A maior surpresa do mais recente plantel de Gordon Strachan foi a inclusão pela primeira vez de Ryan Gauld, médio-atacante do Sporting.
Após ter começado a sua carreira profissional com o Dundee United, o nome de Gauld é bem conhecido na Escócia e a sua transferência ao Sporting gerou bastante interesse.
Não é comum que um jogador escocês vá para fora da Grã-Bretanha para jogar, mas Gauld não é um jogador comum. Há muita esperança de que chegará a ser uma peça chave na seleção e já vimos na seleção sub-21 o que pode fazer. O miúdo de 18 anos é longe de ser um jogador tipicamente escocês e isso entusiasma os adeptos escoceses que frequentemente perguntam-me como correm as coisas para ele em Portugal.
O facto de não ter jogado nem um minuto na equipa principal do Sporting não é razão para estarmos preocupados – é entendido que Gauld é jovem e que ganhar ritmo na equipa B vai-lhe servir bem – mas é por isso que muitos ficaram surpreendidos de ler o nome dele na lista de Strachan para os jogos de qualificação frente à Geórgia e à Polónia.
No entanto, se olharmos com outra perspectiva, talvez não seja tão surpreendente. Seria uma verdadeira surpresa se Gauld participar nestes duelos; o plantel é grande (uns 27 jogadores) e não seria a primeira vez que Strachan incluiu um jovem apenas para lhe dar experiência com a seleção A e trabalhar com eles nos treinos.
Strachan sempre tem sido um treinador mais do que um seleccionador e segue assim; chamando tantos jogadores dá-lhe a oportunidade de trabalhar com um grupo maior e incluir uns jovens para conhecê-los.
Isto passou mais recentemente com Callum McGregor, médio-atacante de 21 anos do Celtic que começou a época atual de maneira ótima. Ele foi chamado para o jogo diante da Alemanha mas nem sequer foi incluído no banco de suplentes. Outros jovens chamados e não utilizados por Strachan no passado incluem Tony Watt (naquela altura do Celtic mas agora do Standard Liège) e Stuart Armstrong (do Dundee United). Há outros exemplos mas estes dois ainda não fizeram um jogo com a seleção A, embora seja esperado que serão jogadores internacionais no futuro.
Também no plantel atual fica Stevie May, avançado de 21 anos do Sheffield Wednesday (e ex-St Johnstone), que, como Gauld, está a marcar a sua primeira presença com os seniores e Strachan já falou na possibilidade de chamar um terceiro jovem se alguém baixar do plantel.
No fundo, todo isto quer dizer que é bom ver Gauld no plantel mas é importante mantermos realistas e não mal-interpretar a chamada dele. E se ficar fora do próximo plantel, não deveríamos pensar que decepcionou ou que baixou o seu nível ou a sua reputação.
Para Gauld, este é o primeiro passo do que esperamos será uma longe associação com a seleção, mas temos de estarmos pacientes e ter em conta que com apenas 18 anos ainda poderá jogar nos sub-21 para uns anos mais.
Strachan, pela sua parte, já se mostrou disposto a incluir jovens no grupo da seleção mas não tanto para apostar neles nos jogos. Porém, para já, é encorajador a ver que tem interesse em jovens promissores e a política de introduzi-los cedo ao plantel – antes que estejam prontos de jogar – poderia constituir um processo muito sábio. Com certeza tem sentido que se já conheçam os seus companheiros e como é a vida com a seleção A, será mais fácil para novos jogadores integrar-se quando é preciso que joguem, pois já estarão cómodos e saberão as tácticas e o que o treinador espera deles. Vamos ver como evoluirá a equipa, mas o pensamento de longo prazo de Strachan poderia trazer bons resultados para a seleção escocesa.
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