O Taiti já
era a seleção, se excetuarmos Austrália e Nova Zelândia, com melhor currículo
na prova maior do futebol da Oceânia. E se a saída dos Australianos para a
Confederação Asiática abria uma nesga para que um país que não as duas forças
dominantes pudesse, um dia, ganhar esta prova, a verdade é que poucos
esperariam que fosse a maior ilha da Polinésia Francesa, com uma população de
menos de 200 000 habitantes, a conseguir tal feito.
A Taça das
Nações da Oceânia realizou-se nas Ilhas Salomão no início deste mês. A Nova
Zelândia, campeão em título, com uma equipa muito próxima daquela que jogou o
Mundial em 2010, entrava como principal favorita, mas começou logo na fase de
grupos a demonstrar sinais de fragilidade, empatando com a equipa organizadora,
depois de vitórias pela margem mínima frente a Fiji e à Papua Nova Guiné.
Por sua vez,
no Grupo A, marcaram-se 44 golos em 6 jogos, em parte devidoà Samoa, que sofreu
24 golos, mas com muitos golos nos jogos que opuseram o Taiti, Nova Caledónia e
Vanuatu. A surpresa começou a desenhar-se nas meias-finais, onde a Nova
Caledónia, que havia terminado em segundo lugar no seu grupo, venceu a Nova
Zelândia, graças a duas boas jogadas de contra-ataque. O Taiti confirmou o seu
lugar vencendo as Ilhas Salomão e promoveu-se o reencontro entre duas seleções
que tinham marcado 7 golos (4-3 para o Taiti) no jogo da fase de grupos.
Chong Hue, o herói da final
Steevie
Chong Hue é o nome do marcador do golo que garantiu a vitória na final. O Taiti
marcou cedo na partida, logo aos 10 minutos, numa bola que sobrou para os pés
de Chong Hue depois de ter atravessado toda a área. Chong Hue é um bom exemplo
do que costumam passar os jogadores do país. Contratado pelo FC Bleid-Gaume, da
3ª Divisão Belga, o jovem avançado não foi utilizado durante toda a época,
aproveitando a presença na seleção para fazer os seus únicos jogos e golos
oficiais da temporada.
O golo de Chong
Hue valerá ainda a presença da equipa na Taça das Confederações 2013, um prémio
do tamanho do mundo para um conjunto de jogadores amadores. O choque será
imenso, até porque, o campo onde se disputou a Taça das Nações da Oceânia tinha
apenas uma pequena bancada improvisada e apenas 10 000 pessoas assistiram, in
loco, à final.
Assunto de família
Quinze dos
golos marcados pela seleção do Tahiti têm um apelido comum, Tehau. Na verdade,
são três irmãos (Jonathan, o mais velho, e os gémeos Lorenzo e Alvin) e um
primo (Teaonui). Os três mais jovens, tal como Steeve Chong Hue, fizeram parte
da seleção taitiana que marcou presença no Mundial Sub-20 em 2009.
Alvin Tehau,
com 23 anos, é o único da família a já ter experimentado o futebol fora da
ilha. Depois de uma primeira experiência na Liga Indonésia (onde representou o
Atjeh United), Alvin viajou com Chong Hue para a Bélgica, onde também não se
adaptou, algo que o fez regressar, já durante a temporada, ao AS Tefana, equipa
que viu o título fugir para o AS Dragon, equipa daquele que foi considerado o
melhor jogador do torneio.
O campeão que passou por Portugal
Chama-se
Nicolas Vallar e é a grande referência do futebol desta seleção. Aos 28 anos,
defesa central de formação, mas utilizado na zona intermediária pelo treinador
Eddy Etaeta, Vallar nasceu em Papeete, capital do Taiti, mas fez a sua formação
futebolística em França, no Angers e no Montpellier. Como profissional,
estreou-se nas divisões secundárias, com a camisola do Sète, tendo depois
passado pelo Penafiel (onde nunca chegou a fazer nenhum jogo oficial) e caído
para divisões amadoras francesas. Em 2009, Vallar regressou ao seu país,
capitaneando agora aquela que poderá ser considerada a melhor seleção taitiana
de sempre.
Depois de
garantido este título, o técnico Eddy Etaeta acredita num objetivo superior.
Voltar a bater os seus adversários para conseguir garantir um lugar no Mundial.
O gigantesco sonho tem agora uma base onde se suster. A partir de 2012, o Taiti
pode festejar o feito de ser o mais pequeno país a conseguir ganhar uma taça
continental.
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