|Ricardo Silva
Na presente temporada, tal como em tantas épocas transatas, a Liga ACB tem
uma outra equipa além das dezoito que fazem parte do campeonato! Sim, a liga
mais mediática do mundo, extra NBA, tem uma equipa aparentemente invisível para
os mais desatentos mas que na sua formação apresentam uma mesma filosofia, a
filosofia “La Penya”.
O que têm em comum Rudy Fernandez (Real Madrid), David Jelínek (Caja
Laboral), Marko Todorovic (Barcelona), Pau Ribas (Valencia), Álex Mumbrú e Raúl
López (Bilbao Basket), Henk Norel (CAI Zaragoza), Nacho Llovet, Albert Oliver,
Albert Ventura, Pere Tomàs, Guillem Vives, Alex Barrera e Alejandro Suárez
(Joventut Badalona), Josep Franch (Murcia) e Sergi Vidal (Unicaja)? Todos
tiveram uma passagem e um percurso de grande crescimento nas equipas de
formação e/ou de competição, primeiros anos no escalão de seniores, do Joventut
de Badalona, além de todos jogarem na segunda melhor liga do mundo e melhor
liga nacional da Europa. Se a este grupo de jogadores juntarmos Ricky Rubio
teríamos uma equipa com capacidade para ter alguma projeção na Liga ACB,
faltando somente adicionar um ou dois jogadores interiores. Destacamos nesta lista
de atletas, os bases Raúl Lopez e Ricky Rubio e os extremos Álex Mumbrú e Rudy
Fernandez, jogadores de grandíssimo nível e com um extraordinário percurso nos
clubes que já representaram e nas seleções nacionais espanholas.
A filosofia do Joventut de Badalona está centrada num desenvolvimento dos
seus atletas da “cantera” e proporcionar aos mais aptos um crescimento que lhes
permita a ascensão à equipa principal do clube, respeitando sempre um lema, o
de possibilitar a qualquer criança e jovem de desfrutar de jogar basquetebol no
seu clube do coração. Assim, todas as crianças e jovens, independentemente do
nível que possuam, se pretenderem poderão fazer parte de uma das dezenas de
equipas que o clube tem nos escalões de formação. Este fator é decisivo na
intensidade com que se vive a modalidade nesta cidade da Catalunha, pois como
sabemos somente um número mínimo de atletas consegue atingir o profissionalismo,
mas desta forma centenas de pessoas invariavelmente continuam ligadas ao clube,
quer seja com diversas funções na estrutura (treinadores, seccionistas ou
dirigentes), quer como adeptos que por certo durante a infância e adolescência
tiveram experiencias positivas no seu clube.
Ao nível do trabalho com os atletas com maior potencial para chegar à
equipa ACB do clube, este é de facto um trabalho que envolve uma estrutura com
alguns recursos. Deste modo, a articulação
das carreiras académicas e desportivas destes atletas com os estabelecimentos
de ensino da cidade e clube é realizada para que estes consigam conciliar as
duas atividades e lhes permitam treinar durante o dia de forma específica e
individual, treino técnico, tático e físico, e ao final da tarde com a
respetiva equipa. Todo o processo é seguido de perto por treinadores
responsáveis, experientes e competentes, com uma filosofia que se enquadre a
esta filosofia da “La Penya” onde o respeito pela evolução dos atletas está
sempre em primeiro lugar e por isso respeita-se, compreende-se e proporciona-se
que o atleta atinja o seu máximo rendimento em sénior e não nos escalões de
formação. Desta forma, qualquer treinador de formação do Joventut tem que
possuir duas qualidades inerentes à sua competência, a paciência pela
progressão do atleta e o estar centrado na evolução dos atletas e não
exclusivamente nos resultados da equipa. Exemplo de regras definidas na
formação para proporcionar uma experiência na resolução de dificuldades
proporcionadas por adversários, além da posição do clube em impossibilitar a
facilidade de ultrapassar algumas dessas dificuldades com a aplicação de outras
estratégias por parte dos treinadores da “cantera”, está na introdução de
bloqueios diretos unicamente no escalão de cadetes A, Sub 16 de segundo ano,
provocando aos jogadores a superação técnica e táctica.
Em conclusão, pensamos que a ilusão de formar um jogador que consiga
atingir a equipa ACB, depois de passar pelos diversos escalões de formação e
equipa B que compete na LEB Plata deverá proporcionar a todos os que participam
na estrutura do clube de dever cumprido e num novo ganho de motivação em busca
da continuidade desta filosofia que nos parece muito bem estruturada,
equilibrada e produtiva!
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