quarta-feira, 26 de novembro de 2014

Guidetti conquista Glasgow

| Andy McDougall



Tem a camisola nove e já marcou dez golos em onze jogos; o avançado sueco John Guidetti, emprestado do Man City, está a brilhar em Glasgow e os adeptos dos Bhoys já sonham com a possibilidade de que a transferência torne-se permanente, seja em Janeiro ou no verão a custo zero.
Entre os dez golos há três livres e um penalti. Este jovem pode fazer qualquer tipo de golo mas o seu jogo tem mais do que apenas os golos. Recebe e proteja bem a bola, é forte fisicamente, combina bem com os colegas e tem capacidade de criar espaço para ele mesmo.

Não é exagerar dizer que o Celtic não teve um avançado de tal qualidade desde há muito tempo. Nos últimos anos haviam alguns bons goleadores, como McDonald e Hooper mas eles foram jogadores um pouco limitados; no fundo, dentro da grande área foram muito uteis mas ofereceram pouco mais e não deram para jogar como o único ponta-de-lança, como pode ser necessário frente às equipas com mais recursos na Liga dos Campeões.   

Também haviam outros que ofereceram outras coisas, mas que também faltava algo chave. Kenny Miller foi muito trabalhador mas nunca marcou golos com regularidade. Jan Vennegoor of Hesselink foi muito bom no ar e marcou bastantes golos mas teve uma mobilidade muito limitada. Giorgios Samaras foi capaz de fazer grandes coisas mas poucas vezes fê-las e não foi grande goleador. 

Jogadores atuais Anthony Stokes e Leigh Griffiths podem fazer golos na Escócia mas simplesmente não tem a qualidade para marcar a diferença nos jogos mais difíceis, e também não parecem, especialmente no caso do primeiro, serem capazes de jogar como o “9” sozinho.    

Guidetti por outro lado parece ter golos e é um jogador mais completo. Tem todas as condições para ser um herói no Celtic se o clube conseguir segurá-lo ao longo prazo. Tendo em conta que o seu contrato com o City acaba no verão que vem, isto não é impossível.

Para dar algum contexto à importância de Guidetti ao este Celtic, alguns já fizeram comparações ao mítico Henrik Larsson, ou seja, dizem que Guidetti pode ser o melhor avançado no Celtic desde o seu compatriota que ainda é celebrado pelos adeptos dos Hoops. Talvez se esqueçam de Craig Bellamy e Robbie Keane, ou talvez não. Além disso, alguns já questionam se o Celtic depender demasiado em Guidetti e os seus golos.

Provavelmente ainda é cedo para falar assim, mas não há dúvidas em relação à sua habilidade. Já começou muito bem a sua carreira no Celtic e impressionou com o seu atitude, a sua dedicação e a sua confiança.

A grande pena para o Celtic é que Guidetti não pode jogar na Liga Europa devido a um atraso no seu registo. Por isso será necessário alguma rotatividade no onze na liga para quê outro jogador seja pronto para jogar na Liga Europa. Ao momento tudo aponta a que será Stefan Scepovic, que não convenceu no início da época mas agora tem dois golos nos seus últimos dois jogos, que vai substituir Guidetti naquelas batalhas.

Outra coisa que os adeptos do Celtic agradecem é a paixão com que joga Guidetti – algo que não surpreenderá quem o viu jogar no Feyenoord. Não se pode queixar com o seu desempenho e parece que já realmente tem muito carinho para o clube.


Resta saber se vai mesmo ficar em Glasgow após o fim da época, e logo bastante tempo para ser conhecido como uma lenda no Celtic, mas a ideia doutro avançado sueco a marcar golos com tal facilidade naquela camisola verde-e-branca tem um certo romanticismo. Se o inimitável Henrik Larsson fosse o “rei dos reis”, talvez Guidetti possa ser o príncipe… 

domingo, 2 de novembro de 2014

Semana 9: Onde aplicar o esforço

| Luís Cristóvão



Esta semana estive presente em apenas um treino, devido a uma viagem. Na sessão de treino, a aposta tem sido tentar cativar os jogadores com exercícios onde consigam encontrar maior satisfação, “facilitando” o acesso para sucessos intermédios, de forma a motivar o grupo para tentar subir de nível mais lentamente. Se bem que alguns dos jogadores aproveitam o facto para conquistarem o seu espaço na equipa, a generalidade segue apenas por divertimento.

Logo, no jogo, o preço paga-se de forma intensa. Num momento competitivo em que os adversários começam a ser acessíveis, fica muito mais claro aquilo que conseguimos fazer bem e aquilo que não conseguimos atingir. Em determinados momentos, a equipa compete a bom nível, dedica-se defensivamente, encontra formas para finalizar as jogadas de ataque. Nos momentos seguintes, desconcentra-se, distrai-se, sobretudo, desiste.

Mas desiste porquê? Na minha opinião, desiste no momento em que o esforço que tem que aplicar precisa de ser um pouco maior, para ser efetivo. Tal como na passada semana, esta semana a equipa também esteve à beira de ganhar o jogo. Poderia tê-lo feito. No entanto, quando no início do quarto período se encontrava a apenas seis pontos do adversário, preferiu não perseguir a vitória. Desistiu para não se sentir derrotada ao tentar vencer.

Estranho? Nada. Vejo pessoas a fazer isso todos os dias. Acomodarem-se nos seus hábitos e/ou lugares, deixarem-se ficar, abandonar a possibilidade de ter mais para não perder perante as suas ambições. A verdade é que, quem não joga, raramente perde. É isso o que se vive quando se passa o jogo sentado, apenas a olhar, lá de cima, da bancada.

É por isso que se deve, sempre, repensar, onde se aplica o esforço. Porque não aplicar o esforço máximo, não deveria ser opcional.

Amanhã há treino.