Na atual situação em que se encontra o país, será “normal” pensar que questões relacionadas com Marketing e Comunicação fiquem de lado no momento de alinhavar uma estrutura desportiva. Mas a rede concorrencial onde estamos inseridos obriga-nos a não descura esta importante faceta que poderá mesmo revelar-se decisiva para a sustentabilidade do nosso basquetebol num futuro próximo.
Comecemos, então, pela base. Quantos clubes de têm um elemento dedicado ao Marketing e Comunicação da secção de basquetebol? Infelizmente, os dedos de uma mão chegarão para contar esses casos. Aquilo que se vê são situações onde pessoas da estrutura vão mantendo blogues ou páginas de Facebook, destacando-se pela falta de cuidado na gestão das mesmas, intervalando momentos de muita atividade com outros quase de esquecimento das mesmas. Por outro lado, em estruturas maiores, também acaba por notar-se que a Comunicação da equipa de basquetebol é feita na lógica da estrutura clubística e não da especificidade da modalidade, acabando isso por não trazer grandes ganhos para o basquetebol. Então, o primeiro passo para podermos contar com um acréscimo de qualidade nesta área seria, em cada clube, destacar uma pessoa para assumir a responsabilidade de manter um blogue atualizado e respetiva presença nas redes sociais – conseguir isto será, logo à partida, um garante de visibilidade para atletas, colaboradores e patrocinadores.
A partir daqui, encontraríamos uma quantidade de informação disponível para alimentar a variedade de sites portugueses que se dedicam à modalidade. Temos, no basquetebol, uma quantidade de projetos de muita qualidade, onde se vão destacando o Ressalto, o PlanetaBasket, o Basketotal, o Basketpt ou o SeteVinteCinco, todos eles dedicados à modalidade e com diferentes formas de olhar o basquetebol. Eles precisam de ter nos clubes interlocutores para poder fazer crescer ainda mais a qualidade daquilo a que se dedicam. Por estranho que pareça, isso nem sempre é possível. Abrir, definitivamente, espaços de diálogo entre clubes e os projetos informativos é decisivo para fortalecer a divulgação da modalidade.
No que toca à imagem, é cada vez mais decisivo que os clubes possam disponibilizar fotografias e vídeos das suas equipas. Procurar que em alguns jogos possam existir pessoas que se dediquem a fotografar o encontro e os jogadores permitirá a criação de mais uma fonte de material para ser trabalhado nos diferentes órgãos de informação.
Esta é a resposta que os clubes podem dar numa situação de crise e de desinvestimento, apostando em abrir portas para aqueles que podem participar com as suas capacidades para divulgar a modalidade. E a Federação? O que pode fazer?
É fundamental que se compreenda que também a nível dos órgãos federativos se sentem todas estas dificuldades. No entanto, não se entende que a esse nível não se possa dedicar uma pessoa, em exclusividade, a gerir a informação disponibilizada pela Federação Portuguesa de Basquetebol. Um profissional poderia trabalhar na melhor gestão do site, promovendo a criação de canais de comunicação com os clubes, conseguindo que os resultados possam ser lançados num menor espaço de tempo. Na ligação com os clubes, e num esforço conjunto, poderá disponibilizar pequenos relatos dos encontros disputados, associando-os fichas de competição que existem no próprio site federativo. Numa boa gestão dos voluntários que têm vários projetos a nível informativo, o site da Federação teria também a obrigação de funcionar como um portal de divulgação desses mesmos projetos, promovendo a dedicação temática de cada um deles para um melhor acompanhamento das diferentes competições. Finalmente, uma melhoria do design e da navegabilidade do site é fundamental, não sendo aceitável que o mesmo mantenha a imagem que tem há tantos anos, perdendo na comparação com tantos outros sites de diferentes modalidades.
Finalmente, numa era onde temos acesso a jogos de basquetebol de todo o mundo a partir do nosso computador, é preciso que a Federação Portuguesa de Basquetebol e os clubes aproveitem ainda mais aquilo que o acordo com a Livestream permite. Termos acesso a imagens dos diferentes encontros é um ganho, mas é preciso subir o nível de exigência para que a modalidade aproveite todas as potencialidades. Um bom exemplo disso foi a Física TV, que nos últimos anos conseguiu manter as transmissões de jogos, junto com apontamentos gráficos que permitiam um melhor acompanhamento dos resultados e também um relato. Trabalhar no sentido de que cada transmissão possa ter este tipo de acompanhamento é essencial para alimentar o produto disponibilizado. Finalmente, promover a existência do jogo da semana, para o qual poderiam ser convocados mais meios, permitindo a sua transmissão num canal televisivo, trabalhando esse encontro como o de maior destaque nos diferentes meios de promoção.
Obviamente, a discussão não ficará por aqui. Mas o mais importante é, para lá de repisar as diferentes ideias, ter a capacidade de sentar à mesma mesa quem dedica parte do tempo da sua vida ao basquetebol, fazendo com que cada uma dessas pessoas possa dar o seu contributo para um projeto que deve ser razão de união de todas as sensibilidades: promover o basquetebol em Portugal.
Texto elaborado por convite do Movimento Relançar o Basquetebol.
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