Na noite chuvosa de ontem, ao fim de noventa minutos de jogo, Portugal percebeu que, afinal, há futuro para a selecção. Talvez alguns comentadores tenham ainda a nostalgia do discurso sobre tudo-menos-futebol-que-se-joga-dentro-das-quatro-linhas do Professor Queiroz, mas, na verdade, é dentro de campo que se demonstra o que pode ser feito pelo nosso futebol.
Paulo Bento chegou ao leme da selecção e a sua primeira opção foi colocar os jogadores nas posições onde podem render mais. Os resultados estiveram à vista de toda a gente. No fundo, não é preciso pensar muito para perceber que temos um guarda-redes de nível europeu em Eduardo, temos uma dupla de centrais de um dos melhores clubes do mundo, um lateral esquerdo que será um dos maiores do mundo logo que sair para jogar num campeonato competitivo e, pelo menos, duas sérias opções para jogar na lateral direita (João Pereira e Bosingwa). Para o meio-campo, temos um trio de trabalhadores-criadores de fazer inveja a muitas selecções. Meireles, Moutinho e Martins poderão não ser, individualmente, craques para a posteridade, mas têm todos uma dupla característica que é essencial no futebol moderno: qualidade técnica e capacidade de trabalho. Na frente de ataque, para além do melhor do mundo, temos um provável segundo melhor do mundo em Nani, e opções para ponta-de-lança como nunca tivemos antes, com a diversidade de poder escolher entre jogadores como Hugo Almeida (um pinheiro que corre), Postiga (na pressão e no jogo de equipa) ou ainda Liedson (se estiver em forma, é um oportunista de primeira). Para além do onze, temos ainda boas opções para o eixo da defesa e para o meio-campo.
Ou seja, andámos dois anos enganados a pensar que era o fim da selecção? Muito provavelmente, não. Neste momento temos conjunto suficiente para não depender de nenhuma estrela solitária (ao contrário do que pensa Queiroz) e a opção por Bento, um jogador e treinador de equipa, é a que faz mais sentido para conseguir retirar dos jogadores disponíveis o seu melhor.
No final do encontro de ontem, vários jogadores elogiaram os poucos dias com Bento, sempre com um sorriso nos lábios. Já não se via alguém sorrir com vontade na selecção há muito tempo.
Temos selecção.
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