domingo, 29 de maio de 2011

Só se decide no fim

Com duas vitórias caseiras, o Terceira Basket leva a decisão da Proliga de volta a Barcelos, onde na próxima quarta-feira se jogará o jogo final.

A equipa minhota entrou nos dois jogos com vontade de decidir o título, mas a qualidade dos açorianos, conjugada com a vantagem de jogar no seu reduto, impediu que a competição ficasse decidida este fim-de-semana.

No jogo 3, as equipas fizeram uma primeira metade muito equilibrada, sendo que um terceiro período de ascendente da equipa de Barcelos teve como resposta dez minutos de espectáculo ofensivo dos açorianos, que acabaram por vencer por 89-70.

No jogo 4, a equipa minhota chegou ao intervalo com 12 pontos de vantagem e, mais uma vez, parecia perto de ter o título resolvido. No entanto, uma excelente resposta dos açorianos no reatamento da partida permitiu-lhes uma vitória por 86-77.

Durrell Nevels e Nate Bowie foram os homens em destaque no Terceira Basket, contando com boas exibições de Diogo Gonçalves (jogo 3) e Álvaro Pontes (jogo 4). Da parte do BC Barcelos, Pedro Silva teve duas grandes exibições, ainda assim insuficientes para evitar o regresso ao Minho onde, na próxima quarta-feira, as duas equipas jogarão a cartada final da Proliga 2010/11.

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Porto manda no Dragão

Mais um grande jogo do Porto Ferpinta, que bateu o Benfica por 91-79. As águias apresentaram-se frágeis e nervosas demais para bater os dragões, que voltaram a fazer um jogo dominante em sua casa.

O Porto parecia estar melhor, mas no primeiro quarto, era o Benfica quem tentava fazer tudo o mais simples possível. Ambas as equipes foram surpreendidas pelos critérios dos árbitros, deixando que se jogasse duro. Mas com o tempo, Henrique Vieira e Moncho López tiveram que  fazer alterações, dadas as faltas acumuladas por alguns jogadores. Porto fechou o  período com seis pontos de vantagem, mas o Benfica estava em jogo.

Com Marquin Chandler e Ben Reed no seu melhor, o Benfica foi capaz de pegar no jogo e tomou a liderança da partida. O Porto sentia grandes diferenças, quando tinha José Costa ou Sean Ogirri na direcção do jogo. Costa é um verdadeiro base, e um jogador muito experiente, mas não tem ritmo para parar jogadores como Miguel Minhava. Ogirri é um forte defensor e um lançador bem mais eficaz, mas não tem qualidades de direcção, que o fez perder algumas posses de bola durante o jogo. Com tudo isso, o jogo chegou empatado ao intervalo.

Os Dragões mudaram de atitude no terceiro quarto, optando por ataques rápidos e uma selecção de lançamento bem melhor. O Benfica perdeu a cabeça, com Elvis Évora muito nervoso, chegando ao ponto de quase agredir um adversário, após um ressalto, numa jogada que não foi sancionada pela equipa de arbitragem. Os Dragões atingiram uma vantagem superior a dez ponto e as esperanças do Benfica neste jogo ficaram desfeitas.

Até o final do jogo, mesmo que o Benfica tenha tentado reagir, o Porto foi capaz de garantir a vantagem. Julian Terrell (24 pontos, 15 ressaltos) foi o MVP, com Carlos Andrade (16 pontos, 8 assistências) e Greg Stempin (27 pontos, 7 ressaltos)a apresentarem-se a muito bom nível. Quanto ao Benfica, Greg Jenkins (17 pontos, 6 ressaltos) foi o melhor jogador.

No próximo domingo, no Pavilhão da Luz, poderemos encontrar o novo campeão da LPB. 

segunda-feira, 23 de maio de 2011

O antídoto para Bowie

O BC Barcelos ficou a apenas uma vitória de conquistar o título da Proliga, depois de bater o Terceira Basket nos primeiros jogos da final.

Ricardo Rodrigues encontrou uma forma de parar Nate Bowie e obrigou-o às suas duas piores exibições desde o início dos Playoff. Aliás, desde Fevereiro que Bowie não tinha dois jogos consecutivos que uma concretização tão baixa e a equipa açoriana sentiu a sua falta para poder discutir o resultado até ao final destes dois jogos.

Vencendo por 67-59 e 77-64, a equipa de Barcelos teve os seus momentos altos nos terceiros períodos de cada partida. Em ambos os jogos, foi nesse momento que a equipa minhota partiu para a vitória, conseguindo vantagens de 10 e 8 pontos. A reacção açoriana nunca foi suficiente para fazer frente aos homens da casa.

Carlos Fechas e Pedro Silva estiveram em grande forma, contando com o acerto no lançamento de Nuno Pedroso na segunda partida. Do lado do Terceira, Nate Bowie, mesmo abaixo das suas possibilidades, foi o delfim de Durrell Nevels, que tem vindo a provar ser um dos melhores jogadores da Proliga.

No próximo fim-de-semana, viagem até aos Açores, para encontrar o campeão ou para ficar a saber que o Terceira Basket se mantém vivo nesta luta.

Começar do zero

É o que vai acontecer no jogo 5 das Finais da LPB, depois do Benfica ter aproveitado o factor casa para recuperar da desvantagem que trazia do Dragão Caixa.

Ao vencer por 86-79 e 79-75, o Benfica recuperou a sua posição na luta pelo título. Quem se deslocou ao Pavilhão da Luz, pode ver uma equipa encarnada senhora das suas reconhecidas qualidades: capacidade defensiva, organização ofensiva e uma enorme experiência, que lhe valeu a possibilidade de segurar o jogo sempre que a equipa dos Dragões tentou rebater a superioridade que o Benfica colocava em campo.

Na equipa de Moncho López surpreendeu a falta de consistência nos dois jogos, depois de exibições tão seguras nas partidas disputadas em casa. Sean Ogirri e Greg Stempin tentaram colmatar as baixas de forma de alguns dos seus colegas, mas foi sobretudo o colectivo que se mostrou incapaz de responder ao desafio lançado por um adversário muito mais experiente.

Com estas duas vitórias, a equipa benfiquista parece recuperar o ânimo que lhe faltou no primeiro fim-de-semana das finais. No entanto, regressados a casa, os Dragões poderão voltar a mostrar todos os atributos que lhe permitiram vencer facilmente os jogos aí disputados.

Uma nota para o acompanhamento televisivo destas finais. Depois de nos jogos disputados no Porto termos tido a Sport tv a fazer as transmissões directas, os jogos de Lisboa ficaram a cargo da Benfica tv. No entanto, o canal do clube lisboeta não assumiu o seu compromisso, transmitindo em directo apenas a segunda parte do encontro. Sendo que isto era previsível (dada a participação de uma outra modalidade do clube numa final europeia), não teria sido possível fazer a transmissão noutro canal ou via internet? O basquetebol português merecia essa atenção. 

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Ser Futebolista


Marko Prso lembra-se bem do dia 22 de Junho de 1986. Foi o dia em que teve a certeza de que iria ser jogador de futebol. Estava na casa dos primos do seu pai, em Pristina. Um dos seus afastados primos tinha casado no dia anterior e, como era tradição da família Prso, todos se juntaram em volta desse casadoiro familiar. A família Prso estava espalhada por toda a Jugoslávia, dez irmãos nascidos em Belgrado mas divididos pelas diversas províncias, quase todos, em trabalhos ligados à administração pública. Então, nesse dia do Verão de 1986, Marko estava em frente à televisão a ver o jogo do Mundial do México, Maradona recebeu a bola ainda atrás do meio campo e correu entre uma série de adversários ingleses até, praticamente, entrar baliza dentro com a bola nos pés. Marko ia ser futebolista.
Na verdade, Marko já jogava futebol há uns anos, na escola do FK Rad. Era o clube que ficava mais perto da sua casa no Bairro de Banjica, curiosamente, no caminho para a escola que frenquentava. Quando Marko Prso revelou qualidades para ser futebolista, o seu pai decidira inscrevê-lo no clube. Digamos que o FK Rad compensava na sua escola de formação a falta de títulos relevantes no seu historial. Mas havia sido, claramente, uma escolha de proximidade. Marko Prso cresceu como homem e como jogador no relvado do Estádio Kralj Petar. O seu futebol nunca mereceu chamadas às selecções jovens porque essas eram dominadas pelos grandes clubes da cidade e pelos clubes de Zagreb. Mas foi sem surpresa que, aos 17 anos, se estreou na equipa principal do FK Rad.
Nessa época de 89-90, Marko jogou apenas três vezes na equipa. Dividia-se entre os treinos, os jogos nos juniores e a escola secundária, onde pensava conseguir colocação na Universidade. Marko era um exemplo dos jovens criados na disciplina dos regimes de leste. Desportista e estudante dedicado, conseguia, graças ao esforço da sua família e à benesse de dirigentes e professores, conciliar ambas as carreiras. A verdade é que, no final dessa época, realizou os exames necessários para se tornar estudante da Universidade de Belgrado. Na época seguinte, a vida de Marko começou a sofrer com a inconstância política do seu país. As notícias vindas dos seus familiares eram cada vez mais preocupantes e, na Universidade, Marko assistia a longos debates de estudantes oriundos de diversas repúblicas que ameaçavam, agora, declarar a sua independência.
Ainda assim, o futebol de Marko Prso encontrava espaço para sobressair. Sendo utilizado regularmente na equipa do FK Rad, Marko acabava por beneficiar do facto de vários jogadores croatas e eslovenos se recusarem a jogar na Selecção da Jugoslávia para se sentar, pela primeira vez, no banco da Selecção, no dia 16 de Maio de 1991, no jogo contra as Ilhas Faroé. Esse jogo foi tão mais significativo por, numa altura em que o território já começava a provar os primeiros dissabores da guerra, ter sido o último realizado pela equipa da Jugoslávia unificada em casa. Marko Prso voltou a ser convocado para os jogos seguintes, sempre sem ser utilizado, e esteve na concentração da Selecção que acabou por ser excluída do Euro 92.
O sonho de Marko tropeçava assim numa guerra que ele compreendia mal. No Verão de 92, o seu pai era um homem abatido, desconhecendo o paradeiro de três dos seus irmãos, algures na Bósnia ou no Kosovo. Marko Prso percebeu que, mais importante que o sonho de futebolista, era a sua família, aquela mesma família que se juntava em redor dos seus antes da guerra. Então alistou-se no Exército Sérvio e partiu para o conflito. Marko fizera isto para que o seu pai pudesse, através dele, manter-se informado do que se passava na guerra, no dia-a-dia das populações e dos militares. Uma forma de tentar sossegar o seu pai entregando-se ao suplício de lutar por algo que lhe custava definir. Era uma opção estranha, mas uma opção que todos, em sua casa, compreenderam.
Entre 1992 e 1995, Marko Prso não jogou futebol. Só quando voltou a instalar-se em Belgrado, suportando mal a notícia da morte de quatro dos seus tios e de nove dos seus primos, Marko Prso voltou a colocar a hipótese de tocar numa bola. O jovem estudante e desportista tinha ficado para trás. Ele era agora um homem, definitivamente marcado pela experiência da guerra, com a cabeça tomada pela incompreensão. Precisou ainda de muito tempo para acertar o seu passo com o passo de uma cidade em paz. Mais ainda para se sentir seguro entre outros homens e mulheres que, na verdade, não lhe queriam mal nenhum. E um outro tanto para poder voltar a vestir uma camisola e a entrar num relvado.
Em Setembro de 1999, Marko Prso foi suplente utilizado no jogo entre o Hadjuk Belgrado e o Zemun. Com a camisola branca e vermelha do Hadjuk, perto dos 80 minutos de jogo, Marko Prso dominou a bola junto à linha do meio-campo, avançou entre o surpreendido e o raivoso entre os defesas adversários e entrou com a bola pela baliza dentro. Na bancada, o seu pai e dois dos seus tios choravam. Marko Prso correu até à linha lateral, com um sorriso triste. Marko Prso sabia que era um futebolista.  

Babo campeão em Angola

O treinador português conduziu o Petro de Luanda ao título, confirmado ontem com uma vitória sobre o Interclube (89-78).

Com um fantástico percurso na Final Four do BAI Basket, o Petro de Luanda conquistou o seu 11º título de Angola, destronando assim os campeões do 1º de Agosto e garantindo presenças na Liga dos Campeões Africanos e na próxima edição da Supertaça Compal.

Em declarações à Angop, Alberto Babo destacou a juventude da equipa, afirmando que “com os miúdos é preciso paciência. Tivemos muito trabalho no início da época e agora estamos a colher os frutos”. O técnico agradeceu o apoio prestado pela direcção do Petro e acabou por dedicar o triunfo à sua família.

Do plantel campeão fazem parte Roderick Nealy (que passou pelo Vitória de Guimarães) e os internacionais angolanos Carlos Morais, Hermegildo Mbunga, Miguel Kiala, Paulo Santana, Roberto Fortes, Paulo Barros e Ildefonso Kitekulo, para além de outro norte-americano, Cedric Issom, e vários jovens locais. Na equipa técnica de Babo encontramos ainda Manuel Silva “Gil”, que fez grande parte da sua carreira de atleta em Portugal, tendo começado como treinador na equipa B da Física de Torres.

Outro treinador português com larga carreira em Angola, Luís Magalhães, anunciou já a sua despedida do 1º de Agosto, sendo que depois de vários títulos conquistados, a sua última temporada com a equipa dos militares ficou marcada por sucessos na Liga dos Campeões Africanos e na Supertaça Compal disputada em Lisboa.


segunda-feira, 16 de maio de 2011

Ros Casares’ Dream Team


After a season when Ros Casares fell short of their desired titles (Spanish Liga Femenina and Euroleague), team president German Ros had only one option moving forward: in Valencia, it’s time to go big for the 2011-12 season.
On their roster, we’ll find three WNBA draft number one picks, two Euroleague champions, the Spanish Liga Femenina's MVP and some other European stars. Valencia will be a place to visit in the next European season.
It's hard to decide where to start analyzing this team that made a few big additions.
But Lauren Jackson, who just recently signed with Ros Casares, should be first.

Benfica não apareceu

Um Porto Ferpinta dominador destruiu a equipa encarnada, vencendo por grandes diferenças os dois primeiros jogos da final da LPB.

No primeiro encontro, 95-69, no segundo, 93-60. A equipa encarnada mostrou-se sempre bastante amorfa, durante as duas partidas, não conseguindo encontrar antídoto para o acerto no lançamento exterior, nem forma de segurar a velocidade e a intensidade com que os portistas jogam. Analisando as duas partidas, parece-nos evidente que do lado do Benfica, há um ciclo que chega ao fim. O treinador parece não ter mão nos seus jogadores, que não se coíbem de discutir dentro do próprio campo. Nenhum jogador mostrou ter condições, sequer, para liderar alguma resistência perante um conjunto azul e branco que chega à final em grande forma.

Sabendo dosear a utilização de Sean Ogirri e José Costa na liderança da equipa, Moncho López confia muito do lançamento na eficiência de Carlos Andrade, que desde as últimas duas jornadas da fase regular, tem vivido um grande momento. Para além disso, Greg Stempin e Julian Terrell são ágeis e fortes demais para defensiva encarnada que tem que utilizar Élvis Évora até ao limite, dado que Greg Jenkins se mostra sempre pouco agressivo defensivamente. Com Rodrigo Mascarenhas em dificuldades, depois de uma lesão, e Marquin Chandler a mostrar-se como um jogador essencialmente exterior, faltam ao Benfica capacidade para lutar debaixo das  tabelas.

Outra das chaves desta final está a ser a forma como Moncho coordena a defesa de Miguel Minhava e Bem Reed. Para além dos dois bases, Diogo Correia tem sido chamado a jogo vários minutos, de maneira a conseguir isolar um dos bases encarnados, que passaram ao lado dos dois jogos. Um domínio tão completo era algo pouco esperado, de duas equipas que se mostraram sempre muito equilibradas durante toda a temporada.

Agora, quando se voltarem a encontrar no pavilhão da Luz, é ao Benfica que cabe a grande responsabilidade de esboçar uma reacção perante uma série que pareceu decidida no Dragão Caixa. Os adeptos encarnados esperarão esse último grito de uma equipa que terá que recuperar o seu espírito operário para desmontar a máquina portista, que está mais afinada do que nunca.  

Barcelos e Terceira na final

As vantagens conseguidas na semana passada foram decisivas para a festa do BC Barcelos e do Terceira Basket, que garantiram a subida à LPB e vão agora disputar o título de campeões da Proliga.

Em Torres Vedras, muita emoção em dois jogos diferentes, que deram uma vitória para cada lado, mas permitiram aos barcelenses a festa da subida, vestindo Nuno Pedroso a pele de herói, com um lançamento no último segundo. O jogo de domingo terá sido dos piores da temporada, no que toca à percentagem de lançamentos conseguidos, o que ajuda a explicar um resultado de 45-47. A equipa da Física entrou surpreendentemente nervosa e ansiosa, sem liderança dentro de campo, com todos os jogadores a optarem, em grande parte dos casos, por lançar sem jogar. Isso beneficiava a equipa de Barcelos, que optando pela procura do contacto e por uma defesa muito fechada, não permitia qualquer veleidade aos homens de Torres Vedras.

A segunda parte não alterou a inépcia com que a equipa caseira enfrentava a partida, ainda que Carlos Dias tentasse acordar os seus colegas. Miguel Salvador nunca conseguiu entrar na partida, terminando o jogo com 1/9 em lançamentos de campo e 6 turnovers. Do outro lado, o acerto no momento do tiro não era melhor, levando o jogo até a um empate a 45, quando se entrava na recta final. A Física parecia ter a última posse de bola, mas Salvador optou por um lance individual, fazendo uma falta ofensiva e oferecendo sete segundos ao adversário para decidir o jogo. Num movimento típico dos barcelenses, a bola foi encontrar Nuno Pedroso no canto esquerdo, que não desperdiçou a oportunidade de fazer a festa.

Tudo isto aconteceu depois de, no sábado, a Física ter feito um jogo perfeito(82-66), que ofensiva, quer defensivamente, não dando qualquer hipótese de reacção à equipa de Barcelos. As duas faces da equipa de Torres Vedras valem-lhe a eliminação nas meias-finais e o adiamento do regresso à LPB, onde o BC Barcelos se estreará na próxima temporada.

Quem também terá direito a estreia na Liga será o Terceira Basket, que bateu o CD Póvoa (86-94) no jogo 3 das meias-finais. A equipa açoriana, liderada por dois dos melhores jogadores da Proliga (Nate Bowie e Durell Nevels), bateu a jovem equipa poveira, num jogo onde esteve sempre na frente. A equipa da Póvoa de Varzim fez um excelente playoff, dando sinais de que, mantendo os principais jogadores do plantel, poderá aspirar a mais altos voos no futuro. Já o Terceira Basket começou muito mal a temporada, mas chega à final com muita confiança.

A final será disputada por duas equipas com estilos de jogo muito diferentes. Curiosamente, pelo segundo ano consecutivo o título da Proliga é disputado por uma jovem equipa nortenha (o ano passado foi o CB Penafiel) e um conjunto dos Açores (o Lusitânia, em 2010). O basquetebol português é, cada vez mais, um assunto do Norte e das Ilhas, sendo que o Benfica será a única equipa da LPB situada abaixo do Mondego, na próxima temporada. 

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Em busca de oportunidades

Há um português a disputar os playoffs da Liga EBA, em Espanha. Chama-se Ricardo Gaocho, tem 23 anos, e passou pelas selecções jovens do nosso país.

Tendo começado a jogar no Clube Elvense de Natação, passou pelo Campomaiorense, Círculo Badajoz, Física de Torres e representa actualmente o ABP Badajoz, equipa que venceu o seu grupo na Liga EBA e entra este fim-de-semana nos playoffs de promoção à liga LEB Prata, enfrentando a equipa B do Real Madrid.

O Planeta Basket falou com este jovem jogador que, depois de um problema físico, volta a jogar a um bom nível e espera ter novas oportunidades em Portugal.


Olá Gao, que balanço fazes desta temporada no ABP Badajoz? Estás a cumprir os teus objectivos?
O meu principal objectivo este ano era saber se podia voltar a jogar basquetebol sem limitações, depois da operação a uma hérnia discal a que fui submetido. A temporada correu melhor do que eu esperava, tanto a nível individual como colectivo, pois consegui treinar toda a temporada sem limitações e, desde a primeira jornada, conseguimos manter o primeiro lugar do grupo D da liga EBA.


Foi muito difícil garantir o primeiro lugar no vosso grupo? O objectivo é a subida?
Foi difícil, pois algumas das equipas desceram da LEB Prata mantendo o plantel completo e muitos jogadores já tiveram experiencia na LEB Prata e Ouro.
Sim, o objectivo agora é chegarmos a final do playoff e subir de divisão.


O que esperas encontrar no confronto frente ao Real Madrid B?
Como todos sabemos o Real Madrid é uma instituição d basquetebol a nível europeu, conforme a presença na final four da Euroliga pode confirmar. Não vamos jogar contra a equipa principal, mas os escalões de formação trabalham todos com os mesmos moldes e muitos dos jogadores da equipa B treinam várias vezes na equipa A do Real Madrid. Vamos tentar contrariar este favoritismo sabendo o grau de dificuldade que vamos encontrar, tendo eles uma rotação de 12 jogadores todos ao mesmo nível.


Começaste a jogar numa região onde o basquetebol tem pouca implementação. O que te fez começar a praticar a modalidade?
Comecei a jogar no Clube Elvense Natação, depois no Campomaiorense, quando acabou a época em júnior passei pelo Circulo de Badajoz e outra vez depois da operação à hérnia para ver se tinha possibilidades de voltar a jogar a um nível superior. Desde sempre na minha família o desporto principal foi o basquetebol, inclusive alguns deles mentores da iniciação deste desporto em Elvas. Também devido ao facto de estarmos tão perto de Espanha, tínhamos acesso à televisão espanhola onde se podiam ver jogos da ACB e da NBA num canal público, passando então para mim o gosto pela modalidade.


Representaste a selecção nacional nas camadas jovens, como foi a experiência?
Foi, sem dúvida, uma boa experiência, principalmente quando vivi um ano no Centro de Alto Rendimento no Porto e participei com a selecção nacional no apuramento para o campeonato europeu na Hungria.


Sentiste que cresceste como jogador ao integrares a selecção?
Sim, senti que cresci como jogador, só tive pena de não me darem continuidade à formação que tive durante esses anos, pois muitos da minha geração e de outras que por ali passaram, já não jogam basquetebol,  sendo que  poucos integraram selecções seguintes.


Ainda júnior, tiveste a tua primeira experiência em Espanha (Círculo de Badajoz). O que te levou a ir para o país vizinho?
A localização geográfica, o nível em que o basquetebol espanhol se encontra em relação ao português e, acima de tudo, o facto de não ter mais nenhum clube a menos de 100 km. 

Depois, voltaste a Portugal para jogar na Física, e apesar de excelentes exibições na equipa B, nunca conseguiste afirmar-te na equipa principal. O que pensas terá contribuído para isso?

No inicio de uma época, quando são alimentadas expectativas e os treinadores dizem que vão dar oportunidade aos jogadores mais novos para começarem a ganhar experiência a outro nível, isso em Portugal raramente acontece, nem quando os resultados são favoráveis em dezenas de pontos os jovens tem a oportunidade de jogar uns minutos e com isto um jogador que treina uma época inteira e se esforça, como aconteceu comigo, não recebe o devido valor. Acaba por ser desmotivante, e leva à desistência de vários jogadores que sobem a sénior. Mesmo não tendo as oportunidades que eu achava que merecia, nunca desisti e sempre lutei por aquilo que realmente gosto.

Ainda assim, fizeste parte da equipa que ganhou a Proliga em 2008. Qual foi a sensação de fazer parte de uma equipa campeã, ainda para mais num ano em que a Proliga teve tanta atenção mediática?
Foi uma sensação única, a equipa sempre trabalhou unida e lutou para que esse objectivo fosse cumprido. Um dos grandes momentos foi chegada à final depois de eliminarmos o Benfica, sendo esta uma equipa que manteve o plantel que tinha na liga profissional.

Depois de saíres da Física, o que aconteceu com a tua carreira?  
Quando saí da Física tinha uma hérnia discal na zona L4-L5 que tinha sido diagnosticada há vários meses. Fui a muitos médicos procurar soluções e, em consequência, fiz várias radiografias, TACs e ressonâncias, acabando tudo isto por ser descontado no valor do seguro que tinha do clube. Alguns meses depois, a lesão piorou, não me permitindo treinar ou trabalhar, pois mal conseguia andar ou sentar-me. Posto isto, a única solução foi uma operação complicada e cara que o seguro desportivo não cobriu, precisando assim de uma ajuda monetária dos meus familiares.
Sem clube e depois desta operação, demorei um ano e meio a recuperar, tendo como único apoio a família e amigos.

  
Estares a jogar no  ABP Badajoz é um sinal de que podemos voltar a ver-te num nível mais alto em Portugal?
 Chegar ao ABP Badajoz foi de grande mérito para mim, consegui voltar a fazer aquilo que gosto depois de tudo pelo que passei e trabalhei. Gostava de voltar a jogar em Portugal, se o projecto fosse tentador e com objectivos claros, pois voltar a passar pelo que passei e ver equipas com rotações de apenas 6 ou 7 jogadores não é o meu objectivo para o futuro.

Para terminarmos, como comparas os níveis de jogo, na formação, entre as competições portuguesas e espanholas?
Na formação, comparando competições, penso que Espanha está num nível superior, pois os treinadores espanhóis pensam de maneira diferente em relação à importância do trabalho com as jovens promessas e escalões de formação. Outra razão é a grande influência de jogadores espanhóis na NBA e ACB, sendo esta a segunda melhor liga do mundo. Por último, e não menos importante, a quantidade de adeptos que seguem o basquetebol em Espanha também influência.
No ABP Badajoz, que esta na liga EBA, na quarta divisão em Espanha, existe um nível de competitividade igual ou superior ao da Proliga. Treinamos todos os dias e está sempre presente um fisioterapeuta e um preparador físico e para os jogos também nos acompanha um medico. Todas as semanas é feito um “scouting” da próxima equipa com quem vamos jogar, para estarmos preparados e conhecer o nosso adversário.

Desejo-te boa sorte para os próximos jogos e para o resto da tua carreira.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

A vitória do factor casa

BC Barcelos e Terceira Basket ganharam os dois primeiros jogos das Meias-finais da Proliga, aproveitando a vantagem de começar em casa.

Basquetebol espectáculo nos Açores, com duas equipas a apostar num jogo marcadamente ofensivo para atingir o objectivo da subida de divisão. Na partida de sábado, as equipas estiveram sempre muito próximas no marcador até que, no terceiro quarto, os açorianos dispararam em direcção à vitória. O jogo ficou ainda marcado por várias exclusões de jogadores importantes para cada um dos lados, obrigando a que os bancos dessem resposta. Na partida de domingo, o mesmo equilíbrio, mas desta vez com maiores diferenças no marcador. O Terceira Basket entrou a dominar a partida e ganhou uma larga vantagem, logo anulada pelo CD Póvoa no segundo período. Ainda assim, os açorianos foram mais fortes e conseguiram gerir o resultado até chegar ao fim com uma vitória. Durrell Nevels, Nate Bowie, Nuno Oliveira e Anthony Oha estiveram em grande nos dois jogos, com Frederico Tavares e Rui Coelho a darem também boas indicações.

Em Barcelos, a equipa mais regular da primeira fase do campeonato confirmou os seus pergaminhos, não sem evitar algumas dificuldades para bater a experiente equipa da Física de Torres. No jogo de sábado, o momento decisivo da partida ocorreu numa fase inicial, entre o final do primeiro e o início do segundo período. O BC Barcelos conseguiu distanciar-se no marcador e a Física, mantendo o equilíbrio na partida, não foi capaz de voltar a aproximar-se. No jogo de domingo, foi a equipa de Torres Vedras quem entrou melhor, mostrando-se superior no início da partida, mas a equipa de Barcelos, com um cinco mais forte, conseguiu manter a vantagem de jogar em casa. Em ambas as partidas, o fraco rendimento do lançamento exterior da Física (3 em 34 tentativas, na soma dos dois jogos) acabou por ser fatal para as suas aspirações, mesmo que tenha conseguido lutar de igual para a igual no jogo interior, onde o Barcelos detém um histórico favorável. Entre uma e outra partida, notou-se também a factura física, com as equipas a serem obrigadas a uma gestão dos seus jogadores, visto terem plantéis mais velhos do que aqueles que disputam a outra meia-final. Pedro Silva, Carlos Fechas e Tiago Barreiro tiveram grande responsabilidade no sucesso da sua equipa, enquanto entre os visitantes, Jason Underwood, Carlos Dias (sábado) e Anastácio Sami(domingo) mostraram que a equipa torreense mantém vivas as esperanças de conquistar um lugar na final.

Resultados do Jogo 1

BC Barcelos – Física de Torres 75-68
Terceira Basket – CD Póvoa 94-90

Resultados do Jogo 2

BC Barcelos – Física de Torres 79-69
Terceira Basket – CD Póvoa 98-93

E o vencedor é o Panathinaikos!

A equipa ateniense, liderada pelo MVP Diamantidis e conduzida pela lenda Obradovic (8 títulos europeus!), venceu a grande final do basquetebol europeu ao bater o Maccabi Telavive.

Desde o início da partida, o Panathinaikos mostrou ser mais forte que o seu adversário, ainda que ambos tivessem tido excelentes exibições na sexta-feira, mostrando-se merecedores da presença no último jogo da temporada. Depois de uma primeira parte onde o jogo dos gregos apostou na presença interior, a segunda parte foi um passei para os lançadores exteriores, com Romain Sato e Drew Nicholas a cotarem-se como armas letais.

Mas a estrela da partida foi mesmo Dimitris Diamantidis. O líder do Panathinaikos marcou 16 pontos, 5 ressaltos e 9 assistências, acabando por ser o maior provocador de faltas da sua equipa. Pelas suas mãos passaram todas as decisões do jogo, sendo que Diamantidis é o sonho de qualquer treinador de basquetebol, o prolongamento perfeito dentro de campo. Para além disso, o Panathinaikos tem no banco o grande génio do basquetebol europeu, Zeljko Obradovic. Ao somar o seu oitavo título da Euroliga, Obradovic coloca-se num trono ainda mais inalcançável.

O treinador sérvio atinge, aos 51 anos, o seu oitavo título da Euroliga. Depois de ter conquistado títulos ao serviço do Partizan Belgrado, Joventut Badalona e Real Madrid, Obradovic soma o quinto título com a equipa do Panathinaikos. Não podemos esquecer que o seu sucesso também já ficou marcado com a selecção da Jugoslávia, atingindo o Ouro num Mundial e num Europeu (98 e 97), para além da Prata nos Jogos Olímpicos de 1996. Totalmente impressionante.

Fim de semana inesquecível em Barcelona

As meias-finais de sexta-feira marcaram o primeiro ponto alto da competição. A equipa do Real Madrid perdeu frente ao Maccabi Telavive (63-82), mostrando-se como a equipa mais frágil desta final, não pelos jogadores que a compõem, mas sobretudo pela fragilidade competitiva que o plantel tem demonstrado ao longo da época. Chuck Eidson (19 pontos, 6 assistências) foi imparável ao longo desta partida.

Já a segunda meia-final foi bem mais equilibrada, com o Montepaschi Siena a mostrar argumentos frente ao futuro campeão Panathinaikos, que acabou por vencer a partida por 77-69. Nesse primeiro jogo, o herói do jogo foi Nick Calathes (17 pontos, 6 ressaltos). A equipa italiana haveria de acabar em grande a sua passagem por Barcelona, batendo o Real Madrid (80-62), no jogo do terceiro e quarto lugar. Ksistof Lavrinovic (17 pontos, 5 ressaltos) mostrou porque foi considerado um dos jogadores mais influentes da equipa de Siena.

Jovens croatas prometem futuro

Na final do Torneio Internacional de Juniores, patrocinado pela Nike, e também realizada durante o fim-de-semana na capital da Catalunha, o KK Zagreb bateu o Zalgiris Vilnius por 76-65. A equipa croata fez uma prova impressionante e comprovou ter em Dario Saric (20.3 pontos, 12.3 ressaltos, 6.3 assistências) uma das maiores  promessas do basquetebol mundial. Muitos dos atletas que passaram por esta competição acabarão por, no futuro, marcar presença no ponto alto deste evento. Entre os mais ambiciosos, talvez alguns sonhem com a possibilidade de o fazer já no próximo ano, quando Istambul receber a Final Four da Euroliga.

domingo, 8 de maio de 2011

O futebol real-visceralista



Dele se esperava que fosse o novo grande craque do futebol mexicano. No início dos anos setenta vivia-se um clima de prosperidade no futebol mexicano, com os estádios cheios de gente que procurava encontrar no campeonato local o mesmo futebol espectacular das grandes selecções, como a do Brasil. No entanto, faltava encontrar um jovem jogador que pegasse em todo este entusiasmo e se transformasse em símbolo. Dele se esperaria que fosse o novo grande craque do futebol mexicano. O seu nome era Ulisses Lima. 

Ulisses Lima nasceu a 25 de Dezembro de 1953. Desde muito cedo frequentou as escolas de formação do Pumas-Unam, a equipa da Universidade da Cidade do México. O seu futebol atraente, o forte carisma que detinha e o natural entusiasmo mexicano levava a que centenas e centenas de adeptos se juntassem para ver as suas exibições nas camadas jovens do Pumas. Parecia ser uma questão de tempo até que fosse chamado para a equipa principal. Toda a gente esperava que isso acontecesse, toda a gente queria o craque entre os maiores. E assim foi.

A grande estreia de Ulisses Lima na equipa sénior do Pumas deu-se em Janeiro de 1970. Era um adolescente iluminado, o jovem Ulisses. Parecia sempre optar pelo movimento mais complicado, o passe mais arriscado, a corrida mais impossível. Era também um provocador das tácticas e das linhas definidas pelo treinador. Em campo, Ulisses mandava, decidia. Apesar desse facto se tornar um pouco irritante para os seus colegas de equipa, a verdade é que no final de cada movimento, Ulisses originava uma jogada perigosa ou de golo. E tudo lhe era perdoado no momento do festejo.

Tanto furor a sua presença criava que acabou por ser chamado para a equipa nacional no Mundial de 70, realizado no seu país. O ainda adolescente Ulisses Lima viu os quatro jogos da carreira do México sentado no banco, mas a simples presença naquele quadro fizeram-lhe sentir que tinha atingido o auge. Terminado o Mundial, o seu contrato profissional foi melhorado e Ulisses pôde mudar-se de casa dos pais para um apartamento bem no centro da cidade. Conquistado o mundo do futebol, a Ulisses faltava agora a conquista de vários outros mundos.

Começou a ser visto na companhia de alguns adolescentes ligados à literatura. Ele e o seu melhor amigo, Arturo Belano, eram denominados como os líderes de uma nova corrente, intitulada de "realismo visceral". Arturo Belano era o verdadeiro conhecedor da poesia e da literatura, já Ulisses Lima era o agente provocador, capaz de aparecer em saraus ou em apresentações de livros a insultar os maiores nomes da literatura mexicana. A presença deste grupo de jovens, no entanto, não era tão incómoda quanto isso. Eram os novos, tinham direito às suas aventuras, ninguém lhes dava assim tanta importância.

Não era isso, ainda assim, o que eles sentiam. Para Ulisses Lima, a literatura tornara-se numa missão. Agora passava a maior parte das suas noites nos bares mais escuros da cidade, como se procurasse um encontro com um misticismo que lhe alterasse o curso da vida. Continuava a jogar no Pumas, e por isso era reconhecido, embora não colocasse em campo a mesma magia de antes. Disso se ressentiu a selecção mexicana que acabou por ficar de fora do Mundial de 74. Ulisses Lima tinha agora 21 anos e ainda se esperava que ele fosse o grande craque do futebol mexicano. Só ele já não acreditava em tal coisa.

Ulisses Lima e o seu amigo Arturo Belano continuavam a sua investigação acerca do "realismo visceral" e começaram a planear uma viagem pelo México. As aparições de Ulisses Lima eram agora mais esparsas. Faltava muito aos treinos, facto que lhe era perdoado pelos treinadores devido a ser um dos heróis dos adeptos dos Pumas. Mas também isso parecia estar agora cada vez mais em causa, a tal ponto que já havia sido afastado da selecção e a sua presença em campo parecia não adiantar nada para o sucesso da equipa mexicana. De qualquer forma, a data da viagem planeada pelos dois amigos aproximava-se e nada do que pudesse acontecer no seu clube lhe alteraria os planos.

O último jogo de Ulisses Lima pelo Pumas foi contra a equipa do Tecos-UAG. Ulisses Lima foi mais uma vez titular, mas uma noite mal dormida e o seu total alheamento do jogo nada de bom prometiam. Dizem até que Ulisses entrou em campo a ler um livro de filosofia alemã e que, durante os poucos mais de vinte minutos que esteve em campo, o transportava dentro dos calções. O treinador acabou por não aguentar mais ter aquele peso morto em campo e substituí-o por um jovem jogador chamado Hugo Sánchez, que poucos pareciam acreditar que se tornasse sequer num jogador de nível médio.

A viagem de Ulisses Lima e Arturo Belano realizou-se com destino incerto. Vários relatam que se dirigiram para Norte, em busca de Cesárea Tinajero, a mãe do "realismo visceral". No entanto, nenhum desses relatos pôde ser comprovado por qualquer facto concreto. A única coisa que se sabe é que, durante vinte anos, Ulisses Lima desapareceu do mapa. A isso não deverá ser estranho o dado de, no Deserto de Sonora, não existirem clubes de futebol.

Duelo da experiência

BC Barcelos e Física de Torres têm dois dos plantéis mais experientes da Proliga. Ao encontrarem-se nas meias-finais, sabem que apenas uma delas poderá aspirar à subida de divisão. Carlos Dias, capitão da equipa torreense, e Ricardo Rodrigues, treinador dos barcelenses, falam-nos das suas expectativas para a eliminatória que começa este fim-de-semana.

Carlos Dias tem 31 anos e fez a sua formação no SL Benfica. Enquanto sénior, representou o Estoril Praia, o Belenenses, o Universidade dos Açores, o Lusitânia, o Queluz e está na Física de Torres desde 2008.

Ricardo Rodrigues tem 45 anos e, como treinador, passou pelo CD Póvoa e pelo Braga, chegando ao BC Barcelos em 2005. À terceira época neste escalão, a equipa minhota tem vindo a confirmar o seu papel de favorita à subida à LPB.


Quais são as perspectivas da tua equipa para esta meia-final da Proliga? Acreditas que a tua equipa vai chegar à final?

CD: Devido a termos jogadores com experiência e muitos anos de basquetebol, queremos ganhar esta meia-final e depois a final.

RR: Obviamente, vencer. O nosso adversário terá o mesmo objectivo e, com o respeito que ele nos merece, tudo faremos para chegar mais cedo do que ele à terceira vitória.

Quais consideras ser os pontos fortes da tua equipa?

CD: Acima de tudo, em campo cada um sabe o que tem de fazer, não desistimos seja em que situação for e neste momento temos uma enorme vontade de ganhar.

RR: A nossa equipa foi consolidando rotinas defensivas que nos tornam, nesta altura da época, muito regulares ao nível do desempenho defensivo. Pensamos ser este um dos nossos pontos mais fortes.

E quais os pontos fortes do teu adversário nesta meia-final?

CD: É uma equipa com um colectivo forte, equilibrada e também bastante experiente. Ao terminar em primeiro na fase regular, é a grande favorita neste momento.

RR: Os nossos adversários têm-se apresentado muito fortes nos argumentos ofensivos, com muitas e variadas soluções, conforme se constata na grande dispersão de pontos marcados pela equipa. Para além disto, apresentam jogadores experientes e de elevada estatura para este nível competitivo.

Quem é para ti o melhor jogador desta edição da Proliga?

CD: A Proliga tem sido muito equilibrada, alguns jogadores têm feito bons números, mas a destacar alguém só poderia mencionar todos os meus colegas.

RR: Seria muito injusto referir apenas um. São muitos os jogadores que se têm destacado nesta edição e não quero correr o risco de cometer alguma injustiça.

E que equipa pensas que poderá ganhar a competição?

CD:  Todos tem uma palavra a dizer, não creio a alguma equipa esteja feliz só por estar na meia-final, todas querem mais.

RR: Qualquer uma das envolvidas nesta fase da competição poderá fazê-lo. Sem pretender cair em lugares comuns ou fugir à questão, os resultados da primeira eliminatória deste playoff dizem-nos isso mesmo. As equipas que foram 7ª e 6ª eliminaram, respectivamente, os 2º e 3º classificados e o embate entre o 1º e o 8º teve cinco jogos. Perante isto, só posso dizer que não há favoritos nestas meias-finais.

Duelo de capitães

Atingidas as meias-finais da Proliga, ouvimos as opiniões dos capitães das quatro equipas envolvidas. No duelo entre Terceira Basket e CD Póvoa, conversamos com dois atletas que se mostram confiantes na vitória.

O capitão dos açorianos, Dédalo Énes, tem 30 anos e uma longa carreira em equipas açorianas. No seu processo de formação, passou pelo Praiense, Núcleo Sportinguista da Terceira e Lusitânia. Já nos seniores, representou o Angra Basket, o Lusitânia, cumprindo a sua quinta época com a camisola do Terceira Basket.

Aos 31 anos, António Gomes é um capitão de uma equipa que aposta, sobretudo, na formação dos seus jogadores. Gomes é um bom exemplo disso, mantendo-se no clube poveiro desde o inicio da sua carreira.

1. Quais são as perspectivas da tua equipa para esta meia-final da Proliga? Acreditas que a tua equipa vai chegar à final?
 
AG:  As perspectivas são alcançar o maior número de vitórias e seguir em frente nesta eliminatória. A esperança é  sempre a última a morrer e nós vamos lutar para alcançar mais esse objectivo.

DE: As perspectivas são as melhores, ou seja, temos todas as possibilidades de alcançar a, por todos desejada, final da Proliga. Estamos num momento óptimo, confiantes, unidos e a jogar um basquetebol que proporciona momentos de bom espectáculo. Mas para sermos finalistas teremos que ultrapassar um adversário forte, jovem e muito talentoso, que tal como nós eliminou um concorrente que terminou a fase regular no top 3.
Considero, e não é de agora, que será um embate entre duas das quatro melhores equipas da nossa liga. Acredito que um dos finalistas será o Terceira Basket Clube.

  
2. Quais consideras ser os pontos fortes da tua equipa?

AG: O  colectivo, sem dúvida, lutamos todos pelo mesmo objectivo .

DE: Somos uma equipa jovem, irreverente, atlética e talentosa, onde o nosso treinador tem a possibilidade de utilizar 10 jogadores se entender,  de acordo com a sua estratégia e o adversário em causa. Temos um jogo exterior temível, o jogo interior consistente, transições rápidas e somos muito fortes a defender e na luta das tabelas. O grupo de Portugueses está entrosado e motivado para crescer e brilhar e os nosso estrangeiros acrescentam qualidade acima da média.


3. E quais os pontos fortes do teu adversário nesta meia-final?

 AG:  Eles têm um bom lançamento exterior, acrescentado com um jogo interior forte.

DE: Jogam juntos há algum tempo, defendem bem, são inteligentes e rápidos em transição, e têm, tal como nós, profundidade no banco. São um plantel com características e qualidades  muito semelhantes ao nosso. Individualmente tem um jogador que aprecio bastante, o base Nuno Oliveira, que acrescenta muita qualidade e cérebro ao jogo.


4. Quem é para ti o melhor jogador desta edição da Proliga?
  
AG:  Há muitos bons jogadores nesta Proliga, mesmo nas equipas que não chegaram aos playoff. É injusto nomear um, porque são vários os candidatos.

DE: O melhor jogador, em minha opinião, é o Nate Bowie. O melhor base na nossa liga, um jogador inteligente e muito difícil de parar. Ainda bem que o temos connosco... Mas uma palavra para dois outros jogadores, o Pedro Silva, consistência pura, e o Durrell Nevels, um trabalhador e um atleta fantástico.


5. E que equipa pensas que poderá ganhar a competição?

AG: Penso que nesta fase todas elas têm  hipóteses de alcançar tal feito. Se chegaram cá, foi com muito mérito e esforço.

DE: Eu sinceramente acho que passando esta meia-final teremos todas as hipóteses de nos sagramos campeões. Somos capazes, tal como mostramos durante a época regular, de ganhar a qualquer equipa, e em qualquer pavilhão, por isso queremos fazer história neste jovem clube e elevar ainda mais alto o nome da nossa ilha e dos Açores.     

Os craques da Final Four

Quatro equipas vão lutar pela vitória em Barcelona, cada uma delas liderada por alguns dos melhores jogadores do continente. Descobre quem serão as estrelas que vão brilhar na Final Four da Euroliga.

São eles quem os fãs esperam possam decidir jogos, fazendo aquela última jogada que levará o troféu para casa de uma das quatro equipas presentes na Final Four. Eles assumem a responsabilidade que lhes foi entregue durante a temporada, enquanto empurravam a equipa até este último fim-de-semana.

Panathinaikos – Dimitrios Diamantidis

Já não existem palavras que possam acrescentar alguma coisa àquilo que representa Diamantidis no Panathinaikos. Ele é o indiscutível líder da equipa ateniense, um dos mais valorizados da temporada, a expressão em campo do pensamento do treinador Obradovic.

Sendo normalmente utilizado como base principal, mas também aparecendo em posições mais avançadas no campo, Diamantidis lidera a equipa em assistências (6 por jogo), em recuperações de bola (1.6) e faltas sofridas (4.8). É também o jogador mais utilizado e o segundo melhor marcador da equipa, apenas atrás de Mike Baptiste.

Montepaschi Siena – Lester McCalleb

O base norte-americano foi a estrela da equipa italiana até uma lesão o ter afastado das primeiras escolhas da equipa. Ainda assim, e contra todas as previsões, o Montepaschi chegou até à Final Four, onde se espera que McCalleb possa voltar ao cinco inicial.

Na sua ausência, a dupla de lituanos Rimantas Kaukenas e Ksistof Lavrinovic assumiram a liderança da equipa, que ainda assim se apresenta em Barcelona como o conjunto mais solidário da prova, conseguindo fazer com que atletas individualmente menos expressivos apresentem um sólido jogo colectivo. Esta temporada, os homens de Siena já surpreenderam por mais do que uma vez. Será que o vão conseguir frente ao Panathinaikos?

Real Madrid – Sérgio Llull

Apesar de uma época conturbada, com a saída de Ettore Messina após uma derrota pesada na Euroliga, a equipa de Madrid está de regresso a uma Final Four da Euroliga, e logo em território “inimigo”. A equipa tem sido muito criticada em Espanha, mesmo que siga no topo da Liga ACB e tenha conseguido chegar à última fase da competição europeia. O homem que pode decidir as coisas a favor do Real é o jovem Sérgio Llull.

Llull é um jogador muito rápido e com uma excelente visão de jogo. Apesar de dividir o seu lugar com jogadores mais experientes, Prigioni e Sérgio Rodriguez, é Llull quem é chamado nos momentos de decisão. É isso que o faz ser o melhor marcador do Real na Euroliga (11.5 por jogo). Igualmente decisivo, mas em tarefas defensivas, é o norte-americano D’or Fischer. Um craque que será, muito provavelmente, o melhor sexto homem da competição.

Maccabi Telavive – Sofoklis Schortsanitis

O “Baby Shaq” está de volta! Depois de uma infeliz participação na NBA Summer League com os LA Clippers, Schortsanitis renasceu em Israel, sendo a grande figura do Maccabi. Jogador mais valioso da equipa, melhor marcador, uma presença intimidatória debaixo do cesto, o poste grego não tem quem o pare nesta competição. Se estiver nos seus dias, poderá tornar-se decisivo no sucesso da equipa de Telavive.

Para além desta força da natureza, a equipa israelita conta com dois excelentes jogadores no perímetro, Chuck Eidson e Jeremy Pargo. Ou seja, diferentes argumentos para enfrentar uma competição onde todos partilham o favoritismo em doses iguais. 

Final Four da Euroliga

Este é o fim-de-semana mais especial do calendário europeu. Quatro equipas encontram-se em Barcelona para disputar o troféu mais desejado, a Euroliga. A grande surpresa é a falta da equipa da casa, campeão em título, que ficou pelo caminho nos quartos-de-final.

As meias-finais serão disputadas ao final da tarde de sexta-feira, com o Panathinaikos a defrontar os italianos do Montepaschi Siena e o Real Madrid a defrontar o Maccabi Telavive.

Os jogos realizar-se-ão no Palau Saint Jordi, situado em Montjuic, no complexo construído por ocasião dos Jogos Olímpicos de 1992.  O pavilhão tem uma lotação de 16.500 lugares, que estarão plenamente ocupados durante os dois dias da prova.

O Planeta Basket, como parceiro media da Euroliga, faz uma antevisão deste grande evento que não tem transmissão televisiva em Portugal, mas pode ser acompanhado através da Euroleague TV (www.euroleague.tv/)

terça-feira, 3 de maio de 2011

A resposta do Eléctrico

A equipa de Ponte de Sôr foi a única que soube como responder a duas derrotas, vencendo as duas partidas do fim-de-semana frente ao Barcelos. A Proliga continua a ser um ninho de surpresas.

Jorge Afonso no jogo 3 e Edson Ferreira no jogo 4 lideraram a sua equipa para fazer o inesperado: bater o Barcelos por duas vezes. Os vencedores da fase regular não tiveram armas para superar a alteração táctica imposta por Andrei Melnychuk e passaram por dificuldades, sobretudo no lançamento exterior. As duas exibições fabulosas de Pedro Silva não chegaram para terminar com a ronda, sendo que será necessário disputar o quinto jogo, já na próxima quarta-feira.

Em Sangalhos, a Física não permitiu veleidades à equipa da casa, obrigando-a mais uma vez a procurar alternativas aos seus melhores lançadores, já que Emanuel Silva e Nuno Bizarro foram “fechados” pela defesa de Torres Vedras. Com um duplo-duplo, Anastácio Sami fez uma das suas melhores exibições da temporada, mostrando que os homens de Ivan Kostourkov, mesmo com a baixa de Ricardo Rodrigues, são mesmo candidatos a lutar pela subida até ao fim.

Nos restantes jogos, as equipas da parte de baixo da tabela confirmaram a tendência que haviam afirmado na semana anterior. CD Póvoa e Terceira Basket irão disputar entre si uma meia-final muito equilibrada e onde tudo poderá acontecer. Os poveiros, na recepção ao Galitos, contaram com a inspiração de Anthony Oha para fazer a diferença, perante um conjunto barreirense onde António Pires voltou a desiludir. Já nos Açores, Nate Bowie e Durrell Nevels confirmam-se como a melhor dupla de estrangeiros desta liga, dizimando as esperanças do Angra Basket em chegar ao próximo turno.

Depois de resolvida a questão dos quartos-de-final em Barcelos, as meias-finais começam a disputar-se no próximo sábado.

Resultados do Jogo 3

Eléctrico – BC Barcelos 83-79
CD Póvoa – Galitos 66-64
Terceira Basket – Angra Basket 89-85
Sangalhos – Física de Torres 58-63

Resultados do Jogo 4

Eléctrico – BC Barcelos 64-63

segunda-feira, 2 de maio de 2011

A força das evidências

Porto Ferpinta e Benfica ganharam, este fim-de-semana, uma vantagem esperada sobre os seus adversários, no caminho até à final da LPB.

Nem Académica, nem Vitória de Guimarães, as equipas grandes continuam a fazer a sua lei nos playoffs da LPB e avançam, com segurança, até à esperada final. Ainda assim, este fim-de-semana, foram os vimaranenses quem mais perto esteve de fazer mossa aos vencedores das fase regular, e logo no primeiro encontro das meias-finais.

O Vitória esteve na frente do marcador durante grande parte da partida disputada no Dragão Caixa e, não fosse a grande exibição arrancada por Carlos Andrade, sobretudo no último período, o jogo poderia ter acabado de forma diferente. Os pupilos de Fernando Sá continuam em superação, sendo que Paulo Cunha e Paulo Diamantino fizeram excelentes exibições na partida de sexta-feira. No domingo, a história foi diferente, com o Porto a acertar defensivamente, dando pouco ou nenhum espaço para o Vitória de Guimarães. A equipa da cidade-berço não conseguiu acertar um triplo em 16 tentativas e saiu do Dragão com uma derrota pesada. Greg Stempin e Sean Ogirri foram os principais contribuidores no ataque portista, enquanto Paulo Cunha voltou a repetir a boa exibição.

Esperava-se mais da Académica, nesta sua dupla visita ao Pavilhão da Luz, mas a verdade é que os estudantes foram totalmente apáticos na primeira partida, não conseguindo mostrar mais do que pequenos rasgos de qualidade no segundo encontro. Em momento algum se viu a Académica aproximar-se do seu melhor, muito devido à acção defensiva dos encarnados, que impediram sempre a ligação entre os melhores jogadores da equipa de Coimbra. Quem mais terá sofrido com isso foi Tommie Eddie, que ficou muito aquém das suas capacidades. Destaque, nos lisboetas, para as exibições de Sérgio Ramos, Élvis Évora e Miguel Minhava, enquanto entre os academistas, Matt Shaw foi quem mais lutou contra as evidências da partidas.

Na próxima sexta-feira, as equipas voltam a encontrar-se em Coimbra e Guimarães, para disputar o terceiro jogo das meias-finais.


Resultados Jogo 1

Porto Ferpinta – Vit. Guimarães 82-78
Benfica – Académica 76-62

Resultados Jogo 2

Porto Ferpinta – Vit. Guimarães 72-48
Benfica – Académica 67-52