domingo, 7 de setembro de 2014

Semana 1: Vida de treinador

| Luís Cristóvão

Durante a presente temporada vou tentar, a cada semana, fazer uma reflexão sobre o trabalho de treinador numa equipa de basquetebol. Os comentários, as ideias e as sugestões são desejadas, para que se alimente uma saudável discussão sobre os vários caminhos que podemos seguir. 




O início da temporada é uma espécie de regresso às aulas para os rapazes de uma equipa de Sub-14. Os primeiros dias vão servindo para trocar as experiências de verão e recuperar o convívio entre amigos a fazer algo que adoram fazer: jogar basquetebol. Sendo este um grupo que já estava formado da temporada anterior, as opções de treino visam, sobretudo, reativar os princípios daquilo que pretendemos para a nossa equipa. A generalidade dos exercícios desta primeira semana são já conhecidos dos jogadores que percebem, intuitivamente, o transporte dessa realidade para jogo.


Nesta idade, o verão é também sinónimo de mudanças físicas. Sem haver casos agudos na equipa, a generalidade dos jogadores ganhou peso e centímetros. Durante esta época essa será uma realidade bem palpável, havendo a necessidade de manter o olhar bem atento para as dificuldades que isso possa vir a causar a um ou outro jogador. O trabalho físico é feito, sempre, em atividade de jogo. Os exercícios têm bola em 95% das ocasiões e a intensidade que é exigida aos jogadores acaba por marcar o trabalho de resistência do qual esperamos vir a colher frutos ao longo da temporada.

Fundamental no início da temporada são as chamadas de atenção para o conhecimento do jogo. A aprendizagem que se faz observando e experimentando é muito importante para a tomada de decisões na partida. Durante cada treino, os treinadores têm a missão de alertar cada atleta para os pormenores que poderão fazer a diferença: a intensidade de um drible, a rapidez de um passo, o olhar como ponte de acesso à melhor decisão. Ao proporcionar-lhes o acesso aos jogos do Mundial tem também essa intenção: oferecer-lhes maneiras de verem como executam os melhores, de maneira a poderem ir introduzindo no seu jogo algumas dessas opções.

A época começou e os nossos sentidos e pensamentos começam a estar todos conectados no basquetebol. Não nos podemos esquecer, no entanto, que para além de atletas, temos perante nós pessoas em formação. A atenção para aquilo que são os seus interesses, a sua vida na escola e a sua descoberta do mundo é uma forma de tornar mais abrangente a experiência de poder viver-se na pele do treinador. Amanhã voltamos a treinar.


Publicado no BasketLab

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