quarta-feira, 28 de setembro de 2011

A anatomia dos golos

Saber ver começa por saber olhar. Ter apenas uma dessas qualidades não chega. Muito menos quando jogas como defesa-central. No jogo da Liga dos Campeões entre o Bayern Munique e o Manchester City, a anatomia dos dois golos germânicos explica, a um nível básico, a diferença entre estes dois momentos.

Comecemos pelo primeiro golo.


Há uma imagem inicial, quando Franck Ribéry tem a bola controlada do lado esquerdo do seu ataque, ainda antes de ter cortado para dentro com uma mudança de velocidade, que denuncia o erro posterior dos defesas do Manchester City. Todos eles estão de olhos na bola, certamente conscientes da posição dos seus adversários directos, mas todos muito afastados desses adversários. Isso pode dar a entender que eles estariam à espera de uma penetração pelo meio, embora não fosse certo qual o jogador do Bayern que iria avançar.


A primeira má notícia para a defensiva do Manchester City. Todos penetraram. O primeiro ímpeto da defesa foi recuar para proteger a sua baliza, mas acabaram por dar espaço para o corte de Ribéry para dentro. O francês fica com todo o espaço frontal à sua disposição, podendo optar pelo remate ou pelo passe para um dos seus colegas que, neste segundo momento, já apostavam tudo no desposicionamento da defensiva adversária.


Quando a bola chega à área, o Bayern tinha conseguido uma situação de 3x3 na zona de golo. Impressionante é observar que todos os jogadores da equipa da casa estavam em melhor posição para chegar à bola do que os defesas do City. Joe Hart ainda faz uma defesa do outro mundo, mas Gómez não iria perdoar.



No segundo golo, o Bayern não precisou sequer de criar uma situação de equilíbrio entre os jogadores presentes na área adversária.


A opção de Heynckes foi das mais básicas, podendo ser observada em todos os campos de futebol onde existe um ponta-de-lança. Colocá-lo em posição de fora-de-jogo posicional no momento da marcação de um livre. Seis defesas do Manchester City não chegaram para parar este movimento.


Primeiro, porque há um princípio de pânico na equipa de Mancini que é difícil de entender. Os jogadores, como no primeiro golo, têm como primeira opção descer a linha ao máximo, para só num segundo momento pensar que poderiam explorar o posicionamento do jogador mais avançado do Bayern. Com isso, acabam por colocar em jogo, milimetricamente, Mário Gomez (sim, é discutível, mas aceitemos a possibilidade de acerto do árbitro assistente).


Resultado, uma vez mais, três jogadores do Bayern na zona de golo, todos à frente dos cinco defesas do City designados para os defender.

Saber ver começa por saber olhar. Tanto dentro das quatro linhas como no momento de observar um adversário. Mancini sabia como o Bayern se movimentava, mas não soube preparar os seus atletas para essas movimentações. A anatomia dos golos, essa, não mente.

segunda-feira, 19 de setembro de 2011

JOÃO PEREIRA AND THE DILEMMA OF LUNGS VERSUS BRAIN


Paulo Bento, the Portuguese national coach, recently caused dismay in some quarters when he persisted with João Pereira as his first choice for the right back spot in the Selecção. The Lisbon native’s career has had too many ups and downs for all and sundry to accept his place, particularly with Sílvio and Bosingwa as competition. This is exacerbated when performances for his club, Sporting, are often marred by inconsistency. For all this, I invite you to look at the way João Pereira plays.  
Toughness, pace, aggression. Three adjectives that are easily associated with the Leões number 47. All three were already in his DNA when, in 2003, he first appeared at Benfica. Pereira was, in fact, one of few players in the last decade who progressed directly from the youth ranks to first team at Estádio da Luz.

sexta-feira, 16 de setembro de 2011

SPORTING AND THE LOURINHÃ DREAM


It is surely a dream of many non-league supporters. To wake up one day and have their little-known team stuffed full of bright young prospects from one of the most acclaimed academies in the world. It might not happen often, or almost never. And I say almost, because it happened once. In Lourinhã, a small town near Lisbon.
Sporting Clube Lourinhanense was founded in 1926 and spent most of its history in Lisbon’s District Non-League Championship. In the 1990’s, Lourinhanense clawed their way up to the national league, competing in the Segunda and Terceira Divisão (the Portuguese equivalents of League One and League Two). It was a project initiated by a group of men who tried to put their town’s team on the map, benefiting from the local Mayor’s help. 

quarta-feira, 14 de setembro de 2011

O gigante olímpico


Algumas das mais belas páginas da história do futebol mundial foram escritas por homens que se entregaram ao jogo da bola com paixão e fervor, sem que nada lhes fosse oferecido em troca. Essa história é, em certa medida, a história de Takaji Ono. Takaji, como todos os japoneses que foram filhos da Segunda Guerra Mundial, pouco mais tinha com que ocupar o seu tempo se não fosse jogando. E se alguns imitavam os americanos do Baseball, outros, como Takaji, preferiam correr atrás de bolas feitas de trapos velhos, não imitando ninguém que eles tivessem alguma vez visto. Apenas sonhando com esse jogo, o futebol, que corria mundo e chegava, tímido, ao Japão.
Não havia, na altura, competição organizada no país. Essa chegaria apenas em 1965. As equipas, amadoras ou, menos que isso, pequenos grupos informais de amigos que se juntavam para representar esta ou aquela rua, organizam torneios que eram disputados em campos improvisados no meio das cidades. Takaji Ono, vivendo na cidade de Kawasaki, participou em inúmeros destes torneios até ser convidado a integrar a equipa do NKK Football Club, um clube que, ao tempo da organização do primeiro campeonato japonês, foi integrado na segunda divisão nacional.
Takaji tinha, na altura, 23 anos. Era um defesa forte, beneficiando de dois factos que o faziam ser notado entre os seus colegas de equipa: primeiro, sendo o seu pai um bem estabelecido fotógrafo da cidade de Kawasaki, tinha contactos e posses suficientes para que em casa nunca tivesse faltado alimento; segundo, a sua família trazia, nos genes, a marca dos homens mais altos da cidade, tanto que Takaji não era excepção, com o seu metro e oitenta e sete. Não era um jogador muito dotado, mas extremamente eficaz no corte de bola e no seu rápido lançamento para o ataque.
Takaji fez parte da equipa que ganhou a primeira Taça Shakajin, em 1965, e depois da equipa que conseguiu a promoção à primeira divisão japonesa, em 1967. O seu primeiro ano na principal liga do país foi tão pleno de sucessos que acabou convocado para participar nos Jogos Olímpicos de 1968, realizados na Cidade do México. O historial da selecção japonesa era pobre, quase inexistente. Nunca tinha estado num Mundial de Futebol, nem numa Taça da Ásia. As suas experiências internacionais resumiam-se aos Jogos Olímpicos, com três presenças, seis jogos, com o inexpressivo balanço de duas vitórias e quatro derrotas, oito golos marcados para vinte e dois sofridos.
Num torneio onde vários outros países sem história lutavam contra alguns dos melhores países do mundo, o Japão não teve muita sorte no seu sorteio. Ainda assim, no seu primeiro jogo, contra a selecção da Nigéria, o Japão entrou dominador e venceu por 3-1. No segundo encontro, contra uma equipa de jovens brasileiros, um golo nos últimos minutos deu um empate inesperado. Chegados à última jornada, e com o empate a zero a servir os intentos de japoneses e espanhóis, assistiu-se a noventa minutos de passes para o lado, à espera da segunda fase. A equipa japonesa, com Takaji Ono no onze titular, conseguia um inesperado apuramento.
Nos quartos-de-final, contra a França, o Japão terá feito a sua melhor exibição na competição. Os franceses, ainda que apresentando uma equipa mista, tinham vários jogadores com experiência em competições internacionais, nos campeonatos europeus de clubes e na competitiva liga francesa. Os japoneses entregaram-se ao encontro com a bravura dos momentos únicos. Com o marcador a registar um empate a um golo no intervalo, a segunda parte foi dominada pelos bravos amadores nipónicos, que conseguiram aquele que foi considerado o mais importante resultado do futebol do país do sol nascente durante décadas, uma vitória por 3-1. Na meia-final, contra os dominadores húngaros, e registando uma grande carência física, os japoneses viram-se vergados ao melhor futebol dos europeus e perderam por 0-5.
O dia 24 de Outubro de 1968 teria ficado na história do futebol mexicano se se tivesse vindo a cumprir a expectativa de todos os mexicanos: a vitória fácil do seu país sobre uns japoneses fisicamente muito fragilizados. Mas os rapazes mexicanos tinham ficado bem desmoralizados com a derrota nas meias-finais, frente à Bulgária. Assim, a disputa da medalha de bronze ficou marcada na história com duas grandes exibições. Ono, na defesa, a limpar todas as tentativas de ataque mexicanas, e Kamamoto, no ataque, a marcar por duas vezes, juntando a medalha ao título de melhor marcador do torneio. Ficava assim garantido o primeiro pódio da Selecção do Japão numa competição internacional.
Quanto a Takaji Ono, a sua carreira futebolística nunca mais voltou a ter tão altos voos. Regressado a casa, disputou apenas mais três campeonatos com a camisa do NKK. O seu pai carecia de cada vez maior apoio, na gestão da loja de fotografia, e Takaji dividia o gosto pela bola com o gosto pelo laboratório fotográfico. O futebol japonês começava também, no início dos anos setenta, a experimentar a entrada no profissionalismo, algo que  não atraía o bom gigante de Kawasaki. E assim acabou por abandonar o jogo da bola, sendo que, em algumas tardes de domingo, ainda era possível encontrá-lo entre os jovens da sua rua, a disputar uma partida com a equipa do bairro vizinho. 

O caso João Pereira


Terá causado algum espanto a afirmação do seleccionador nacional, Paulo Bento, defendendo João Pereira como a sua primeira opção para o lugar de lateral direito da equipa portuguesa. O percurso deste lisboeta tem tido demasiados altos e baixos para que se aceite, de bom grado, a sua titularidade indiscutível numa equipa onde concorre com Sílvio e Bosingwa. Ainda mais quando as suas prestações no clube, Sporting, tantas vezes estão marcadas por alguma inconsequência.  Por tudo isto, convido-vos a olhar para a forma de jogar de João Pereira.

Combatividade, velocidade, agressividade. Três características que qualquer um associará ao número  47 dos leões. Tudo isto estava já no seu ADN quando, em 2003, apareceu na primeira equipa do Benfica, clube onde se formou. Pereira foi, aliás, dos poucos jogadores que passaram directamente dos escalões de formação à primeira equipa da Luz nos últimos dez anos.

Depois de ter sido aposta com Camacho e Trapattoni, a chegada de Ronald Koeman retirou espaço ao jovem jogador, que acabou por sair para o Gil Vicente. A dificuldade que João Pereira apresentava para manter alguma concentração competitiva (e não se perder em discussões inúteis com árbitros e adversários) não agradava, obviamente, ao técnico holandês.

Em duas épocas, João Pereira passou de campeão nacional para jogador de segunda divisão. Poucos acreditariam na sua recuperação para o futebol de primeira linha, mas as boas exibições ao serviço da equipa de Barcelos valeram-lhe um lugar no Sporting de Braga. A equipa bracarense tem sido, nos últimos anos, lugar de autênticos milagres na recuperação de jogadores. Não foi só o clube que cresceu para lutar pelos primeiros lugares da Liga Portuguesa e até por um título europeu. Fê-lo, muitas vezes, com dispensados e ignorados pelos grandes.

Pereira foi um desses casos. Duas épocas e meia com a camisola “arsenalista” valeram-lhe um contrato com o Sporting. Os seus primeiros meses em Alvalade não foram fáceis. As dúvidas dos adeptos e uma expulsão aos sete minutos de jogo na meia-final da Taça da Liga fizeram crescer as questões quanto às capacidades de Pereira para jogar numa equipa grande. Mas o facto de, na época seguinte, ele ter sido dos poucos jogadores a escapar, mais ou menos incólume, à péssima época da equipa, valeu-lhe o perdão dos adeptos e a braçadeira de capitão.


Onde ter o cérebro e onde ter o pulmão

Mas porque é que a acção de João Pereira parece, tantas vezes, inconsequente, nos jogos do Sporting? A movimentação típica de saída de bola da equipa leonina passa por ter a bola no topo da área, nos pés de um dos defesas centrais. O passe seguinte sai, invariavelmente, para uma das linhas. Em Paços de Ferreira, na primeira parte, o passe saiu quase sempre na direcção de João Pereira, dado que a presença de Ínsua no lado oposto era ainda um corpo estranho à equipa.

Ao receber a bola, João Pereira opta, quase sempre, por correr com ela dominada, pela linha direita ou descaindo, levemente, para o centro. Essa subida acaba, muitas vezes, chocando contra uma primeira linha defensiva adversária, perdendo-se a bola ou causando algum pânico na forma como ela é recuperada por um dos outros jogadores do Sporting. Este fim-de-semana, foi possível ver Pereirinha, muitas vezes, ficar atrás de João Pereira, numa troca de papéis, ou mesmo ficar parado apenas a olhar para a progressão do capitão. O mesmo acontece  com os médios centrais. Rinaudo e Schaars acompanham a velocidade de Pereira com o olhar e sente-se que o corpo de equipa não aproveita aquela progressão em condições.

Ou seja, na equipa do Sporting, por ausência de um cérebro que pense o jogo (Elias poderá resolver essa questão, com o tempo), é o pulmão que puxa a equipa para a frente, com evidente escassez de resultados.

Nos jogos da selecção, quando a bola chega aos pés de Pereira, o cérebro da equipa (tripartido entre Meireles, Moutinho e Micael) move-se para abrir linhas de passe, para além de ter Cristiano Ronaldo na sua frente, opção mais do que fidedigna para absorver a bola no final da progressão de João Pereira. Com uma equipa diferente, sobretudo ao nível da organização em campo, uma mesma acção de Pereira tem resultados perfeitamente distintos. Ou seja, quando o pulmão funciona dirigido por um cérebro, a lógica e os resultados positivos imperam.


O caso João  Pereira – um resumo

João Pereira é, na minha opinião, um caso muito habitual nas faixas laterais. Jogadores com uma técnica aceitável, com velocidade e com uma postura aguerrida, enquanto estão no seu processo de formação, são utilizados como extremos. No entanto, com a chegada ao nível profissional, a sua técnica não é suficiente para fazer a diferença nos terrenos mais avançados – sobretudo nas equipas ditas grandes – e acabam por vir ocupar lugares nas laterais.

A falta de alguma cultura táctica é, quase sempre, substituída pela vontade que apresentam na disputa da bola. No entanto, é necessário um enquadramento dessas características no funcionamento global da equipa. Casos de sucesso são os de Fábio Coentrão no Benfica de Jorge Jesus, ou de Marcelo no Real de Mourinho. No caso de Jorge Jesus, Coentrão é mesmo um jogador acima da média, sendo que as suas subidas no terreno faziam com que um mesmo jogador pudesse ocupar duas posições em campo. A estrutura da equipa estava, aliás, preparada para isso. No caso de José Mourinho, a opção passa por integrar Marcelo na progressão colectiva da bola, sendo por isso que o vemos aparecer tantas vezes em posição de finalização, no centro da área. Marcelo sobe, não como lateral, mas como jogador do meio-campo (Coentrão está a ser treinado para fazer, exactamente, o mesmo).

 A validade da utilização de João Pereira na equipa do Sporting dependerá da forma como Domingos preparar a equipa para o ter como seu lateral. Mas é imprescindível que seja ele a jogar para a equipa e não a equipa a jogar para ele. Na verdade, a anatomia diz-nos que o pulmão tem que obedecer ao cérebro, por muito essencial que a sua função pareça no regular funcionamento da organização. E isso aplica-se, de igual forma, ao corpo humano e a uma equipa de futebol.


segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Primeira jornada, primeiras surpresas

Márcio Sousa (Tondela)
No início do Campeonato da 2ª Divisão Nacional, nem todos os favoritos tiveram a sorte de entrar a vencer. O caso que merece maior destaque é o do Padroense que, depois de ter ficado às portas da subida, começa a nova temporada perdendo pontos em casa, frente ao Anadia.

O herói da jornada chama-se Hélder Ferreira. O avançado de 33 anos, e largo currículo nas divisões secundárias, marcou os dois golos que deram vantagem ao Anadia em Padrão da Légua. Só a reacção dos da casa evitou que a perda do Padroense atingisse maiores proporções (2-2). Também na Zona Centro, destaque para o Tondela, que viajou até Oliveira do Bairro e garantiu uma excelente vitória (1-2), com Márcio Sousa a bisar. Também conhecido como Maradona, Sousa era dos jogadores mais prometedores da geração de 86, mas apesar de ter tido contratos profissionais com FC Porto e Deportivo da Corunha, é no Tondela que tem tido lugar para demonstrar a qualidade do seu futebol. O bom começo poderá augurar uma oportunidade num nível superior.

Na Zona Norte, outro jogador que chegou a aspirar a altos voos, António Livramento, foi o marcador do golo que deu a vitória do Desportivo de Chaves (1-0) na recepção ao Macedo de Cavaleiros. A equipa flaviense teve alguns problemas na pré-época, mas entra da melhor forma numa competição onde os restantes candidatos ficaram por empates. Aliás, a Zona Norte quase esqueceu o que é marcar golos, visto que nas oito partidas disputadas, apenas por nove vezes a bola tocou as redes, sendo que nenhuma equipa conseguiu repetir o feito.

O grande jogo da jornada opunha, em Torres Vedras, dois dos mais fortes candidatos à subida na Zona Sul. O Torreense acabou por vencer a partida frente ao Fátima (1-0), com o golo dos homens da casa a ter sido marcado por Pedro Alves, na consequência de um canto directo.

A nota negativa da jornada vai para o adiamento do encontro do Boavista que, mais uma vez, se debate com problemas para conseguir inscrever a sua equipa. A semana passada, o presidente Álvaro Braga Júnior dava conta da ausência de dinheiro que pudesse permitir uma resolução rápida, sendo que estará dependente de acordos com os jogadores/credores a possibilidade da equipa do Bessa se estrear em Gondomar na próxima jornada.

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

THE FIRST HAND OF GOD


We all remember 1986, when Diego Armando Maradona used the Hand of God to score against England in the World Cup quarter-finals, but in my home town, a handball goal has been part of the history of Grupo Desportivo Serra da Vila since 1972.
In a country dominated by the Salazar regime (a populist right wing dictatorship which only ended in 1974), football was one of the ways to (re)unite people. Football tournaments could be found in every county, with the teams of each village competing. Torres Vedras (best known for the Lines of Fortresses that halted the Napoleonic Invasion at the start of the 19th century) was no exception.

A 3ª Divisão - Séries E, F, Madeira e Açores



Depois da viagem pelas séries geograficamente colocadas no Norte e Centro de Portugal continental, olhamos agora para o Sul e Ilhas. Nomes históricos, descendentes de craques, antigos craques a caminho da reforma, treinadores em projecto, encontra-se de tudo um pouco neste brilhante campeonato.

Aqui está o nosso photomaton das séries E, F, Madeira e Açores:

Série E

Tradicionalmente uma das séries mais difíceis da 3ª Divisão por agrupar equipas das Associações de Lisboa e Setúbal. À partida, muitos favoritos. Os despromovidos Casa Pia, Real Massamá e Eléctrico, o Sintrense, que se reforçou em experiência, e o Sacavenense, que na época passada esteve na luta pela subida.  Muita atenção, no entanto, ao Pêro Pinheiro. Patrocinado pela Janotas & Simões, que há pouco tempo colocou o Igreja Nova na 2ª Divisão, os campeões distritais de Lisboa terão poder de fogo para estar nos lugares. Restam ainda históricos como o Elvas, o Futebol Benfica e o regressado Montijo (que agora se chama Olímpico e é treinado por Fernando Mendes) para animar uma série sobre a qual deverá cair a nossa atenção.

Velhos Conhecidos: Glaedson (Elvas), Tiago Lemos e Paulo Sérgio (Sintrense), Paulo Graça e Gisvi (O. Montijo), Jorge Cordeiro e Nuno Abreu (Oeiras)

Radar Jovem: Rui Janota (Pêro Pinheiro) e dois descendentes de famílias do futebol nacional, Cláudio Futre (O. Montijo) e Martim Águas (Casa Pia). Atenção especial a Martim. O pai, Rui, também começou por baixo e chegou ao topo. Poderá este jovem avançado repetir a façanha no Séc. XXI?

Série F

O Farense está de volta à 3ª Divisão e quererá regressar rapidamente ao escalão superior. Para isso terá que superar duas equipas que se reforçaram com vista ao mesmo objectivo, Sesimbra e Fabril do Barreiro. Lagoa, Esp. de Lagos e Pescadores poderão comparecer numa luta onde poderá haver uma equipa alentejana. Habitualmente com menos recursos que os seus opositores, resta sempre alguma esperança que uma equipa do Grande Alentejo possa aparecer tentar correr até aos principais escalões do nosso futebol.

Velhos conhecidos: Caniggia (Farense), Catarino (Fabril), Ricardo Aires (Pescadores) e Manuel do Carmo (Redondense).

Radar Jovem: O guarda-redes do Olhanense emprestado ao Quarteirense, Leandro Turossi, é uma das promessas a evoluir neste campeonato. Na mesma equipa, e para quem gosta de “pinheiros”, Nicola Zugic, com apenas 21 anos e mais de 2 metros de altura.

Série Madeira

Depois de uma razia na época passada, com três equipas da ilha a caírem da 2ª Divisão (Caniçal, Andorinha e Pontassolense), e de algum desinvestimento em jogadores chegados do continente (a Série Madeira veio trazer o realismo aos clubes locais), espera-se algum equilíbrio numa série onde o Portosantense parece ser o clube com mais condições para terminar em primeiro lugar. As equipas que desceram terão, claro, uma palavra a dizer, embora o Pontassolense pareça ser quem tenha mais estrutura para se atirar a um regresso ao escalão superior. Atenção para o clube com um dos melhores nomes da 3ªDivisão, o Bairro da Argentina. Para os curiosos, sim, equipam como a selecção celeste!

Velho conhecido: Agrela (Pontassolense)

Série Açores

O Praiense não quererá ficar muito tempo neste campeonato ignorado por quase todo o país, onde dez bravas equipas se enfrentam entre si (e alguns fenómenos naturais) para que apenas uma delas ganhe um bilhete para a 2ª Divisão. A equipa da Praia da Vitória reforçou-se para evitar o destino de dois anjos caídos do futebol açoriano, União Micaelense e Lusitânia. À partida serão estes os dois principais adversários dos despromovidos, ainda que Santiago e Boavista de São Mateus queiram repetir as boas campanhas da época passada.

Velhos conhecidos: Mamadi (Lusitânia) e Seninho (Guadalupe).