispânica representa 24% da população do Estado da Florida, sendo que muitos deles são adeptos de basquetebol. Nós temos organizado marketing específico para o mercado hispânico. Temos ofertas e programas regulares para esse mercado, temos um website em castelhano. São muito importantes e o facto de termos esse marketing pensado para a comunidade, comprova que temos e queremos manter a excelente relação existente.
No Planeta Basket, damos muita importância à formação e à promoção do basquetebol como um estilo de vida. Acreditas que trabalhar com os mais jovens é importante para o futuro da modalidade?
Acredito que essa é uma situação crítica. Aqui em Orlando, não deixamos isso de lado. Temos um programa para promover o basquetebol entre os jovens, chamado “Junior Magic Program”. Trata-se de organizar encontros entre centenas de equipas da Florida Central, que participam em pequenas ligas locais. Os Magic organizam esses encontros, de modo a cativar os jovens para a prática e para o conhecimento do jogo. Para além disso, construímos no último ano cinco novos pavilhões nesta região, para que os mais jovens possam ter espaços e condições para praticar basquetebol quotidianamente. Fizemos um investimento de perto de 5 milhões de dólares nessa construção, mas julgamos que é essencial continuar a promover este trabalho, envolvendo os mais jovens, fazendo com que as suas vidas tenham sempre o basquetebol por perto.
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