Caso vença hoje em Bilbau, o Real
Madrid poderá festejar o regresso aos títulos em Espanha, depois de
ter conquistado o último em 2008. Pelo meio, ficou o domínio do
Barcelona de Guardiola. Hoje é o dia de José Mourinho.
Depois de ter conquistado a Europa com
o FC Porto, a Inglaterra com o Chelsea e dominado em Itália com o
Inter (onde conseguiu, também, a sua segunda Liga dos Campeões),
José Mourinho aceitou aquele que era o maior desafio da sua
carreira. Treinar o Real Madrid, uma das maiores equipas do mundo,
com adeptos que exigem vitórias em todos os jogos, ainda para mais
num momento em que o seu maior rival, o Barcelona, era
incontestavelmente considerado como uma das equipas que melhor
futebol praticou na história, era uma tarefa de proporções
homéricas.
Durante a temporada passada, o objetivo
de bater o Barcelona parecia condenado ao insucesso. A equipa demorou
a assimilar as ideias do treinador português e as opções do
plantel também não davam espaço para a equipa do Real se bater, de
igual para igual, frente aos catalães. Ainda assim, uma vitória na
final da Taça do Rei permitiu à equipa ganhar fôlego para o que
poderia acontecer esta temporada.
O que se viu, no Real Madrid, foi a
transfiguração de um conjunto de jogadores num processo de
compreensão e submissão às ideias do treinador. Marcelo passou a
ser um lateral-esquerdo bem mais disciplinado do que no passado
(esteve quase com um pé fora do Real), Khedira e Ozil encontraram o
ritmo intenso exigido pelo futebol retilíneo de Mourinho, Benzema é,
hoje, um jogador totalmente diferente. Para além disso, a equipa
encontra em Coentrão, Di María, Kaká e Callejón alternativas para
se manter no topo durante grande parte da temporada, tendo em
Casillas, Pepe, Sérgio Ramos, Xabi Alonso e Cristiano Ronaldo a
trave mestra do seu onze.
Ultrapassando as dificuldades de uma
Liga Espanhola onde todos jogam contra os dois primeiros como se a
sua vida dependesse de um ponto conquistado nessas partidas, José
Mourinho viveu, na última semana, a alegria de dar o ímpeto final
para chegar ao título vencendo no terreno rival e a tristeza de
perder o acesso à final da Liga dos Campeões. Mas mesmo Mourinho
sabe que o caminho até ao topo é lento e cheio de dificuldades.
Esta noite, precisa de ganhar em Bilbau
para poder festejar, desde já, o título. No seu caminho, está o
Athletic de Marcelo Bielsa, um dos treinadores que inspiraram o
Barcelona de Guardiola. Há alguma ironia neste fato, mas Mourinho
nunca se esquiva a um bom desafio. Num estádio difícil, frente a
uma equipa que demora a bola em sua posse para chegar ao golo,
Mourinho olhará o relvado à procura dos espaços para que os seus
jogadores possam vencer. Para isso contará, uma vez mais, com
Cristiano Ronaldo, um jogador à medida do treinador. Sempre em busca
de se superar, sempre em busca de ganhar, ganhar de uma maneira mais
afirmativa do que no ano anterior.
Será essa a fórmula que a equipa
levará para a próxima temporada. Ganhar, outra vez, e ganhar
melhor.
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