No passado domingo, a elite da classe rainha do mundial de motociclismo deslocou-se até Alcaniz, Espanha, para mais um grande prémio. O quinto realizado na Motorland de Aragón.
Depois da enorme corrida realizada no asfalto de Misano, esperava-se outra festa em Aragón, porque também os espanhóis gostam de apoiar os seus pilotos, que constituem a maior parte do plantel de MotoGP.
A Motorland sempre foi um circuito dominado pela Honda Repsol, desde o seu primeiro grande prémio em 2009. E, para este fim-de-semana, esperava-se a continuação desse domínio… Um poder que se fez sentir esta temporada até à hora da corrida de domingom onde a chuva decidiu marcar presença e baralhar por completo aquelas que eram as previsões iniciais no que aos vencedores diz respeito.
Marc Marquez partia da «pole position» e com «ganas» de passar a linha de meta em primeiro lugar, pois essa vitória poderia significar um enorme passo rumo à conquista do segundo mundial de MotoGP. As condições climatéricas estavam instáveis, mas todos os pilotos arriscaram e iniciaram a corrida com pneus «slicks» – adequados a piso seco. Dada a instabilidade meteorológica, e caso começasse a chover, os pilotos poderiam regressar às boxes e trocar de moto, devidamente preparada para uma corrida à chuva.
Esta corrida foi o verdadeiro sinónimo do ditado que diz «tudo pode mudar de um momento para o outro». A vitória que estava dada como garantida acabou por não se verificar. Estratégia errada e que os adversários directos souberam aproveitar na perfeição.
Com o início da chuva, o asfalto depressa se transformou num mini-lago e era obrigatório mudar de moto e pneus. Nunca nenhum pneu «slick» aguentou 10 voltas em piso molhado. A maior parte dos pilotos optou por parar e mudar de moto. Menos Pedrosa e Marc Marquez. Os dois pilotos espanhóis, e da equipa Honda Repsol, foram até ao limite na esperança de que conseguissem terminar a corrida com a mesma moto que a iniciaram. Um erro de amadores, dadas as condições com que tinham que lidar.
Os dois pilotos tinham objectivos bastante diferentes, que os levaram ao limite. Marc Marquéz com o desejo de quebrar recordes atrás de recordes e aumentar a vantagem na classificação do Mundial, e Dani Pedrosa a querer provar que consegue vencer uma corrida de MotoGP. Mas nem os maiores sonhos merecem tanto risco: para além dos pontos perdidos, os pilotos poderiam ter saído da MotorLand com lesões e o campeonato terminado.
Mas a verdade é que corridas como esta de Aragón se ganham em pequenos detalhes. E Jorge Lorenzo, o piloto da Movistar Yamaha, foi o rei desses detalhes. Soube efectuar a sua paragem nas boxes na altura certa, e depois das quedas dos seus adversários, soube aproveitar essa preciosa vantagem e conseguir alcançar a sua primeira vitória na temporada de 2014. A última vez que o piloto espanhol tinha subido ao lugar mais alto do pódio tinha sido em Valência, no último Grande Prémio de 2013. Talvez tenha sido um golpe de sorte ou o factor chuva que veio mudar o rumo desta corrida. Mas a verdade é que não se pode tirar mérito ao piloto espanhol, que lutou para chegar ao lugar mais alto do pódio.
Este fim-de-semana, veio confirmar as mudanças na classe rainha. Se tivemos uma primeira parte do campeonato dominada por Marc Marquez, onde este conseguiu adquirir uma preciosa vantagem naquele que é o seu objectivo principal, a segunda parte do Mundial veio provar-nos que nada é para sempre. E que podem existir mais pilotos com capacidades para vencer corridas. Mas ainda bem que assim o é, porque os apaixonados das duas rodas querem um campeonato cheio de adrenalina, curvas apertadas, ultrapassagens perigosas, ao invés de batalhas monótonas.
A elite do mundial de duas rodas vai viajar até Motegi, Japão, para aquela que é a tournée asiática e os últimos grandes prémios desta temporada. O Mundial está ao rubro, e as emoções no mais alto nível.
Coloquem o cinto, e esperem pela viagem até Motegi, onde, de certeza, seremos brindados com mais lutas, mais mudanças e mais momentos surpreendentes.
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