sábado, 1 de janeiro de 2011

Apresentação

Aprendi a ler para poder descobrir os nomes dos jogadores nas páginas da Gazeta dos Desportos. Isto lá em 1985. Ao fim de duas semanas na escola primária tinha uma real vontade de desistir por ainda não conseguir ler. Peguei num caderno e no jornal e comecei a copiar os nomes dos jogadores. Em menos de três meses já conseguia ler livros sem ilustrações e lia a Gazeta, o Record, A Bola (apesar de, no caso de A Bola, ter que a estender no chão e caminhar sobre ela para realizar o ato de leitura).

Acompanhei, durante anos, todos os jogos da Serra da Vila e do Torreense. Sempre em casa e, muitas vezes, também fora. Conheci Portugal de norte a sul a ver o Torreense. Naquele tempo, ainda quase não havia futebol na televisão. Houve o Mundial de 1986, que me tirou várias horas de futebol no jardim para ficar fechado em casa a ver jogos como o Escócia v Uruguai e o Argentina v Bulgária. Houve a final da Taça dos Campeões Europeus, em 1987, a qual acabei aos saltos em cima do sofá, com o meu irmão, para desespero do meu pai.

Depois, sempre em Alvalade, vi o Paulo Futre com a camisola do Atl. Madrid e o Oceano a marcar cantos, vi a estreia do Jorge Cadete, vi o Rodolfo Moura a ganhar jogos só com a forma como saía do banco sempre que algum jogador do Porto caía no chão, vi a bicicleta do Juskowiak, vi o Balakov, vi o Fortunato Azevedo expulsar o Hélder, do Torreense, num jogo da primeira divisão. No Estádio da Luz vi o Baltasar empatar um jogo a um, frente ao Benfica, depois do Vando ter marcado o primeiro de seis golos que haveriam de ser o resultado final. Nas Antas, vi o Jaime Baldé rasgar pela direita para o Cláudio Oeiras marcar um golo. Fui a Glasgow ver o Celtic e nunca mais deixei de acreditar que nas Ilhas Britânicas nasceu, não só o futebol, mas também o amor por uma bola a saltar num relvado. Vi muita coisa.

O meu fraco pé direito e o meu gosto pelas histórias desviaram-me para a literatura. Muitos anos depois, em 2010, tirei uma semana de férias para escrever sobre o Mundial de Futebol. Descobri o prazer de ligar coisas que teimam em andar separadas. A minha namorada aconselhou-me a fazê-lo mais vezes. Um vice-presidente da NBA respondeu a um email meu e deu-me uma entrevista. O Ivan Kostourkov convidou-me para o Planeta Basket. O Fernando Gordo para o Solobasket. Quando dei por mim, não queria fazer outra coisa.

Hoje coordeno o site Falamos Futebol, escrevo para o Planeta do Futebol e para o zerozero, mantenho colaboração no Planeta Basket, faço a narração de jogos de basquetebol no Física TV. E gosto muito de tudo isto.


Contacto: luisfilipecristovao [at] gmail.com

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