terça-feira, 17 de julho de 2012

Taiti, o novo campeão da Oceânia


|Luís F. Cristóvão



O Taiti já era a seleção, se excetuarmos Austrália e Nova Zelândia, com melhor currículo na prova maior do futebol da Oceânia. E se a saída dos Australianos para a Confederação Asiática abria uma nesga para que um país que não as duas forças dominantes pudesse, um dia, ganhar esta prova, a verdade é que poucos esperariam que fosse a maior ilha da Polinésia Francesa, com uma população de menos de 200 000 habitantes, a conseguir tal feito.

A Taça das Nações da Oceânia realizou-se nas Ilhas Salomão no início deste mês. A Nova Zelândia, campeão em título, com uma equipa muito próxima daquela que jogou o Mundial em 2010, entrava como principal favorita, mas começou logo na fase de grupos a demonstrar sinais de fragilidade, empatando com a equipa organizadora, depois de vitórias pela margem mínima frente a Fiji e à Papua Nova Guiné.


Por sua vez, no Grupo A, marcaram-se 44 golos em 6 jogos, em parte devidoà Samoa, que sofreu 24 golos, mas com muitos golos nos jogos que opuseram o Taiti, Nova Caledónia e Vanuatu. A surpresa começou a desenhar-se nas meias-finais, onde a Nova Caledónia, que havia terminado em segundo lugar no seu grupo, venceu a Nova Zelândia, graças a duas boas jogadas de contra-ataque. O Taiti confirmou o seu lugar vencendo as Ilhas Salomão e promoveu-se o reencontro entre duas seleções que tinham marcado 7 golos (4-3 para o Taiti) no jogo da fase de grupos.

Chong Hue, o herói da final

Steevie Chong Hue é o nome do marcador do golo que garantiu a vitória na final. O Taiti marcou cedo na partida, logo aos 10 minutos, numa bola que sobrou para os pés de Chong Hue depois de ter atravessado toda a área. Chong Hue é um bom exemplo do que costumam passar os jogadores do país. Contratado pelo FC Bleid-Gaume, da 3ª Divisão Belga, o jovem avançado não foi utilizado durante toda a época, aproveitando a presença na seleção para fazer os seus únicos jogos e golos oficiais da temporada.

O golo de Chong Hue valerá ainda a presença da equipa na Taça das Confederações 2013, um prémio do tamanho do mundo para um conjunto de jogadores amadores. O choque será imenso, até porque, o campo onde se disputou a Taça das Nações da Oceânia tinha apenas uma pequena bancada improvisada e apenas 10 000 pessoas assistiram, in loco, à final.


Assunto de família

Quinze dos golos marcados pela seleção do Tahiti têm um apelido comum, Tehau. Na verdade, são três irmãos (Jonathan, o mais velho, e os gémeos Lorenzo e Alvin) e um primo (Teaonui). Os três mais jovens, tal como Steeve Chong Hue, fizeram parte da seleção taitiana que marcou presença no Mundial Sub-20 em 2009.
Alvin Tehau, com 23 anos, é o único da família a já ter experimentado o futebol fora da ilha. Depois de uma primeira experiência na Liga Indonésia (onde representou o Atjeh United), Alvin viajou com Chong Hue para a Bélgica, onde também não se adaptou, algo que o fez regressar, já durante a temporada, ao AS Tefana, equipa que viu o título fugir para o AS Dragon, equipa daquele que foi considerado o melhor jogador do torneio.

O campeão que passou por Portugal

Chama-se Nicolas Vallar e é a grande referência do futebol desta seleção. Aos 28 anos, defesa central de formação, mas utilizado na zona intermediária pelo treinador Eddy Etaeta, Vallar nasceu em Papeete, capital do Taiti, mas fez a sua formação futebolística em França, no Angers e no Montpellier. Como profissional, estreou-se nas divisões secundárias, com a camisola do Sète, tendo depois passado pelo Penafiel (onde nunca chegou a fazer nenhum jogo oficial) e caído para divisões amadoras francesas. Em 2009, Vallar regressou ao seu país, capitaneando agora aquela que poderá ser considerada a melhor seleção taitiana de sempre.

Depois de garantido este título, o técnico Eddy Etaeta acredita num objetivo superior. Voltar a bater os seus adversários para conseguir garantir um lugar no Mundial. O gigantesco sonho tem agora uma base onde se suster. A partir de 2012, o Taiti pode festejar o feito de ser o mais pequeno país a conseguir ganhar uma taça continental.

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