Vários são os desafios que se colocam a quem pretende, nos nossos dias, discutir a formação de jogadores. Para começar, porque a medição do sucesso desta formação não é capaz de assentar unanimidade entre os vários intervenientes. Normalmente, os dirigentes dos clubes procuram medir o sucesso através dos resultados, enquanto os treinadores, sobretudo os mais envolvidos nos escalões jovens, compreendem que o sucesso passa por dotar o jogador de ferramentas que o ajudem a compreender o jogo e a executar dentro dessa compreensão ao mais alto nível possível. No entanto, o jogador também entra nesta equação e, pelo que se vai compreendendo pelos movimentos de jogadores em equipas que disputam os Nacionais de formação, a necessidade de exposição destes jovens - considerados, desde cedo, como ativos pelos respetivos agentes - acaba por introduzir mais um dado viciado.
Para se falar de formação, temos que ter em conta diferentes variantes. Para começar, tem que haver uma certificação de quem forma, algo que, no universo desportivo português, não existe. As Federações controlam o reconhecimento de capacidades de treinadores, mas estão de fora, no que toca a avaliar condições de equipamentos para a formação de jogadores. Em segundo lugar, para haver formação deveria haver, também, um plano de carreira que os jovens candidatos a jogadores profissionais seguissem. Esse plano seria definido pelas entidades formadoras certificadas (clubes), que internamente, consoante as suas necessidades, testariam o crescimento e o sucesso dos jovens atletas na passagem de cada etapa da sua formação. Em terceiro lugar, e consolidado a avaliação interna, deveriam as seleções, regionais e nacionais, refletir um segundo nível de avaliação, em que os mais aptos de cada escalão merecessem ser chamados a treinar num ambiente de maior exigência e, logo, escolhidos para competir nas diferentes provas internacionais.
Então, quando falamos de formação, estamos a falar de um plano concertado para potenciar determinadas qualidades e características em jovens jogadores, com vista ao seu aproveitamento a nível profissional. Os melhores passariam pelos grandes clubes nacionais e conseguiriam seguir carreira nalguns dos mais importantes campeonatos europeus, os restantes distribuir-se-iam, consoante a sua qualidade, pelos níveis seguintes de competição. A nossa seleção seria, sempre, uma escolha entre os jogadores que, a cada momento, estivessem no melhor das suas capacidades físicas, técnicas e psicológicas, respeitando uma variedade de desenhos táticos definida consoante as tendências do futebol mundial.
Na verdade, parece bem mais complicado do que seria se, no fundo, os diversos atores do nosso futebol se unissem em torno deste objetivo. O que, pelo que se vai observando pelos campos dos nossos campeonatos e pelas conferências de imprensa da nossa federação, não é o caso.
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