O Sporting perdeu em casa contra o Paços de Ferreira (2-3), numa noite em que o desacerto do árbitro Luís Catita destruiu aquilo que Paulo Sérgio já tinha fragilizado.
Como compreender um treinador que, por duas vezes, faz a substituição errada no momento errado? Como aceitar que, na altura em que o Sporting dava sinais de voltar a pegar no jogo, Paulo Sérgio abriu uma avenida no seu meio-campo e, mais tarde, quando os homens de Alvalade precisavam de procurar o golo, o técnico abdicasse de uma das suas unidades mais criativas? É certo que o Sporting, hoje, tinha poucas opções no banco. Mas, na verdade, era Paulo Sérgio quem estava a mais. Tivesse ele mais parcimónia nas alterações tácticas promovidas durante o jogo, talvez o Sporting tivesse conquistado uma vitória neste jogo.
O Paços de Ferreira, por seu lado, conseguiu uma das suas melhores exibições da época. Com uma equipa muito bem organizada, os pacenses conseguiram chegar muitas vezes à área adversária, sendo que, se exceptuarmos os primeiros 25 minutos, o jogo foi dominado pelos homens de Rui Vitória.
O Sporting entrou muito melhor, confirmando as boas exibições conseguidas este mês. No entanto, assim que o Paços acertou com as suas marcações, foram os nortenhos a criar perigo e a inaugurar o marcador, aos 28 minutos, num remate de Samuel realizado bem perto do meio-campo, aproveitando todo o espaço que lhe foi oferecido por um Sporting sem agressividade. O golo acordou o chileno Valdés, pois até final da primeira parte, o antigo jogador do Atalanta de Itália, teve três oportunidades flagrantes e fez o remate que originou o golo do empate, numa oportuna recarga de Liedson.
A primeira parte não terminaria sem a primeira aparição de Luís Catita. Depois de Carriço perder a bola na zona intermediária, Rondon galgou metros até dentro da área onde caiu aos pés de Polga. Grande penalidade assinalada pelo árbitro eborense, no seu primeiro grande erro da noite. Manuel José não desperdiçou e o Paços foi para o descanso em vantagem.
No início da segunda parte, era notória a pouca força física de Maniche, mas o Paços também passava por um momento de menor brilho, com os sportinguistas a pressionar o adversário e a conseguir algum ascendente na partida. Valdés, mais uma vez ele, apareceu solto no meio-campo e fez um passe de morte, com a bola a passar por cima da defensiva pacense e a encontrar Diogo Salomão, que finalizou com estilo. O Sporting parecia partir para a recuperação, mas Paulo Sérgio não resistiu a meter o dedo. Fez entrar Saleiro e destruiu o seu meio-campo, algo que o Paços de Ferreira aproveitou para ganhar, de novo, a domínio do jogo.
O Sporting voltou a ter razões de queixa de Luís Catita quando, aos 67 minutos, Saleiro foi agarrado na área. Rui Vitória, por seu lado, refrescou a sua equipa com a entrada de Nélson Oliveira para o lugar de Rondon, voltando a criar perigo perto da baliza de Rui Patrício. Num desses lances, ao minuto 81, Baiano bateu em velocidade um Evaldo que esteve muito apagado e centrou para a entrada da área, onde David Simão deixou a bola passar-lhe entre as pernas para que Pizzi tomasse o esférico do lado esquerdo e finalizasse em força, sem hipóteses para Rui Patrício.
O público de Alvalade, que já há muito ensaiava o assobio, quase deitou o estádio abaixo com a opção de Paulo Sérgio para os minutos finais. Numa jogada conhecida como kamikaze invertido, Paulo Sérgio abdicou de Diogo Salomão e fez entrar um médio defensivo (Zapater) e um defesa sem qualquer minuto nas pernas (Grimi). Resultados práticos? Um passeio do Paços de Ferreira até ao final do jogo, sem que o Sporting ensaiasse qualquer tentativa de recuperar, pelo menos, um ponto dos três que estavam em disputa.
Numa noite em que os jogadores do Sporting provaram ter qualidade para enfrentar a segunda volta do campeonato, a reformulação exige-se no comando técnico. O Paços de Ferreira mostrou ser uma equipa mais forte do que a classificação deixa entender, confirmando os verde e brancos como seus adversários preferidos – na Liga Zon Sagres deste ano, os jogos contra o Sporting valem seis pontos na contabilidade da equipa da capital do móvel.
As Figuras
Valdés – rematou, lutou, assistiu. Ao chileno, faltou o golo, para confirmar uma exibição de grande qualidade. É verdade que o resultado mancha a noite magnífica do internacional sul-americano, mas a jogar a dez, está provado, Valdés é um dos melhores do nosso campeonato.
Cássio – o grande inimigo de Valdés. Onde o chileno brilhou, o guardião brasileiro soube sempre evitar o golo. Apenas por interposta pessoa foi possível Valdés encontrar a felicidade no confronto com Cássio, uma das figuras da vitória pacense em Alvalade.
David Simão – o jovem jogador dos quadros do Benfica foi a surpresa de Rui Vitória e fez por merecê-la. Foi ele o condutor de todo o jogo ofensivo, para além de um grande colaborador da estratégia defensiva dos pacenses. A culminar a fantástica exibição, a simulação que permitiu o terceiro golo da sua equipa. Onde outro jogador teria optado pelo remate egoísta, Simão teve a sabedoria de permitir a glória ao seu companheiro. Atenção, porque há aqui craque.
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