domingo, 3 de março de 2013

Filosofia “La Penya”


|Ricardo Silva



Na presente temporada, tal como em tantas épocas transatas, a Liga ACB tem uma outra equipa além das dezoito que fazem parte do campeonato! Sim, a liga mais mediática do mundo, extra NBA, tem uma equipa aparentemente invisível para os mais desatentos mas que na sua formação apresentam uma mesma filosofia, a filosofia “La Penya”.

O que têm em comum Rudy Fernandez (Real Madrid), David Jelínek (Caja Laboral), Marko Todorovic (Barcelona), Pau Ribas (Valencia), Álex Mumbrú e Raúl López (Bilbao Basket), Henk Norel (CAI Zaragoza), Nacho Llovet, Albert Oliver, Albert Ventura, Pere Tomàs, Guillem Vives, Alex Barrera e Alejandro Suárez (Joventut Badalona), Josep Franch (Murcia) e Sergi Vidal (Unicaja)? Todos tiveram uma passagem e um percurso de grande crescimento nas equipas de formação e/ou de competição, primeiros anos no escalão de seniores, do Joventut de Badalona, além de todos jogarem na segunda melhor liga do mundo e melhor liga nacional da Europa. Se a este grupo de jogadores juntarmos Ricky Rubio teríamos uma equipa com capacidade para ter alguma projeção na Liga ACB, faltando somente adicionar um ou dois jogadores interiores. Destacamos nesta lista de atletas, os bases Raúl Lopez e Ricky Rubio e os extremos Álex Mumbrú e Rudy Fernandez, jogadores de grandíssimo nível e com um extraordinário percurso nos clubes que já representaram e nas seleções nacionais espanholas.

 A filosofia do Joventut de Badalona está centrada num desenvolvimento dos seus atletas da “cantera” e proporcionar aos mais aptos um crescimento que lhes permita a ascensão à equipa principal do clube, respeitando sempre um lema, o de possibilitar a qualquer criança e jovem de desfrutar de jogar basquetebol no seu clube do coração. Assim, todas as crianças e jovens, independentemente do nível que possuam, se pretenderem poderão fazer parte de uma das dezenas de equipas que o clube tem nos escalões de formação. Este fator é decisivo na intensidade com que se vive a modalidade nesta cidade da Catalunha, pois como sabemos somente um número mínimo de atletas consegue atingir o profissionalismo, mas desta forma centenas de pessoas invariavelmente continuam ligadas ao clube, quer seja com diversas funções na estrutura (treinadores, seccionistas ou dirigentes), quer como adeptos que por certo durante a infância e adolescência tiveram experiencias positivas no seu clube.

Ao nível do trabalho com os atletas com maior potencial para chegar à equipa ACB do clube, este é de facto um trabalho que envolve uma estrutura com alguns recursos.  Deste modo, a articulação das carreiras académicas e desportivas destes atletas com os estabelecimentos de ensino da cidade e clube é realizada para que estes consigam conciliar as duas atividades e lhes permitam treinar durante o dia de forma específica e individual, treino técnico, tático e físico, e ao final da tarde com a respetiva equipa. Todo o processo é seguido de perto por treinadores responsáveis, experientes e competentes, com uma filosofia que se enquadre a esta filosofia da “La Penya” onde o respeito pela evolução dos atletas está sempre em primeiro lugar e por isso respeita-se, compreende-se e proporciona-se que o atleta atinja o seu máximo rendimento em sénior e não nos escalões de formação. Desta forma, qualquer treinador de formação do Joventut tem que possuir duas qualidades inerentes à sua competência, a paciência pela progressão do atleta e o estar centrado na evolução dos atletas e não exclusivamente nos resultados da equipa. Exemplo de regras definidas na formação para proporcionar uma experiência na resolução de dificuldades proporcionadas por adversários, além da posição do clube em impossibilitar a facilidade de ultrapassar algumas dessas dificuldades com a aplicação de outras estratégias por parte dos treinadores da “cantera”, está na introdução de bloqueios diretos unicamente no escalão de cadetes A, Sub 16 de segundo ano, provocando aos jogadores a superação técnica e táctica.

Em conclusão, pensamos que a ilusão de formar um jogador que consiga atingir a equipa ACB, depois de passar pelos diversos escalões de formação e equipa B que compete na LEB Plata deverá proporcionar a todos os que participam na estrutura do clube de dever cumprido e num novo ganho de motivação em busca da continuidade desta filosofia que nos parece muito bem estruturada, equilibrada e produtiva!

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