Passo a explicar o título, antes de mais: creio que existirão poucas dúvidas de que este Bayern está a ser a melhor equipa europeia da época 2012/2013. Absolutamente avassaladora em todas as competições. Por outro lado, aparecem os melhores do mundo, profetas de uma doutrina de futebol belíssima e consagrados nos últimos 5 anos, tanto ao nível de clube como de selecções. A proposta futebolística não poderia ser mais apelativa…
Hoje defrontam-se dois clubes que, além de serem autênticos baluartes das regiões em que se encontram situados, são seguidos por milhões de fãs e que fazem com que esta meia-final de Liga dos Campeões seja um momento absolutamente global e com um impacto financeiro brutal. Bayern e Barcelona podem-se gabar disto tudo e da sua qualidade assombrosa, do seu futebol de posse, com muita qualidade e dinamismo, sobretudo do meio-campo para a frente.
Do lado bávaro, podemos esperar, seguramente, uma equipa menos mandona e mais controladora, mais disciplinada do ponto de vista táctico e tentando aproveitar os espaços que o Barça deixa em termos defensivos. Para isso, conta com uma ala esquerda veloz, dinâmica e tecnicista, constituída por uma locomotiva humana (Alaba) e um mago francês de origem magrebe (Ribéry). É sobretudo neste dinamismo constante e nas permutas posicionais que assenta o futebol ofensivo do Bayern.
Obviamente, do outro lado, temos o melhor lateral do mundo. Phillipe Lahm tem feito uma temporada absolutamente colossal. Vai à linha cruzar como quem muda de camisa, dá apoio permanente ao médio-ala e defende com grande qualidade. Diria que está a fazer a melhor época da sua carreira. À sua frente joga o holandês Robben, aquele velocista que nunca conseguiu explodir ao máximo na sua carreira. Ainda assim, formam uma ala direita igualmente perigosa. Antevejo problemas de maior para Jordi Alba esta noite…
Além disso, este Bayern é uma equipa que cria muito jogo a meio-campo. Hoje não podemos esperar, certamente, uma vitória no duelo contra o poderoso meio-campo culé. No entanto, a visão de jogo e qualidade de passe de jogadores como Schweinsteiger, Javi Martinez ou, quiçá, Luiz Gustavo poderá ser determinante. A maneira como um destes dois últimos homens equilibrará a equipa defensivamente será absolutamente fundamental para que o Bayern possa ter sucesso (não só hoje, como também na 2ª mão desta eliminatória). Depois atrás, além dos laterais, impecáveis quer a defender como a atacar, temos uma dupla de centrais que poderá passar um mau bocado com a estrela-maior da constelação barcelonista. Dante, central brasileiro forte e criterioso a dobrar os laterais, é certo na equipa inicial. Depois resta saber quem lhe fará companhia: o mais rápido Boateng ou o experiente e forte Van Buyten. Apesar de tudo, um destes dois poderá ser considerado, sem dúvida, o elo mais fraco do “onze” bávaro.
Naturalmente que, do outro lado, vai estar uma equipa que já joga de memória e que tentará, como sempre, assumir a despesa do jogo. Aliás, nem concebo um Barcelona a jogar de outra maneira. Agora, há diferenças entre jogar com bola, atacando de forma posicional e conseguindo ser objectivo no processo de construção ofensiva e jogar com ela, mas sendo uma equipa lenta, ruminante e com pouca capacidade de desequilíbrio (algo que o Barça já mostrou em jogos, até decisivos, esta temporada).
A dúvida passa por perceber que Barça teremos logo. A equipa deste ano mantém, indubitavelmente, a qualidade em termos de jogo ofensivo mas revela maiores problemas na transição defensiva, sobretudo na maneira como mostra menor incisão na hora de roubar bola em zonas adiantadas do terreno. Ou seja, a equipa mantém a pressão, mas não recuperando na frente e adiantando homens na mesma, abre brechas enormes no espaço defensivo.
Hoje, será uma noite determinante para os laterais Dani Alves e Jordi Alba. Terão seguramente uma das tarefas mais duras das suas carreiras. No entanto não serão somente os laterais a sofrer. Também os centrais poderão passar um mau bocado. Perspectiva-se titularidade do monstro defensivo Piqué e do recém-recuperado Abidal. Sobretudo para este último, marcar Gómez poderá ser uma tarefa efectivamente muito complicada. As movimentações inteligentes e o jogo físico do avançado alemão poderão criar um embaraço significativo à defesa culé. Caso joguem Mandzukic ou Pizarro, podemos esperar as mesmas dificuldades. Mais uma prova de como este Bayern consegue ser colossal…
Por último, importa falar do Barcelona que existirá do meio-campo para a frente. Busquets tem caído de forma mas tem aqui o jogo ideal para recuperar a aura. Xavi parece cansado mas a qualidade de passe, curto e longo, não desaparece. Depois temos os magos da condução de bola e da criação de espaços em progressão (Iniesta e Messi) e os velocistas (Alexis e Pedro). Uma equipa com um potencial brutal mas que, efectivamente, tem levantado algumas dúvidas nos jogos mais complicados da época (excepção feita ao embate contra o Milan em Camp Nou).
Em perspectiva, portanto, um jogo de uma dimensão brutal. Isto é pura Champions. Dois colossos, duas propostas de futebol belíssimas e jogadores de alto calibre. Apite Viktor Kassai e que a bola comece a rolar. O mundo anseia ver este divinal duelo…
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