A Final Four disputada no Pavilhão da Quinta dos Lombos foi uma grande jornada de promoção do Basquetebol Feminino. O Planeta Basket analisa os acontecimentos.
Paula Muxiri |
Engane-se quem tem por hábito menorizar o basquetebol no feminino. Todas as pessoas que passaram pela Quinta dos Lombos neste fim-de-semana poderão confirmar que espectáculo, emoção e qualidade técnica marcaram presença nos jogos disputados. A equipa da casa acabou por ser uma merecida vencedora, ao mostrar-se muito superior às suas adversárias. Para isso contribui o trabalho de José Leite, que pode muito bem ser considerado o melhor treinador português da actualidade.
A equipa da Quinta dos Lombos conjuga todos os aspectos que estão presentes no basquetebol moderno. Alimentando a equipa com um trabalho desenvolvido ao longo de anos nos escalões de formação, a contratação de Paula Muxiri e de duas norte-americanas de qualidade acrescentam experiência. Mas o segredo está na disponibilidade das suas atletas a sacrificarem-se pelo colectivo, para além da forma como José Leite recorre ao seu banco para manter um ritmo muito elevado durante toda a partida.
Olhando para as jogadoras portuguesas
Felicité Mendes |
Paula Muxiri está num invejável momento de forma e foi a jogadora em maior destaque durante o fim-de-semana. No entanto, o Quinta dos Lombos tem em Dora Duarte outra excelente jogadora, muito forte no lançamento exterior e com uma vontade de vencer invejável (partilhada, aliás, por toda a equipa). Na posição 1, a equipa da Linha de Cascais tem uma das grandes esperanças do basquetebol nacional, Felicité Mendes. É evidente que a jovem jogadora precisa de ter mais desafios. Revelando inteligência na condução do jogo, Felicité precisa de melhorar o seu índice de passe e de ganhar confiança quando tem que enfrentar jogadoras como Ticha Penicheiro.
Ana Oliveira |
Na equipa do Algés, Ana Oliveira foi a grande figura, sendo a melhor jogadora da equipa nas duas partidas. Com os problemas internos que têm dominado o quotidiano da equipa, Ana mostrou ser quem esteve mais disponível a dar a pele pela equipa, fazendo duas exibições de raiva. Boas impressões também para Ana Catarina Coelho que, saída do banco no primeiro dia, mostrou grande acerto no lançamento.
Nas equipas eliminadas nas meias-finais, também há que destacar algumas jogadoras. Havia alguma expectativa para ver como Diana Neves se apresentaria nesta competição, ela que se estreou este ano na Liga Portuguesa, depois de fazer a sua carreira na NCAA e na Austrália. Sendo utilizada preferencialmente na posição 2, Diana pareceu mais à vontade na posição 1, mostrando ter um ritmo de jogo superior às suas colegas. Ultrapassado o nervosismo no primeiro período, esteve nos melhores momentos do Boa Viagem e poderá ser opção para a Selecção Nacional ainda este ano. Nota de destaque para a poste Ana Sousa que, apesar de estar em evidente défice físico, já que esteve lesionada, mostrou movimentos que fizeram a diferença no jogo interior. Em melhor momento, poderia ter tornado a vida mais difícil às adversárias.
Última nota para o IP Porto. A equipa da 2ª Divisão não mostrou atributos suficientes para estar nesta fase, no entanto, a experiente Verónica Araújo mostrou ter condições para jogar num nível superior. Muito forte no jogo interior e com capacidade de tiro exterior, Verónica foi sacrificada a jogar os 40 minutos, o que a penalizou em demasia. No entanto, para a equipa do Porto, a jornada foi de festa, aproveitando uma oportunidade única de estar na fase final de uma grande competição.
Sementes para o futuro
Diana Neves |
É inegável que a vinda de Ticha Penicheiro para o Algés trouxe muita visibilidade para o basquetebol feminino. Mas tem ajudado, sobretudo, a criar condições para que novos talentos possam ter meios para crescer. É muito importante que os responsáveis tenham em consideração a oportunidade que está agora criada.
Continuar a oferecer condições para que os jovens talentos possam evoluir e conseguir ganhar experiência no exterior. Não esquecendo que, na actualidade, Portugal tem atletas que evoluem nas maiores competições mundiais (WNBA e Euroliga), apostar no basquetebol feminino deveria ser visto como estratégico para a afirmação do desporto no nosso país.
Esperemos que a fase final da Liga Feminina possa trazer tanto espectáculo como o que pôde assistir-se na Taça de Portugal. Seria o impulso necessário para abrir os olhos a quem tem deixado este barco evoluir à sua sorte.
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