Um Sporting maduro e a tomar as decisões certas venceu, sem deixar dúvidas, uma equipa do Marítimo que dignificou o resultado. Rui Patrício foi o homem da noite.
Uma primeira parte apática de ambas as equipas, que entraram em campo decididas a esperar por erros do adversário e não arriscaram durante quarenta e cinco minutos de jogo. Muito equilíbrio e poucas oportunidades, pode resumir-se assim o que foi acontecendo no Estádio dos Barreiros, onde as obras de renovação impedem o melhor cenário para um jogo da Liga Zon Sagres. No entanto, a primeira parte tinha reservado um grande momento de futebol para os seus últimos minutos. Liedson, com um toque subtil, lançou Vukcevic pela direita, o montenegrino trabalhou bem a bola até perto da linha final e colocou o esférico na zona da grande penalidade, onde o espanhol Zapater, sozinho e em estilo, cabeceou para o fundo das redes, sem dar hipóteses ao guardião Marcelo Boeck.
Chegava-se ao intervalo com um golo em apenas um lance de perigo criado pelas duas equipas. Felizmente, a segunda parte trouxe um filme completamente diferente. Para começar, Pedro Martins pediu maior agressividade aos seus jogadores, com Baba e Roberto Sousa a rematar, com perigo, à baliza sportinguista. Aos 55 minutos, mexeu mesmo na equipa, fazendo entrar Héldon e Kléber, apresentando dois avançados que passaram a ser servidos pelo cabo-verdiano na direita e pelo angolano Djalma na esquerda. Durante cerca de dez minutos, o Marítimo dominou o jogo. Kléber por duas vezes, Baba e Héldon tiveram o golo nos pés mas, em todas as ocasiões, Rui Patrício impediu o sucesso madeirense.
Rui Patrício foi mesmo o homem da noite. Aguentando o desnorte defensivo dos seus companheiros, o jovem guarda-redes foi uma autêntica parede perante o fluxo ofensivo verde e rubro. O próprio treinador Paulo Sérgio pareceu surpreendido, tendo demorado a decidir-se pela melhor opção para parar o domínio dos madeirenses. Acabou por escolher lançar Torsiglieri, tirando Vukcevic, o que fazia adivinhar um Sporting defensivo para o resto do encontro.
No entanto, o reforço da defensiva permitiu soltar os laterais (e, na verdade, vivem em Alvalade dois dos defesas mais ofensivos da Liga). João Pereira aproveitou o novo desenho táctico da sua equipa, subiu sozinho pela linha e centrou para a área onde, devido à pressão de Liédson, a defesa não conseguiu afastar a bola, acabando Zapater por ficar com o domínio da mesma. O espanhol provou estar em momento de inspiração, fintou João Guilherme e disparou para o fundo das redes. O Sporting dava por terminada a reacção do Marítimo e acabava com o jogo, perante a incredulidade dos adeptos que adivinhavam o golo nas redes contrárias.
A partir daqui o Sporting fez o que quis. Os madeirenses não mais se aproximaram da baliza de Rui Patrício e os leões conseguiram até aumentar a vantagem. Numa bela jogada de Valdés, este ofereceu o golo a Liédson, que só precisou de empurrar para a baliza deserta. O Marítimo não tinha agora o mesmo ânimo que apresentara nos primeiros minutos da segunda parte, sendo a equipa que mais se terá arrependido da fraca primeira parte que ofereceu aos seus adeptos.
No final do encontro, Pedro Martins apresentou queixas da arbitragem de Artur Soares Dias. No entanto, nos dois lances em que os madeirenses reclamaram grande penalidade, o árbitro decidiu sempre bem. O mesmo não terá acontecido no minuto 77 quando mostrou amarelo a Valdés por simulação. O defesa João Guilherme afastou a bola para canto tendo tocado no criativo chileno. Ao mostrar o cartão e ao assinalar pontapé de baliza, o árbitro acabou por errar duas vezes. Ainda assim, a sua actuação não teve qualquer influência no resultado.
As figuras
Rui Patrício – como já foi dito, Rui Patrício salvou o Sporting no momento em que a equipa perdeu o controlo da situação. Quatro intervenções de grande gabarito, evitando um golo que significaria o empate e, talvez, o descalabro dos leões na pérola do Atlântico. Rui Patrício mostrou, uma vez mais, que é o melhor guarda-redes português da actualidade.
Zapater – onde andou este espanhol durante toda a temporada? Em poucos dias, Zapater marcou quatro golos. E desta vez, o espanhol decidiu o jogo. No primeiro golo, apareceu muito bem a finalizar de cabeça (primeiro golo de cabeça do Sporting neste campeonato). No segundo, fez uma finta digna de craque. Confirmou o bom momento e a titularidade merecida.
Valdés – encostado à posição de extremo, o chileno parece um leão preso na jaula. Ainda assim, Valdés soube sempre encontrar forma de aparecer no jogo. Muito diferente foi a sua acção quando Paulo Sérgio lhe entregou toda a zona ofensiva para se entender com Liédson. Valdés assistiu para um golo, rematou à baliza e ganhou muitos duelos com a defesa madeirense. Por isso foi aplaudido no momento em que foi substituído por Saleiro.
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