Passaram
menos de 24 horas da final da CAN 2013 e é tempo de fazermos um balanço do que
se passou na África do Sul.
África não
é, pelos nossos dias, o lugar onde se deverá ir à procura da magia do futebol.
Esta conversa voltou a estar na ordem do dia logo no início da competição, onde
uma sucessão de empates e jogos sem golos levou algumas vozes, menos habituadas
a acompanhar o futebol africano, a declarar pela enésima vez a morte do futebol
tradicional daquele continente.
No entanto,
há já muito tempo que o futebol africano não é caracterizado pela sua magia. A
generalidade das equipas baseia a sua principal força no físico, sendo que pela
primeira vez na história da competição nenhuma equipa do “Norte” conseguiu um lugar
nos quartos-de-final, facto que vem até reforçar esta ideia. Entre os quatro
semi-finalistas, todos os conjuntos tinham defesas fortes e médios de cobertura
que aplicam, como primeira opção, o seu corpo como arma para jogar a bola.
Mas para se
ser campeão na CAN, como em quase qualquer outro lado, é preciso ter craques. A
Nigéria foi a equipa que apresentou a melhor constelação de grandes jogadores.
Emenike, que merece uma oportunidade num campeonato mais acessível para quem
ama o futebol, terá sido a maior estrela da equipa, sendo que só a lesão que o
afastou da final poderá justificar o seu afastamento da lista de melhores
jogadores da competição. Victor Moses e Obi Mikel foram os líderes que se
esperavam, sendo que Oboabona, defesa-central, e Sunday Mba, médio ofensivo,
merecem rapidamente um novo olhar sobre o talento que aparece na Liga
Nigeriana.
Fora dos
quatro primeiros classificados, Cabo Verde merece uma verdadeira menção honrosa
pelo futebol praticado e pela atitude de um conjunto que fazia a sua estreia na
elite africana. Lúcio Antunes é, sem dúvida, um dos melhores técnicos do
continente, e na equipa dos Tubarões Azuis, Platini, Ryan Mendes, Babanco,
Nando e Vozinha merecem, cada um nas suas posições, uma nota de atenção para o
que poderão fazer ao nível de clubes. Curiosamente, Ryan Mendes é o único que
está, neste momento, numa equipa que poderá fazer multiplicar a atenção sobre o
seu talento. Vozinha, como já se sabia para quem seguia o Girabola, é mais uma
boa razão para espreitar o que acontece na Liga Angolana.
De uma forma
geral, o futebol africano está hoje muito mais próximo do europeu. Não daquele
que se praticam nas principais ligas, mas num nível intermédio baixo, onde a
presença de grandes craques ainda vai fazendo a diferença perante a força do
coletivo. As estrelas (Emenike, Pitroipa, Wakaso, Keita, Adebayor, …) foram
capazes de decidir as partidas mais equilibradas. O passo seguinte é conseguir
que esta melhoria técnica possa encontrar par nas competições de clubes,
sobretudo nas ligas nacionais, onde nem sempre que trabalha com a mesma qualidade
que tem sido possível às seleções.
Finalmente,
nota para os relvados e para a arbitragem. Sem dúvida, os dois pontos mais
fracos desta competição. A meteorologia não foi amiga da organização, com
largos períodos de chuva a tornar ainda piores relvados, já de si, muito maus.
Já quanto à arbitragem, parece realmente ser difícil explicar certas exibições
sem se recorrer à luz do favorecimento de algumas equipas em detrimento de
outras. E essa é a pior mancha que pode cair sobre a pureza do jogo.
Artigo publicado no site zerozero.
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