Entrevista com Pedro Teixeira, jogador do
ARS Palma, da Liga ASOBAL
|Luís F.
Cristóvão
Pedro
Teixeira é um dos dois jogadores portugueses a atuar na Liga ASOBAL, o
campeonato de andebol espanhol, onde se encontram em campo com alguns dos
melhores jogadores do mundo. Depois de em Portugal se ter sagrado campeão
nacional com a camisola do FC Porto, Teixeira transferiu-se para o ARS Palma,
onde no último ano alcançou a subida ao principal escalão.
Numa altura
em que a sua equipa luta para permanecer entre os mais fortes, falamos com
Pedro Teixeira sobre as diferenças entre o Andebol em Portugal e Espanha.
O Palma del Rio está, atualmente, no último
lugar da Liga Asobal. O que vai ser preciso fazer para escapar à descida de
divisão?
É uma
situação complicada a que enfrentamos. A solução passa por, agora que chegam os
jogos da nossa liga, fazer do nosso pavilhão uma força. Sabemos que ganhando 4
ou 5 jogos nos podemos salvar e, apesar de termos que pontuar fora de casa, é
fundamental que comecemos desde a fazer-nos fortes em casa.
Tens enfrentado alguns dos melhores
jogadores do mundo, no país que alberga a seleção e a equipa que venceram os
respetivos campeonatos mundiais. Quais as sensações de estar a jogar a este
nível?
É incrível
jogar a este nível. Cada jogo tem uma intensidade altíssima e joga-se com
estrelas mundiais ou com lendas desta modalidade a cada semana.
Existem comparações possíveis entre o
andebol que se joga em Portugal e o que se joga em Espanha?
Acho que
neste momento, a nível de clubes, o andebol que se joga em Portugal nas equipas
de topo não tem nada a invejar ao que se joga em Espanha. Deixando de fora desta
comparação o Atlético de Madrid e, principalmente, o Barcelona. Isso sim, os
recursos e apoios que as equipas espanholas têm estão muito por cima do que
existe em Portugal, apesar de terem vindo a baixar consideravelmente
Também na forma como se vive este desporto
imagino que sejam realidades diferentes. Como costuma ser o ambiente nos
pavilhões e que tipo de acompanhamento sentes da parte da comunicação social e
dos adeptos?
Por parte da
comunicação social, existe um grande acompanhamento a nível da imprensa local
das "suas" equipas. A nível nacional, não chega a ser tão importante
o seguimento como o do basquetebol, mas nota-se que Espanha vive o desporto de
outra forma. Isso nota-se também no pavilhão, apesar de não existir uma cultura
de andebol, as pessoas não deixam de ir ao pavilhão apoiar o clube da sua
terra, com um ambiente fervoroso.
Em Portugal, foste campeão nacional ao
serviço do FC Porto. A experiência acumulada em Espanha fez de ti um jogador
diferente?
Sim,
bastante diferente. Vim para Espanha com 20 anos e já passaram quatro. Aqui
tive muitos minutos de jogo com situações de grande pressão, e com o treinador
Cesar Montes evoluí bastante taticamente. Fisicamente, estou bastante mais
forte também, apesar das lesões que me afetaram este ano.
Finalmente, Portugal tem em ti e no Jorge
Silva dois jovens jogadores a atuar numa das mais fortes ligas do mundo. Como
justificas que nenhum de vós tenha lugar nas convocatórias da Seleção Nacional?
Como já
disse, o andebol português tem pouco que invejar em nível de jogo a Espanha,
existem excelentes jogadores a jogar em Portugal e estou convencido que à seleção
lhe esperam êxitos. Dito isto, claro que é um sonho jogar na seleção e estou
seguro que, tanto o Jorge como eu, estaríamos muito orgulhosos de a
representar. Para isso continuamos a trabalhar. Sem obsessão.
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