Acompanhei, durante anos, todos os jogos da Serra da Vila e do Torreense. Sempre em casa e, muitas vezes, também fora. Conheci Portugal de norte a sul a ver o Torreense. Naquele tempo, ainda quase não havia futebol na televisão. Houve o Mundial de 1986, que me tirou várias horas de futebol no jardim para ficar fechado em casa a ver jogos como o Escócia v Uruguai e o Argentina v Bulgária. Houve a final da Taça dos Campeões Europeus, em 1987, a qual acabei aos saltos em cima do sofá, com o meu irmão, para desespero do meu pai.
Depois, sempre em Alvalade, vi o Paulo Futre com a camisola do Atl. Madrid e o Oceano a marcar cantos, vi a estreia do Jorge Cadete, vi o Rodolfo Moura a ganhar jogos só com a forma como saía do banco sempre que algum jogador do Porto caía no chão, vi a bicicleta do Juskowiak, vi o Balakov, vi o Fortunato Azevedo expulsar o Hélder, do Torreense, num jogo da primeira divisão. No Estádio da Luz vi o Baltasar empatar um jogo a um, frente ao Benfica, depois do Vando ter marcado o primeiro de seis golos que haveriam de ser o resultado final. Nas Antas, vi o Jaime Baldé rasgar pela direita para o Cláudio Oeiras marcar um golo. Fui a Glasgow ver o Celtic e nunca mais deixei de acreditar que nas Ilhas Britânicas nasceu, não só o futebol, mas também o amor por uma bola a saltar num relvado. Vi muita coisa.
O meu fraco pé direito e o meu gosto pelas histórias desviaram-me para a literatura. Muitos anos depois, em 2010, tirei uma semana de férias para escrever sobre o Mundial de Futebol. Descobri o prazer de ligar coisas que teimam em andar separadas. A minha namorada aconselhou-me a fazê-lo mais vezes. Um vice-presidente da NBA respondeu a um email meu e deu-me uma entrevista. O Ivan Kostourkov convidou-me para o Planeta Basket. O Fernando Gordo para o Solobasket. Quando dei por mim, não queria fazer outra coisa.
Hoje coordeno o site Falamos Futebol, escrevo para o Planeta do Futebol e para o zerozero, mantenho colaboração no Planeta Basket, faço a narração de jogos de basquetebol no Física TV. E gosto muito de tudo isto.
Contacto: luisfilipecristovao [at] gmail.com
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