quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Guidetti conquista Glasgow

| Andy McDougall



Tem a camisola nove e já marcou dez golos em onze jogos; o avançado sueco John Guidetti, emprestado do Man City, está a brilhar em Glasgow e os adeptos dos Bhoys já sonham com a possibilidade de que a transferência torne-se permanente, seja em Janeiro ou no verão a custo zero.
Entre os dez golos há três livres e um penalti. Este jovem pode fazer qualquer tipo de golo mas o seu jogo tem mais do que apenas os golos. Recebe e proteja bem a bola, é forte fisicamente, combina bem com os colegas e tem capacidade de criar espaço para ele mesmo.

Não é exagerar dizer que o Celtic não teve um avançado de tal qualidade desde há muito tempo. Nos últimos anos haviam alguns bons goleadores, como McDonald e Hooper mas eles foram jogadores um pouco limitados; no fundo, dentro da grande área foram muito uteis mas ofereceram pouco mais e não deram para jogar como o único ponta-de-lança, como pode ser necessário frente às equipas com mais recursos na Liga dos Campeões.   

Também haviam outros que ofereceram outras coisas, mas que também faltava algo chave. Kenny Miller foi muito trabalhador mas nunca marcou golos com regularidade. Jan Vennegoor of Hesselink foi muito bom no ar e marcou bastantes golos mas teve uma mobilidade muito limitada. Giorgios Samaras foi capaz de fazer grandes coisas mas poucas vezes fê-las e não foi grande goleador. 

Jogadores atuais Anthony Stokes e Leigh Griffiths podem fazer golos na Escócia mas simplesmente não tem a qualidade para marcar a diferença nos jogos mais difíceis, e também não parecem, especialmente no caso do primeiro, serem capazes de jogar como o “9” sozinho.    

Guidetti por outro lado parece ter golos e é um jogador mais completo. Tem todas as condições para ser um herói no Celtic se o clube conseguir segurá-lo ao longo prazo. Tendo em conta que o seu contrato com o City acaba no verão que vem, isto não é impossível.

Para dar algum contexto à importância de Guidetti ao este Celtic, alguns já fizeram comparações ao mítico Henrik Larsson, ou seja, dizem que Guidetti pode ser o melhor avançado no Celtic desde o seu compatriota que ainda é celebrado pelos adeptos dos Hoops. Talvez se esqueçam de Craig Bellamy e Robbie Keane, ou talvez não. Além disso, alguns já questionam se o Celtic depender demasiado em Guidetti e os seus golos.

Provavelmente ainda é cedo para falar assim, mas não há dúvidas em relação à sua habilidade. Já começou muito bem a sua carreira no Celtic e impressionou com o seu atitude, a sua dedicação e a sua confiança.

A grande pena para o Celtic é que Guidetti não pode jogar na Liga Europa devido a um atraso no seu registo. Por isso será necessário alguma rotatividade no onze na liga para quê outro jogador seja pronto para jogar na Liga Europa. Ao momento tudo aponta a que será Stefan Scepovic, que não convenceu no início da época mas agora tem dois golos nos seus últimos dois jogos, que vai substituir Guidetti naquelas batalhas.

Outra coisa que os adeptos do Celtic agradecem é a paixão com que joga Guidetti – algo que não surpreenderá quem o viu jogar no Feyenoord. Não se pode queixar com o seu desempenho e parece que já realmente tem muito carinho para o clube.


Resta saber se vai mesmo ficar em Glasgow após o fim da época, e logo bastante tempo para ser conhecido como uma lenda no Celtic, mas a ideia doutro avançado sueco a marcar golos com tal facilidade naquela camisola verde-e-branca tem um certo romanticismo. Se o inimitável Henrik Larsson fosse o “rei dos reis”, talvez Guidetti possa ser o príncipe… 

domingo, 2 de novembro de 2014

Semana 9: Onde aplicar o esforço

| Luís Cristóvão



Esta semana estive presente em apenas um treino, devido a uma viagem. Na sessão de treino, a aposta tem sido tentar cativar os jogadores com exercícios onde consigam encontrar maior satisfação, “facilitando” o acesso para sucessos intermédios, de forma a motivar o grupo para tentar subir de nível mais lentamente. Se bem que alguns dos jogadores aproveitam o facto para conquistarem o seu espaço na equipa, a generalidade segue apenas por divertimento.

Logo, no jogo, o preço paga-se de forma intensa. Num momento competitivo em que os adversários começam a ser acessíveis, fica muito mais claro aquilo que conseguimos fazer bem e aquilo que não conseguimos atingir. Em determinados momentos, a equipa compete a bom nível, dedica-se defensivamente, encontra formas para finalizar as jogadas de ataque. Nos momentos seguintes, desconcentra-se, distrai-se, sobretudo, desiste.

Mas desiste porquê? Na minha opinião, desiste no momento em que o esforço que tem que aplicar precisa de ser um pouco maior, para ser efetivo. Tal como na passada semana, esta semana a equipa também esteve à beira de ganhar o jogo. Poderia tê-lo feito. No entanto, quando no início do quarto período se encontrava a apenas seis pontos do adversário, preferiu não perseguir a vitória. Desistiu para não se sentir derrotada ao tentar vencer.

Estranho? Nada. Vejo pessoas a fazer isso todos os dias. Acomodarem-se nos seus hábitos e/ou lugares, deixarem-se ficar, abandonar a possibilidade de ter mais para não perder perante as suas ambições. A verdade é que, quem não joga, raramente perde. É isso o que se vive quando se passa o jogo sentado, apenas a olhar, lá de cima, da bancada.

É por isso que se deve, sempre, repensar, onde se aplica o esforço. Porque não aplicar o esforço máximo, não deveria ser opcional.

Amanhã há treino.

segunda-feira, 27 de outubro de 2014

Semana 8: O desafio torna-se individual

| Luís Cristóvão



Ao fim de oito semanas a filosofar sobre os problemas motivacionais dos jogadores enquanto equipa, atingimos um momento da época, com a mudança de fase no campeonato, em que o desafio começa, também, a ser individual. Ou seja, se para a equipa o processo segue a sua evolução normal, tendo em conta que depois de adversários de maior exigência começamos, agora, a encontrar equipas com quem podemos realmente competir, para cada um dos indivíduos assumimos a problemática de entender até onde eles podem (e querem) evoluir.

Uma coisa é certa: não podemos transformar em jogadores de basquetebol aqueles que não o querem ser. Logo, a primeira etapa do desafio é exatamente essa, perceber se cada um dos jovens já tem em si concretizada a ideia de que quer ser (ou não) um jogador. A segunda etapa passa por tentarmos aproximarmo-nos, enquanto treinadores, das ambições de cada um deles. No nosso grupo de trabalho, existem uns poucos que estão motivados e têm a capacidades físicas para subir de nível de exigência, enquanto outros ora têm problemas de motivação ora precisam de afinar o seu momento físico. Para cada um deles experimentam-se adaptações do processo de treino, de modo a tornar o seu percurso individualmente mais rico. Finalmente, podemos falar de um outro grupo de jogadores que sente dificuldades nos dois âmbitos e, para esses, o elemento de divertimento do processo - seja no treino, seja no jogo - precisa de ganhar maior peso.

A pergunta acaba por ser, no final, como conjugar na equipa os diferentes desafios individuais que nos são apresentados. Sim, porque o desafio individual tem, no basquetebol, como é óbvio, uma materialização colectiva para a qual caminhamos. Indivíduo a indivíduo, plano de vida a plano de vida, conjugamos situações para manter unido um grupo de vinte crianças. E é essa a dificuldade que nos faz andar.

Hoje há treino!

quarta-feira, 22 de outubro de 2014

10 Anos depois, Philip Island volta a ser de Rossi

| Carolina Neto



A tournée transatlântica da elite do mundial de motociclismo teve a sua segunda paragem em Philip Island, na Austrália. Uma pista junto ao mar, onde os pilotos são brindados pela companhia das gaivotas. Este circuito é a chamada «Meca» do Mundial. Não há nenhum adepto das duas rodas que não sonhe em assistir a um Grande Prémio nas bancadas de Philip Island. Um verdadeiro espectáculo. E a corrida deste fim-de-semana esteve à altura! Surpresas, erros, quedas, abandonos… houve de tudo.

Depois da corrida em Motegi, onde Marc Marquez se sagrou bi-campeão do mundo, as duas rodas foram até à Austrália, sendo que o favorito continuava a ser o novo campeão do Mundo. E tinha tudo para vencer, mas Philip Island foi o terceiro erro cometido pelo piloto espanhol da Honda.
Mas a história deste Grande Prémio foi outra. Depois do erro e consequente queda por parte de Marquez, o veterano «Il doctore» decidiu brindar os aficionados com mais uma vitória. E que vitória tão cheia de significado.

Era o seu 250º Grande Prémio em cima de uma moto da categoria rainha e a prova correu-lhe de feição. Muitos podem alegar que apenas ganhou porque Marc Marquez errou, mas a verdade é que Valentino Rossi sabe aproveitar as oportunidades. E, desta vez, não voltou a falhar. Soube distanciar-se dos rivais mais directos, nomeadamente de Jorge Lorenzo e Cal Crutchlow, e estava no lugar certo para saber aproveitar a queda do líder da corrida.

terça-feira, 21 de outubro de 2014

PepsiDeild - De brincalhões a campeões na Terra do Fogo e Gelo

| António Valente Cardoso



Não, não se trata de falar de George RR Martin e da sua épica senda literária que tanto sucesso televisivo tem tido, fala-se de futebol, de um arquipélago árctico que contradiz tantas estatísticas e lugares comuns da sociedade ocidental, de uma equipa que ninguém conhecia e se fez campeã.
Começando pelo fim. O Stjarnan sagrou-se campeão islandês em 2014, primeiro título masculino, seguindo o que as meninas do clube já haviam conseguido antes e mantiveram neste ano. O título não podia ter sido mais dramático, última jornada, dois pontos atrás do líder, que visitava, primeira vantagem, empate e o golo vencedor já perto do final da partida, para celebrações… por todo o mundo.

Choveram parabéns ao clube da Holanda, da Polónia, da Roménia, de Portugal, da República Checa, da Costa Rica, do Brasil, da Argentina, de Itália, da Turquia, da Alemanha, da Noruega, do Vietname, da Escócia, de El Salvador, de Inglaterra, das Filipinas, da Eslováquia, da Hungria.
O que faz do Stjarnan algo tão especial? Pois claro, os únicos, incomparáveis e globalmente famosos festejos da equipa em 2010, uma situação que na altura foi criticada pelos dirigentes locais, levando mesmo a jogos à porta fechada para o clube, pelo medo do ridículo. A verdade é que não apenas se catapultaram jogadores, que tinham qualidade, se divertiam e se mostraram ao mundo, que não ficou indiferente. Afinal, era – como é – uma equipa divertida!

Depois da globalização do pequeno clube dos arredores de Reykjavik, de Gardabaer, com cerca de 13 mil habitantes e conhecida por deter a única Ikea do arquipélago, um dos melhores estúdios de televisão e, agora, os campeões e campeãs de futebol na Islândia. O Stjarnan também se revela pelo bonito futebol praticado, ganhando fãs em Motherwell, em Poznan, em Milão, após os desempenhos europeus frente a adversários daí.

Quando um arquipélago de pouco mais de 300 mil habitantes se consegue afirmar no contexto futebolístico, depois de já o ter feito no panorama andebolístico, tal relativiza toda a autocomiseração portuguesa, não? Situação que se estende igualmente à forma como declararam falência, julgaram e prenderam políticos e banqueiros e logo se reergueram, fazendo frente ao todo poderoso FMI, não parecendo tão difícil quanto se apregoa noutras paragens. Talvez não tenham, naturalmente, tantos ‘Velhos do Restelo’…

sábado, 18 de outubro de 2014

Semana 7: Fazer o que há a fazer

|Luís Cristóvão



Esta semana decidi não esperar pelo jogo, deixando claro que, por agora, o jogo será aquilo que menos importa. Se não conseguimos treinar como queremos jogar, o momento competitivo é um vazio. Daí que a contínua chamada de atenção é feita, agora, em tom de exigência: quem quer fazer o que há fazer, segue connosco. Quem não quer, ficará pelo caminho.

A chamada de atenção resulta. Aqueles que são, neste momento, os elementos mais importantes da equipa entendem a situação em que se encontram. Dão mais de si no treino, exigem mais aos outros, começam a compreender quais são os momentos em que brincamos e quais são os que estamos a sério. Esses foram eleitos líderes pelo próprio grupo e farão com que a maioria dos colegas o siga.

Por outro lado, entre os miúdos mais novos ou com menos anos de basquetebol, há claramente aqueles que aceitam o repto. Querem perceber o que podem fazer melhor. Querem descobrir o que está para lá da sua realidade atual. Esforçam-se mais. Dão mais. Testam-se e crescem. Esses ganharão o seu lugar dentro do grupo e rapidamente passarão de ser os rapazes “encolhidos” que apareceram no início da época para se assumirem perante os obstáculos.

Pelo meio, há quem demore mais tempo a entender a chamada ou quem esteja no processo de descobrir que esta não é a sua modalidade. É um processo natural que o treinador deve entender e acompanhar, não desistindo de o formar enquanto desportista e homem, apesar das dificuldades claras para o tornar um basquetebolista.

O acumular do trabalho durante as semanas cria também, nos treinadores, os primeiros sinais de fadiga. Chegamos ao final da prática mais cansados, durante os exercícios queremos mais, as desculpas vão-se desvalorizando, conhecemos agora perfeitamente todos aqueles que partilham o espaço de treino connosco. Entender tudo isto continuamente é um desafio cada vez mais elevado, mas que vai sendo processado com a naturalidade do respirar, do viver, com prazer, aquilo que se faz.

Amanhã há jogo!

domingo, 12 de outubro de 2014

Semana 6: Uma filosofia para a viagem

| Luís Cristóvão



Passado um mês desde o início da temporada e iniciado o período competitivo, a equipa começa a encontrar-se nas suas responsabilidades e capacidades. O teste não está tanto nos jogos oficiais, dado que o início de época nos reservou um calendário de encontros com equipas mais velhas e evoluídas em termos físicos, mas sim naquilo que cada um de nós consegue demonstrar em treino.

No intervalo dos 11-13 anos, o brincar é algo sempre muito presente. Educar os jovens atletas para a integração da ideia de trabalho é uma missão exigente, que nos obriga a uma atenção permanente a tudo o que se passa - a qualquer momento pode surgir uma oportunidade para se delinear de forma mais concreta as barreiras entre uma e outra coisa.

Esta semana, a cada dia procurou-se ativar esse sentido de responsabilidade. Primeiro, para o treino em si, elevando o grau de exigência, obrigando cada atleta a assumir os sacrifícios necessários para acompanhar o grupo. Segundo, para a união da equipa, transformando um incidente disciplinar numa ocasião para sublinhar os deveres e direitos de cada um. Finalmente, no momento competitivo, sublinhando as atitudes que nos permitem obter melhores resultados, como ficou claro num dos períodos do jogo.

Foi uma semana cansativa e exigente para todos. No regresso a casa, já de noite e com chuva intensa, a música corria ao gosto dos miúdos que se entretinham nas suas brincadeiras nos bancos detrás. Enquanto conduzia, ao meu lado, um deles dormitava. Não se entra numa família só porque se quer. Este grupo vem já junto há dois anos e vai assimilando a ideia de ter mais um elemento na cadeira hierárquica da equipa. Só sendo, sempre, um adulto que compreende e que se tem lugar. Será essa a filosofia para a viagem.

Amanhã há treino!

terça-feira, 7 de outubro de 2014

Ryan Gauld: um projeto a longo-prazo para a seleção escocesa

|Andy McDougall



A maior surpresa do mais recente plantel de Gordon Strachan foi a inclusão pela primeira vez de Ryan Gauld, médio-atacante do Sporting.

Após ter começado a sua carreira profissional com o Dundee United, o nome de Gauld é bem conhecido na Escócia e a sua transferência ao Sporting gerou bastante interesse.

Não é comum que um jogador escocês vá para fora da Grã-Bretanha para jogar, mas Gauld não é um jogador comum. Há muita esperança de que chegará a ser uma peça chave na seleção e já vimos na seleção sub-21 o que pode fazer. O miúdo de 18 anos é longe de ser um jogador tipicamente escocês e isso entusiasma os adeptos escoceses que frequentemente perguntam-me como correm as coisas para ele em Portugal.

O facto de não ter jogado nem um minuto na equipa principal do Sporting não é razão para estarmos preocupados – é entendido que Gauld é jovem e que ganhar ritmo na equipa B vai-lhe servir bem – mas é por isso que muitos ficaram surpreendidos de ler o nome dele na lista de Strachan para os jogos de qualificação frente à Geórgia e à Polónia.

No entanto, se olharmos com outra perspectiva, talvez não seja tão surpreendente. Seria uma verdadeira surpresa se Gauld participar nestes duelos; o plantel é grande (uns 27 jogadores) e não seria a primeira vez que Strachan incluiu um jovem apenas para lhe dar experiência com a seleção A e trabalhar com eles nos treinos.

Strachan sempre tem sido um treinador mais do que um seleccionador e segue assim; chamando tantos jogadores dá-lhe a oportunidade de trabalhar com um grupo maior e incluir uns jovens para conhecê-los.

Isto passou mais recentemente com Callum McGregor, médio-atacante de 21 anos do Celtic que começou a época atual de maneira ótima. Ele foi chamado para o jogo diante da Alemanha mas nem sequer foi incluído no banco de suplentes. Outros jovens chamados e não utilizados por Strachan no passado incluem Tony Watt (naquela altura do Celtic mas agora do Standard Liège) e Stuart Armstrong (do Dundee United). Há outros exemplos mas estes dois ainda não fizeram um jogo com a seleção A, embora seja esperado que serão jogadores internacionais no futuro.

Também no plantel atual fica Stevie May, avançado de 21 anos do Sheffield Wednesday (e ex-St Johnstone), que, como Gauld, está a marcar a sua primeira presença com os seniores e Strachan já falou na possibilidade de chamar um terceiro jovem se alguém baixar do plantel.

No fundo, todo isto quer dizer que é bom ver Gauld no plantel mas é importante mantermos realistas e não mal-interpretar a chamada dele. E se ficar fora do próximo plantel, não deveríamos pensar que decepcionou ou que baixou o seu nível ou a sua reputação.

Para Gauld, este é o primeiro passo do que esperamos será uma longe associação com a seleção, mas temos de estarmos pacientes e ter em conta que com apenas 18 anos ainda poderá jogar nos sub-21 para uns anos mais.

Strachan, pela sua parte, já se mostrou disposto a incluir jovens no grupo da seleção mas não tanto para apostar neles nos jogos. Porém, para já, é encorajador a ver que tem interesse em jovens promissores e a política de introduzi-los cedo ao plantel – antes que estejam prontos de jogar – poderia constituir um processo muito sábio. Com certeza tem sentido que se já conheçam os seus companheiros e como é a vida com a seleção A, será mais fácil para novos jogadores integrar-se quando é preciso que joguem, pois já estarão cómodos e saberão as tácticas e o que o treinador espera deles. Vamos ver como evoluirá a equipa, mas o pensamento de longo prazo de Strachan poderia trazer bons resultados para a seleção escocesa.

domingo, 5 de outubro de 2014

Semana 5: Para onde vamos?

| Luís Cristóvão



Uma coisa podemos ter certa: formar demora o seu tempo. Formar uma pessoa, formar um atleta, formar uma equipa. Começar a temporada oficial é dar de caras com isso mesmo. Com o tempo que tudo demora. Porque se, para formar uma pessoa, sabemos que trabalhar todos os dias é o único caminho, para o fazer com um atleta ou uma equipa não será muito diferente. Tem tudo que ver com o tempo que nos faz medir as coisas.

O primeiro lugar onde queremos chegar é a ter uma equipa. Um conjunto de jovens que sejam solidários entre eles e com os objetivos delineados, possa ser uma vitória, um número de pontos marcados, alguns gestos técnicos conseguidos. E a equipa existe, apesar de numa idade em que a individualidade está muito marcada, a consciência da necessidade que temos uns dos outros está lá.

Para termos atletas, vai demorar um pouco mais. A disponibilidade física é, ainda, a grande parte do que cada um deles pode dar, sendo que aqui e ali começamos a perceber os sinais da inteligência de jogo e, sobretudo, de inteligência emocional. O jogador que apoia os outros, aconteça o que acontecer, o jogador que sabe ler as situações, por complexas que elas ainda lhe possam parecer.

Vai demorar mais tempo até termos pessoas. Mas, em última análise, é para aí que queremos ir. Ter pessoas conscientes do trabalho que é preciso desenvolver para o seu futuro e, se tivermos sorte, para o futuro do basquetebol. Chegar a formar uma pessoa que seja que consiga, daqui a uns anos, perceber o que é certo e errado de se fazer com um grupo de outros jovens que ambicionem, também eles, a jogar basquetebol.

Porque, uma vez mais, a disponibilidade física pode selecionar-se. Mas é preciso alimentá-la de gestos técnicos corretos, consciência da importância de testar os seus limites e aumentá-los, jogo a jogo, treino a treino, em todas as ocasiões. Se nós não formos capazes de formar pessoas assim - e talvez uma boa explicação para o ponto em que se encontra o nosso basquetebol esteja aí mesmo -, então não conseguiremos inverter um destino de mediocridade. E essa é a guerra que estamos aqui a combater.

Amanhã há treino!

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Futebol no Feminino, um preconceito que custa a desaparecer

| António Valente Cardoso



A ideia de macho latino assenta na perfeição que se observa a dimensão aos desportos colectivos femininos no eixo mediterrânico, particularmente em Portugal e com ainda maior foco naqueles que são determinados como sendo masculinos, um pouco como determinadas profissões.

Se existem dificuldades nas modalidades amadoras portuguesas, que lutam pela sobrevivência num país que continua a não possuir uma política desportiva, académico-desportiva, sustentada, continuada, que permitiria uma poupança nos gastos de saúde imensamente superior a um investimento bem desenhado, projectado, desenvolvido e aplicado, tal ainda se acentua no desporto colectivo feminino. Nas modalidades de pavilhão como o andebol, o voleibol ou o basquetebol, valem os colégios privados, algumas escolas avulsas com uma boa ideia da importância do desenvolvimento e prática desportiva na própria resposta académica mais positiva, e alguns clubes, sensíveis e preocupados com essa problemática ou meramente agarrados à importância histórica, aos títulos que o feminino lhes granjeou e assegura.

É notável o esforço das atletas, muitas ainda a lutarem contra os preconceitos dentro da própria casa, por parte dos amigos e afins, numa retrógrada visão de que o futebol é para homens, situação extensível ao futsal. Muitas deslocam-se 50, 100 km duas ou três vezes por semana para irem treinar, um enorme desgaste, uma perda na ‘diversão’ ou no descanso pela dedicação, pelo amor pelo ‘Beautiful Game’.

Hoje, o futebol feminino em Portugal, após avanços e recuos nas últimas três décadas, parece finalmente focado num crescimento sem marcha atrás, sem magriços acoplados, com excelentes resultados, ainda maiores face a tão escasso investimento. Quer na variante de cinco, futsal, quer na variante de relvado, num instante se viram dezenas de atletas a emigrarem, uma prova – se necessário fosse – da inata qualidade da desportista portuguesa, como nos masculinos, sem os bacocos conceitos do ‘somos pequeninos’, não há ‘profundidade’.

terça-feira, 30 de setembro de 2014

Lorenzo ganha em dia de chuva

| Carolina Neto



No passado domingo, a elite da classe rainha do mundial de motociclismo deslocou-se até Alcaniz, Espanha, para mais um grande prémio. O quinto realizado na Motorland de Aragón.

Depois da enorme corrida realizada no asfalto de Misano, esperava-se outra festa em Aragón, porque também os espanhóis gostam de apoiar os seus pilotos, que constituem a maior parte do plantel de MotoGP.

A Motorland sempre foi um circuito dominado pela Honda Repsol, desde o seu primeiro grande prémio em 2009. E, para este fim-de-semana, esperava-se a continuação desse domínio… Um poder que se fez sentir esta temporada até à hora da corrida de domingom onde a chuva decidiu marcar presença e baralhar por completo aquelas que eram as previsões iniciais no que aos vencedores diz respeito.

domingo, 28 de setembro de 2014

Semana 4: Ganhar jogadores

| Luís Cristóvão

A semana começou carregada, com a equipa a tentar digerir um encontro difícil, de resultado pesado e de reações um pouco divididas, consoante o grau de conhecimento de jogo dos atletas. Também por isso, o primeiro treino da semana passou por tentar procurar reconhecer esforços e alimentar leituras do primeiro encontro, de maneira a passarmos rapidamente para o objetivo seguinte.



A mensagem passou, mesmo que as dificuldades possam assustar alguns ou a fazê-los refugiar no lado de divertimento, mais do que na questão competitiva. Aos treinadores cabe entender esses equilíbrios, nem sempre fáceis, entre o facto de o grupo ser constituído por crianças e a ambição formadora passar por vários testes em competição. Essa dualidade foi sendo dada a provar ao grupo durante o resto da semana de treinos, onde se começam a sentir progressos.

Com novo desafio frente a uma equipa mais evoluída a marcar o fim dos jogos de preparação - a primeira fase será contra adversários desta monta e pretende-se elevar o ritmo dos nossos atletas -, tememos, durante os minutos iniciais, que a desorientação marcasse todo o jogo. No entanto, foi no espaço competitivo que a equipa se encontrou e que começamos a ganhar jogadores.

O momento em que os jovens atletas começam a dar sinais de capacidade para assumir responsabilidades e conseguem passar para o jogo aquilo que lhes vai sendo pedido em treino só pode, mesmo, ser uma enorme satisfação para o treinador. Quando isso acontece com os jogadores que estão em fases de desenvolvimento mais evoluídas, quase podemos dizer que o conseguimos adivinhar. Agora, quando o jogo torna um miúdo num atleta que consegue demarcar-se nos momentos de leitura e tomada de decisão, a importância do treino sai muito valorizada.

A pré-temporada acabou e na próxima semana começa o Campeonato.

Amanhã há treino!

domingo, 21 de setembro de 2014

Semana 3: Começaram as aulas… e os jogos!

| Luís Cristóvão

A terceira semana de treinos fica marcada pelo início das aulas e, com isso, o início daquelas que serão as rotinas dos nossos atletas durante a maior parte do resto da temporada. Com o início das aulas, a excitação da escola nova, para alguns, dos novos colegas e das muitas atividades em que estão envolvidos, os treinos do basquetebol começam a ter os primeiros desafios. A partir daqui, começa uma espécie de seleção natural, com as desculpas “estava cansado”, “não consegui chegar a horas porque estava na escola”, “este treino é à mesma hora da aula de x” a surgirem para justificar faltas. De certa forma, os treinadores são colocados à prova, sentindo que há alguma competição com as outras atividades. O basquetebol, para vingar, tem que ser mais divertido do que as outras opções.



Mas nem só de divertimento fica marcada a semana de treinos. Com a aproximação do início de temporada oficial, o nível de exigência começa a subir e nem todos os atletas estão disponíveis para o aguentar. Ora porque se sentem já demasiado bons para a repetição, ora porque sentirão que não pretendem tanto sacrifício para estar equipa. No final, é a própria equipa que exige a todos a dedicação total. Porque sentem perfeitamente a falta que fazem uns aos outros, porque entendem que é no coletivo que acabarão por resolver os problemas que terão de enfrentar.

quinta-feira, 18 de setembro de 2014

Nani, bênção ou maldição?

| António Valente Cardoso

Um dos grandes focos do defeso para a liga portuguesa foi o regresso de Nani, visto pela massa adepta leonina e pelos especialistas que escrevem e falam sobre futebol em Portugal como uma enorme mais-valia para o Sporting CP.



Nani tem sido um dos mais bem-aventurados da crítica portuguesa. Apesar de caído em desgraça no seio do Manchester United, ainda de Sir Alex Ferguson, perdendo gradualmente espaço na primeira equipa, gozou de condição privilegiada na selecção de Paulo Bento quase até ao limite e sempre foi e é defendido por quase todos como peça essencial, na eterna confusão entre ser e estar.

A crítica continua a elogiar cada jogo do extremo de 27 anos, cada conjunto de fintas que termina, quase consequentemente, de forma insípida, sem um resultado, um fim colectivo. Nota-se que o jogador sente uma necessidade de provar mais-valia, de dar razão à escolha, pretende estar no centro decisório, mas as suas escolhas e movimentações assemelham-se a um miúdo de rua, correndo para onde está a bola, numa aglomeração tão normal na aprendizagem mas pouco recomendável e compreensível num futebolista feito, carregado de jogos em todas as competições de topo na modalidade e com tantos anos de Premier League.

quarta-feira, 17 de setembro de 2014

Futebol...

| Luís Cristóvão



Foi preciso o André Martins desaparecer completamente durante 45 minutos, uma vez mais, para que João Mário tivesse uma oportunidade. Talvez tenha sido preciso que Naby Sarr e Maurício tenham deitado para o lixo dois pontos e uns quantos milhares de euros para que Paulo Oliveira seja chamado a jogo. Pelo meio, um futebol feito da criatividade de Nani e de muitos cruzamentos para a área não nos diz mesmo nada. Relembrando um mestre, quem só sabe de futebol, não sabe nada de futebol...

BATE Borisov em busca do milagre...

|Francisco Sousa



Participante na fase de grupos da Champions League pela quarta vez em apenas seis anos, o campeão bielorusso BATE Borisov procura, uma vez mais, dignificar o futebol daquele país, fazendo uma participação honrosa e esforçada na maior competição de clubes do Mundo. Tendo como melhor resultado da sua História europeia o triunfo sobre o Bayern (que viria a ser campeão europeu), há tão somente dois anos, o BATE tem, em teoria, uma tarefa complicada, estando incorporado num grupo bastante equilibrado entre os três principais antagonistas (FC Porto, Shakhtar e Athletic). No fundo, o objectivo da equipa orientada por Aleksandr Yermakovich passa por dificultar ao máximo a tarefa aos restantes concorrentes, ao mesmo tempo que tentará, nos jogos em casa, dar a surpresa...

Habitualmente disposta numa espécie de 4-3-2-1, com os extremos mais metidos por dentro, a equipa do BATE tem acusado, do ponto de vista ofensivo, a saída do principal craque Krivets para o futebol francês (Metz), ele que foi autor de dezena e meia de golos e assistências nos jogos oficiais disputados até aqui neste ano de 2014. Em teoria, o emblema bielorusso irá viajar até ao Dragão para jogar num bloco baixo/médio-baixo, que muitas vezes se coloca numa espécie de 4-4-1-1 em fase defensiva. Equipa organizada e disciplinada a defender, resta saber como irá lidar com a mais-valia técnica do ataque dos "dragões"...

Misano de amarelo e azul

| Carolina Neto

O grande prémio de San Marino, em Itália, realizou-se, no passado domingo, num circuito bastante especial para os italianos e para os amantes das duas rodas. As bancadas estavam cheias. 50.000 Apaixonados de bandeiras na mão prontos para apoiarem os seus pilotos de eleição. Uns de amarelo e azul, outros de vermelho, outros de laranja. Tudo dependia do piloto que defendiam e pelo qual bate o seu coração.



Era o regresso de “Vale”, como é conhecido, a terras italianas, num circuito que tem o nome de um dos seus melhores amigos dentro e fora do asfalto. Tinha tudo para ser um fim-de-semana de festa. E foi-o.

O Circuito Marco Simoncelli vestiu-se de amarelo e azul para receber os pilotos da classe rainha do motociclismo. Num grande-prémio onde Marc Marquez e Jorge Lorenzo eram, ao início, os favoritos à vitória: um deles está a realizar uma  época sem erros, o outro venceu neste circuito nos últimos três anos. Mas a verdade é que Misano é especial, e os favoritismos não se confirmaram.

Rossi estava em casa. E isso só poderia ser um factor de motivação. É claro que a vitória em Misano, a 107ª da sua carreira, não se deve, apenas, ao factor emocional de estar a correr diante do seu público. A mecânica, a escolha dos pneus, a capacidade de concentração, a capacidade de aproveitar um erro do adversário foram, em conjunto com o apoio vindo das bancadas, os elementos chave para o regresso ás vitórias de «Il Dottore».

Já os seus adversários mais directos como Jorge Lorenzo e Marc Marquez não foram capazes de vencer o Rei de Misano. Os dois espanhóis cometeram erros que lhes custaram a vitória. Jorge Lorenzo falhou na escolha de pneus, e Marc Marquez cometeu o primeiro erro da temporada ao cair. Ao longo das 28 voltas, tudo se foi construindo para que Valentino Rossi subisse ao lugar mais alto do pódio.

Mas a verdade é que Valentino Rossi jogou todos os seus trunfos nesta corrida. Arriscou mais do que era pensável e o próprio sabia que isso lhe poderia custar a vitória. Só que estando a correr diante do seu público, qual será o piloto que não arrisca mais do que a moto poderia permitir? Quem não quer fazer boa figura, e dar uma alegria à sua gente? Valentino Rossi é o homem que apaixona multidões, e em Misano, ele fez o que tinha de fazer: arriscar e conquistar.

A bandeira de xadrez foi mostrada. Rossi passou a linha de meta em primeiro lugar, sem qualquer oposição por parte dos seus adversários e levou ao delírio a multidão que se deslocou até Misano. O chamado paddock encheu-se de pessoas para assistirem à cerimónia, onde o veterano se sentiu como o Papa.

As duas rodas seguem, daqui a duas semanas, para a Motorland de Aragón, em Espanha. Aí, haverá novas histórias e mais emoção.

Maribor: a armada "violeta" quer surpreender no regresso à Europa dos milhões

| Francisco Sousa

14 de Setembro de 1999. No velhinho Estádio Lobanovsky de Kiev, o Maribor, modesta equipa proveniente do campeonato esloveno, fazia a sua estreia na fase de grupos da Liga dos Campeões, depois de ter surpreendido a Europa ao afastar os franceses do Lyon na 3ª pré-eliminatória (3-0 no total das duas mãos). Foi, então, na capital ucraniana, que os eslovenos escreveram mais uma bonita página na sua história, ao vencerem o todo-poderoso Dinamo por 0-1, com um golo de Ante Simundza, avançado destro, corpulento e trabalhador. O Maribor, porém, acabaria essa fase de grupos na última posição, tendo somado apenas mais um ponto, na deslocação à BayArena de Leverkusen.



15 anos passaram e o Maribor, depois de várias tentativas, finalmente, conseguiu o regresso ao convívio com os "grandes". E não é que o herói daquela noite em Kiev volta a ser protagonista? É verdade, década e meia depois, Simundza foi o técnico responsável pelo heróico apuramento para a maior (e melhor) competição de clubes do planeta. Em Glasgow, perante o histórico Celtic, os campeões da Eslovénia puxaram dos galões e conseguiram rubricar uma vitória notável. Quis o destino que o regresso dos violetas a esta competição os colocasse, de novo, no caminho de uma equipa verde-e-branca, no caso o Sporting. Enquanto que para o Maribor este será o sétimo jogo da temporada na Champions, para os leões será um regresso às lides europeias. Apesar de tudo, é previsível que a equipa portuguesa até venha a assumir o jogo, estratégia que até poderá ter o consentimento dos eslovenos, mais interessados em pontuar do que em brilhar, neste caso...

Formatada para jogar entre um 4x4x2 e um 4x2x3x1, a equipa do Maribor vai alternando de esquema táctico, consoante os jogos e os momentos destes mesmos. Em fase defensiva, costuma organizar-se, geralmente, em 4x4x2. Quando assim é, a dupla de avançados fica adiantada, pressionando sem grande eficácia na frente, enquanto que as linhas defensiva e de meio-campo recuam um pouco mais. Porém, se quiser assumir o jogo, o Maribor faz subir um pouco mais o bloco, sendo que aí se soltam habitualmente 4 elementos: o trinco Filipovic (principal distribuidor de jogo numa primeira fase de construção) e os três homens do meio-campo ofensivo/ataque. Em Glasgow, contra o Celtic, a equipa assumiu a posse e jogou com muito atrevimento no meio-campo contrário, fazendo adiantar os alas (Vrsic e Ibrahimi) e usando bem a mobilidade e largura dos possantes Mendy e Tavares na frente do ataque. Já nos jogos caseiros (Maccabi e Celtic, por exemplo), o Maribor partiu de uma base em 4x2x3x1, apresentando um duplo-pivote mais conservador (Dervisevic-Filipovic) mas com uma segunda linha de autênticas setas (Bohar-Ibraimi-Vrsic) e só com uma referência na frente do ataque.

No fundo, é notória a tendência desta equipa do Maribor em variar entre estes dois registos. Ofensivamente, a equipa mostra uma tendência a explorar os espaços interiores, dado que tanto Vrsic como Bohar (ou até Ibraimi) gostam de fazer a diagonal em direcção à área. Apesar de tudo, a profundidade pode ser encontrada em algumas subidas destes alas e, sobretudo, na projecção que o lateral-esquerdo Viler dá em termos ofensivos. Já a defender, o Maribor exibe algumas dificuldades na protecção do espaço nas costas dos laterais (sobretudo Stojanovic) e a falta de flexibilidade e velocidade dos centrais (são rijos e defendem relativamente bem na área, apesar de tudo), algo inaptos para fazer as dobras. Nos momentos em que a equipa joga mais recuada, é necessária solidariedade, entreajuda e consistência/solidez táctica, algo que nem sempre acontece, porém...

Outro apontamento vai para as bolas paradas. Nas ofensivas, o Maribor costuma atacar, habitualmente, o primeiro poste, podendo depois haver a sequência na zona central ou no segundo poste. Há, de facto, jogadores com capacidade para criar perigo no jogo aéreo (Suler, Mendy ou Filipovic, por exemplo). Porém, nas bolas paradas defensivas, são notórias os problemas do campeão esloveno em defender à zona, algo que pode ser efectivamente explorado pelos melhores cabeceadores da equipa sportinguista.

terça-feira, 16 de setembro de 2014

O Guia da Liga dos Campeões

| João Gonçalves

Vai começar a melhor prova de clubes do mundo. São trinta e duas equipas a sonhar com grandes feitos europeus e a lutar para continuarem na prova em 2015 após o fecho da fase de grupos.



Antes da Champions League, a principal prova da UEFA era a Taça dos Clubes Campeões Europeus jogada em formato de eliminatórias directas até à final em cidade previamente indicada e onde os finalistas não podiam usar publicidade nas camisolas, imagine-se!
Havia um sistema de cabeças de série para evitar o confronto precoce dos mais cotados mas era possível vermos algumas surpresas. Equipas lendárias conseguiram vencer a prova, como o Nottingham Forest de Brian Clough, o Hamburgo de Ernst Happel, o PSV de Guus Hiddink, o Marselha de Raymond Goethals, o Aston Villa de Tony Barton, entre muitos outros. Mas também houve grandes surpresas em inesperadas caminhadas até à final, Steaua de Bucareste, Malmö, Club Brugge, Sampdoria, Saint-Étienne, Leeds United, Panathinaikos, tudo clubes que dificilmente voltarão a estar em tão alto nível.

Isto para dizer que a prova foi crescendo e a UEFA transformou a competição numa espécie de campeonato europeu com protecção total aos clubes dos países mais poderosos. Banalizaram-se os jogos entre gigantes europeus com uma fase de grupos que é uma autêntica orgia de futebol entre Setembro e Dezembro onde só por milagre os mais fortes não seguem em frente.
Uma surpresa pode acontecer em duas noites más de um favorito, como sempre aconteceu até este século em eliminatórias directas mas poucos clubes de topo têm seis noites más que os ponham fora de prova neste modelo de campeonato.
Mesmo assim têm acontecido surpresas que empolgam a Europa do futebol, recordemos os casos do APOEL de Chipre ou do Málaga de Espanha, por exemplo.

Olhando para os grupos sorteados salta à vista que só o A é composto por campeões nacionais, passou a ser normal ver clubes que não conquistam o título do seu país a lutar pelo título maior europeu. O Liverpool já não vence em Inglaterra há mais de duas décadas mas festejou mais um título europeu em 2005. E este ano está de regresso à elite europeia.
Em sentido contrário, a Europa esta época não passará por Old Traford nem por Milão, Manchester United falha as Champions pela primeira vez em 18 anos e a dupla Inter / AC Milan também ficará no sofá a ver jogar.

Como já vem sendo hábito, cada grupo apresenta dois fortes candidatos a seguir para a fase decisiva da prova e doisoutsiders, havendo algumas excepções quando a sorte dita grupos mais equilibrados com todas as equipas a lutarem pelo apuramento.

O objectivo da UEFA está cumprido, a Champions League é uma fonte de receitas incrível e proporciona grandes jogos duas vezes por semana.
Este ano Portugal tem três representantes que lutarão para passar à fase das eliminatórias ou então para um lugar na Liga Europa que é o mal menor no fim das contas no fecho de cada grupo.

Zenit: uma imponente barreira vinda do frio mas com um toque do sangue latino

| Francisco Sousa

Autor de um início de temporada pujante e afirmativo, o Zenit de André Villas-Boas chega ao Estádio da Luz claramente disposto a complicar a vida aos actuais campeões nacionais. Líder destacado do campeonato russo após sete jornadas, a formação de São Petersburgo procura, além do regresso aos títulos a nível local, realizar uma boa campanha europeia, pese embora esteja colocado naquele que é considerado, em teoria, o grupo mais equilibrado e competitivo desta Liga dos Campeões. As expectativas para um dos clubes com maior orçamento desta competição são elevadas e o técnico luso sabe bem que a administração do Zenit não admite insucessos numa temporada que se quer de festa...



Depois de uma derrota (injusta, diga-se) a abrir a época oficial, no Chipre, frente ao AEL Limassol (1-0), o Zenit partiu para uma série avassaladora de dez triunfos consecutivos. A base do sucesso tem assentado no estilo de jogo posto em prática por André Villas-Boas esta temporada e que visa que a equipa possa dominar mais os jogos, embora aproveitando de igual maneira a velocidade dos seus melhores atacantes nas transições. No fundo, este Zenit representa uma mistura de características diferentes, mas que para já vai resultando bastante bem. Tacticamente formatada para jogar entre um 4x3x3 com os extremos a tenderem a fazer movimentos interiores e um 4x2x3x1 um pouco mais aberto, a equipa de São Petersburgo ataca com critério e ordem quando tem bola, usando para isso a inteligência de jogadores como Fayzulin (castigado para este encontro), Witsel ou Shatov com bola e a técnica em progressão de elementos como Hulk ou Danny. Aliás, estes dois homens revelam-se igualmente argutos a explorar situações de contra-ofensiva, visto que aliam velocidade e técnica a uma notável capacidade de remate e boa visão de jogo.

Movendo-se bem entre esses dois registos, o Zenit apresenta-se agora também um pouco mais consistente e organizado na maneira como defende. Em várias situações, organiza-se quase numa espécie de 4x4x2 com Hulk junto a Rondón numa primeira linha e com Shatov e Danny praticamente na mesma linha do duplo-pivote do meio-campo. Vai alternando entre momentos de uma pressão mais intensa e outras situações de organização defensiva mais recuada, sobretudo contra equipas que possuam criativos ao meio e gostem de assumir a posse de bola (por exemplo, o último jogo frente ao Dinamo de Moscovo). Quando recuperam a bola ou procuram sair de forma organizada, a tendência é fazê-lo pelas laterais, com o aparecimento constante de apoios interiores, extremamente úteis para ajudar a desequilibrar as estruturas adversárias. No fundo, esta é uma equipa que gosta de controlar os jogos, com e sem bola, e cuja proposta pode ser adaptável também às diferentes características dos adversários que lhe vão aparecendo pela frente...

domingo, 14 de setembro de 2014

Semana 2: Dedicação e Confiança

| Luís Cristóvão




A segunda semana de treinos fica marcada pelas mazelas que uma parte dos atletas sofreram  com as primeiras cargas físicas. Depois das chamadas férias grandes, onde a generalidade deles se dedicou às suas brincadeiras, o choque com a intensidade do treino levou a dores musculares e bolhas nos pés que o tempo se encarregará de os fazer ultrapassar. No entanto, como nestas duas semanas ainda não havia aulas, na sua mente eles continuam de férias. E isso é mais difícil de ultrapassar do que as pequenas dores. Sem os jogos no horizonte, falta aos miúdos a percepção do tipo de ganhos que estes treinos poderão oferecer mais à frente na temporada, simplesmente, é algo que eles ainda não experienciaram. Sendo assim, ganha importância o trabalho mental.

sexta-feira, 12 de setembro de 2014

Grande Prémio TIM de São Marino e da Riviera de Rimi

| Carolina Neto

O grande prémio deste fim-de-semana é um acontecimento cheio de emoções para os amantes das duas rodas. Todos os circuitos têm uma história e o circuito de Misano,  agora conhecido como Circuito Marco Simoncelli, não é excepção.



Os italianos são conhecidos como um dos povos mais apaixonados pelo desporto motorizado, nomeadamente o mundo motogp. E têm razões para isso: nos últimos anos, tanto Valentino Rossi, como o falecido Marco Simoncelli, levaram os italianos à loucura com os seus feitos.

Valentino Rossi é idolatrado por todos os italianos, depois de já ter conquistado sete campeonatos na categoria rainha.

quinta-feira, 11 de setembro de 2014

Merci Orenga!

| Ricardo Silva

Não dá para acreditar que a França tenha ganho 50 ressaltos contra 28 dos Espanhóis e Orenga tenha mantido sempre os 3 jogadores de posição 5 a jogar, obrigando um deles a jogar a 4 e a defender os 4 e 5 da França que são muitíssimo mais móveis! Felipe Reyes no banco sem qualquer minuto (já era quase uma regra nas partidas anteriores).



A juntar a isto, e ao nível defensivo, a defesa dos cortes, as ajudas defensivas e as rotações defensivas de toda a equipa espanhola foi fraca!

Outra das questões foi o facto de Orenga nunca ter conseguido tirar partido das características dos seus bases, todos com estilos de jogo diferentes e que podiam aportar à equipa outras mais valias ... também se outros interiores tivessem entrado na rotação, porque jogar sistematicamente só com estes 3 interiores é redutor e retira capacidade física em momentos decisivos! Exemplo, Sergio Rodriguez em campo privilegiar o pick&roll e a intensidade elevada. Calderon, o jogo estático e a organização!

Ricky as defesas pressionantes e ofensivamente o jogo desde bloqueios indirectos. Que aproveitamento ocorreu? Chegar ao ataque e meter a bola dentro para nem se quer se tirar partido disso porque a ocupação espacial e a oposição dos franceses é enorme, além do forçar, forçar, forçar o jogo interior, já para nem falar da fraquíssima % de tiro exterior dos jogadores espanhóis, em dia não de 3 pontos! Previsível a forma de jogar da Espanha, demasiado previsível!

Outro ponto que na minha opinião também é decisivo está relacionado com Rudy Fernandez que há muito tempo produz pouquíssimo para o tempo de jogo que tem e principalmente face a um Llull que apesar de ser um 2 conseguiu quase sempre produzir mais que Rudy, exemplo disso foi o início do terceiro período!

Enfim, quem será o próximo seleccionador espanhol? Será seguramente melhor que este!

Ah e terminou a geração de 80!

CAMPEONATO MULTICARE 1.ª Divisão Feminina

| António Valente Cardoso

Se existem problemas e abandonos precoces no masculino, o que dizer do feminino, onde a maioria das atletas paga para praticar a modalidade de que tanto gostam, esta como todas as colectivas no feminino.



Depois do avassalador domínio madeirense, 16 títulos consecutivos entre 94 e 2009, surgiu o magnífico projecto Gil Eanes, em Lagos, com Donner a dar dois títulos nacionais até ao fim do projecto académico-desportivo, em que assentam quase todas as formações, diga-se, volta a rumar à Madeira até que as aveirenses do Alavarium conseguem o que as formações gaienses, especialmente o Colégio de Gaia, buscam há desde 1991, sem sucesso.

Convém salientar que boa parte das atletas, mais ou menos jovens, são também treinadoras, árbitras, directoras, reúnem/acumulam vários cargos dentro das instituições que representam ou noutras, noutro real exemplo de gosto pela modalidade.

Campeonato Nacional Andebol 1

| António Valente Cardoso

Mais do mesmo. Como em todos os campeonatos desportivos portugueses, há uma diferença abismal entre os três, ditos, grandes e os restantes emblemas. Um peso que se faz sentir no equilíbrio de cada competição, nos resultados finais e na própria competitividade externa, enfraquecida pela falta da mesma internamente.



Inédito hexacampeão, o FC Porto parte à frente dos rivais na busca do sétimo consecutivo, 20.º campeonato de sete da sua história, com Sporting CP e Benfica como principais contendores. O ABC, com um orçamento bem inferior, correrá por fora, assente no seu peso histórico dentro da modalidade e no bom trabalho de Carlos Resende.

A maioria dos plantéis é feita em casa e, numa segunda linha, estarão Águas Santas, Belenenses, ISMAI, Madeira SAD, Sporting Horta, tentarão as restantes vagas no play-off para o título e Europa, situação que Passos Manuel e os promovidos Ginásio Santo Tirso e Xico Andebol também procurarão.

 Este será o segundo ano de campeonato sem Aleksander Donner, o homem que catapultou o andebol português para o primeiro patamar mundial, com o ABC e a selecção, mudando mentalidades, inovando no treino, criando responsabilidade, crença e ambição, um fantástico trabalho que os dirigentes portugueses conseguiram destruir com o cisma que retirou selecção sénior e clubes desse espaço tão complicado de alcançar.

Continua-se a trabalhar bem na formação, onde as selecções portuguesas vão marcando presença nas fases finais, em masculinos e femininos, mas o reflexo sénior desse labor de excelência pouco se observa. A forte crise que abalou as modalidades de pavilhão em Espanha não ajudou em nada a uma liga totalmente periférica, com valores de enorme qualidade mas sem montra para os ‘vender’. A passagem do FC Porto pela fase de grupos da Liga dos Campeões 13/14 valeu a mudança de Tiago Rocha para o Wisla Plock e de Wilson Davyes para o Nantes, optando Gilberto Duarte por continuar no Dragão Caixa, apesar das diversas ofertas, nomeadamente da melhor liga do mundo, a alemã.

Esta situação não sucederá nesta época pois os portistas não se conseguiram apurar para a fase de grupos. Na EHF Cup o Sporting CP entrará na segunda ronda e defronta os eslovacos do Sporta Hlohovec, enquanto o campeão nacional salta para a terceira ronda da competição. Benfica e ABC jogarão a Challenge Cup, com encarnados a encontrar os noruegueses do Fyllingen Bergen e minhotos a aguardar adversário na ronda seguinte após ficarem isentos do sorteio por serem a formação com melhor ranking.

A crise, ausência de uma aposta e desenvolvimento concertados, conjuntos, tem levado ao abandono de muitos andebolistas de maior ou menor qualidade, dada a pouca probabilidade de uma carreira profissional e a natural aposta na área de estudo/trabalho de eleição fora dos pavilhões e, mesmo da geração dourada, esperar-se-ia mais envolvimento dos nomes agora retirados, na defesa do andebol mais do que na defesa de um ou outro clube, discutindo-se formas, alternativas para voltar a trazer a modalidade ao primeiro plano, delinear estratégias para, por exemplo, associar escolas/academias/clubes às ligas mais fortes, alemã, francesa, polaca, dinamarquesa, húngara, para que os jogadores vivenciem as mesmas, conciliando essa prática com os estudos académicos e os programas de mobilidade europeia, mostrando a qualidade do andebolista português aí e bebendo a metodologia de treino, de jogo da Europa Central.

Desaparecido da RTP, cujo serviço público no que toca ao desporto deixa cada vez mais a desejar, o andebol conta com o canal criado pela federação, os canais dos clubes, Porto Canal e Sporting TV em sinal aberto, Benfica TV com assinatura, aguardando-se para perceber se ABolaTv continuará a transmitir também o campeonato e o programa de Edite Dias, andebola, que mereceria mais divulgação e repetição no canal (também ‘rendido’ basicamente a trios na promoção dos seus próprios programas).

quarta-feira, 10 de setembro de 2014

Escócia - A Derrota Gloriosa

| Andy McDougall

Foi mais uma derrota gloriosa. Sim, a seleção escocesa é especialista nesta arte de valor questionável. O jogo em Dortmund foi outro exemplo daquela sensação agridoce de ter chegado tão perto a alcançar algo especial com trabalho duro, superando as expectativas, às vezes com um pouco dum sentido de injustiça, e encontrar alguma honra no fracasso, que já não é nada estranho para os adeptos escoceses. O que deixa é uma mistura de orgulho e frustração. Assim é a vida para o Tartan Army


  
A Escócia nunca esperou conseguir algo do jogo contra os campeões do mundo mas quando chegas tão perto até é mais frustrante do que perder por uma margem maior. Além disso, não foi por sorte que os alemães não venceram por mais golos; a Escócia defendeu bem e até mostrou perigo no contra-ataque.

O golo da Escócia, marcado por Ikechi Anya, extremo do Watford, e bem assistido por Steven Fletcher do Sunderland, provou que a Escócia é capaz de marcar contra equipas melhores com a bola rolando, mas já sabíamos isso. Mais difícil é deixar o campo com um ponto ou três como prémio pelos esforços dentro das quatro linhas.

O jogo do domingo fez lembrar da derrota por 3-2 em Wembley há um ano contra o rival mais antigo, a Inglaterra. A Escócia jogou bem e por duas vezes teve a vantagem, voltando para o norte orgulhoso mas com o sabor familiar de “quase, quase…”

domingo, 7 de setembro de 2014

Semana 1: Vida de treinador

| Luís Cristóvão

Durante a presente temporada vou tentar, a cada semana, fazer uma reflexão sobre o trabalho de treinador numa equipa de basquetebol. Os comentários, as ideias e as sugestões são desejadas, para que se alimente uma saudável discussão sobre os vários caminhos que podemos seguir. 




O início da temporada é uma espécie de regresso às aulas para os rapazes de uma equipa de Sub-14. Os primeiros dias vão servindo para trocar as experiências de verão e recuperar o convívio entre amigos a fazer algo que adoram fazer: jogar basquetebol. Sendo este um grupo que já estava formado da temporada anterior, as opções de treino visam, sobretudo, reativar os princípios daquilo que pretendemos para a nossa equipa. A generalidade dos exercícios desta primeira semana são já conhecidos dos jogadores que percebem, intuitivamente, o transporte dessa realidade para jogo.

sábado, 6 de setembro de 2014

Albânia: a imperial águia de duas cabeças procura fazer História

| Francisco Sousa




País que fez parte do Império Otomano durante mais de 400 anos e que só em 1992 abandonou em definitivo o comunismo, a Albânia procura impor-se aos poucos e poucos na realidade da nova Europa, mais ocidentalizada e moderna. Também no futebol, o país se vai procurando afirmar, tendo vindo a ganhar preponderância ao longo dos últimos anos, fazendo um brilhante aproveitamento dos recursos que vão brotando por países para onde muitos albaneses emigraram nas décadas de 80 e 90 (sobretudo Suíça e Alemanha...). Misto de jogadores locais e descendentes de emigrantes, já nascidos em países economicamente mais poderosos, a nova selecção albanesa tem vindo a crescer de forma bastante palpável e sustentável ao longo dos últimos três anos. Sem somar qualquer participação numa grande prova internacional de selecções, a equipa orientada pelo experiente técnico italiano Gianni De Biasi procura agora dar a surpresa, numa fase de qualificação que, em teoria, dará mais possibilidades a alguns países com potencial mas mais periféricos e não tão habituados aos eventos grandes...

Amanhã, em Aveiro, a formação balcânica começa um trajecto que se espera difícil, mas que todos os locais esperam que seja de sucesso final, pela primeira vez na sua História. O Euro 2016 ainda não pode ser encarado como um objectivo, mas antes um sonho, uma possibilidade futura, sempre dependente das surpresas dadas nos encontros de qualificação. Na última fase de apuramento, a Albânia chegou a sonhar com os dois primeiros lugares, tendo quebrado na fase mais competitiva, prova de que ainda não estava preparada para assumir os grandes palcos. Apesar da possibilidade de recrutamento de descendentes de albaneses, ex-internacionais por selecções ditas maiores, falta ainda tarimba a uma equipa que, apesar das boas intenções, não possui um registo de jogo lá muito atractivo...

Habitualmente formatada para jogar entre um 4x5x1 e um 4x2x3x1, a Albânia pode ainda apresentar-se em variantes tácticas como o 4x1x4x1 ou o 4x4x2 (recurso utilizado do quando há necessidade de ir em busca de um resultado, juntando dois pontas-de-lança). Gianni De Biasi é um italiano puro na forma de trabalhar a sua equipa, privilegiando a organização defensiva, a solidez táctica e um jogo ofensivo mais directo. Apesar de a equipa saber preencher as zonas mais interiores quando defende, nota-se, por vezes, uma certa falta de contundência em alguns momentos da marcação, além dos espaços entre a linha defensiva e os médios mais defensivos e nas costas dos laterais. Equipa que mistura elementos experientes e outros mais imberbes, esta selecção albanesa irá procurar, certamente, aguentar os ímpetos ofensivos da selecção das Quinas, visando depois o contragolpe.

Em termos ofensivos, a Albânia é, de facto, uma equipa de contra-ataque, podendo explorar a velocidade de elementos como Gashi ou Vajushi ou de um jogo mais directo, visando a referência da frente de ataque (Kapllani, Salihi ou Cikalleshi). Sem grandes desequilibradores na zona de construção, são notórias as dificuldades desta equipa em momentos de posse e organização ofensiva. Falta um "10" mais puro, se bem que os alas até procurem explorar muitas vezes os espaços mais interiores. No fundo, esta é uma equipa talhada para jogar num registo de bloco médio-baixo, esperando a oportunidade para fazer dano através de contra-ofensivas ou de um jogo mais directo para os seus avançados. Tem as suas debilidades, mostrando-se algo vulnerável nas laterais e deixando alguns espaços entre-linhas. Porém, a solidez e experiência de jogadores como Cana ou Mavraj, aliadas à imprevisibilidade de Vajushi e ao critério de Gashi, Abrashi ou Taulant Xhaka (sim, é mesmo o irmão do internacional suíço Granit Xhaka!), podem ser trazer dissabores para a equipa de todos nós.

sexta-feira, 5 de setembro de 2014

Um Guia para a Fase de Apuramento da CAN 2015

| António Valente Cardoso



A qualificação final para a Taça Africana das Nações (CAN) 2015 será realizada de forma compacta, com seis encontros em cerca de dois meses, num modelo qualificativo que poderia ter outro formato, permitindo que todos, ou a maioria, tivessem mais do que apenas dois encontros para lutar pela presença na fase final em Marrocos. Pelo próprio hiato temporal que ‘obrigou’ a uma fase final de grupos tão concentrada, seria mais interessante e justo um acréscimo de 14 selecções à fase grupos, a seis, com 10 partidas, que poderia ter arrancado em Abril/Maio, ou até a passagem a seis grupos de seis, com apuramento dos dois primeiros de cada e um play-off entre terceiros para as restantes três vagas.

Esta é apenas uma entre muitas questões que envolvem o futebol africano, como o continente, com uma forte necessidade de desenvolvimento e actualização.

Ao contrário da Europa, os grupos de apuramento africanos são muito voláteis, o peso dos jogos em casa é enorme, as grandes deslocações, as sequentes e ressurgidas crises, conflitos, complicam as viagens, quase sempre um pesadelo logístico. As convocatórias têm, em bastas ocasiões, de ser refeitas face à recusa de futebolistas em saírem dos seus clubes, países, ligas para defenderem a sua selecção, o seu país. Os erros burocráticos, as desistências de eliminatórias, são normais nestes apuramentos, algo a que a Europa está pouco habituada.

Uma situação que caracteriza o futebol africano correntemente é a inversão de uma tendência. Durante anos, décadas, foram as ‘metrópoles’ europeias a tirar partido dos talentos africanos nas suas equipas nacionais. Hoje em dia, são muitas as equipas nacionais africanas a recorrer aos formandos europeus, filhos da diáspora dessas nações, muitos já nascidos e criados em território europeu, para reforçarem as selecções ‘ancestrais’.

Nas três rondas preliminares três apuramentos por desistência de adversário e duas passagens na secretaria por alinhamento de atletas inelegíveis.