As três seleções da África Lusófona que jogaram, no passado fim-de-semana, mais uma jornada da fase de qualificação para o Mundial 2014, tiveram sortes diferentes, mas apenas Angola se mantém na corrida por uma presença no Brasil. Moçambique, sem vitórias, e Cabo Verde, só com derrotas, ficaram demasiado longe do apuramento.
Os Palancas Negras tinha uma viagem difícil, para encontrar um Senegal que ainda está à procura da melhor forma de utilizar os vários bons jogadores que tem na sua seleção. Gustavo Ferrín tinha aí terreno propício para impor um estilo de jogo que lhe é mais querido – posicionamento recuado das suas linhas, contenção de bola para transições planeadas e com poucos jogadores, forte expetativa na criatividade de dois dos seus jogadores mais ofensivos. Assim, utilizando três centrais na equipa titular – Bastos, Dany Massunguna e Fabrício – Ferrín voltava a fechar uma área do campo que esteve sempre demasiado desprotegida durante os jogos da CAN. Mingo Bille fechava perto da lateral direito e Manuel na esquerda. Ito funcionava como o jogado-chave na frente dos centrais, sentindo-se também a presença de Geraldo e Amaro, cada um no seu extremo, em constante ajuda aos laterais. Isso criava um bloco muito compacto atrás, dando depois espaço para que Mateus e Yano pudessem surgir na frente, mais soltos.
Com esta opção, Angola ofereceu toda a iniciativa de jogo aos senegaleses. Alain Giresse deixou, incompreensivelmente, Papiss Cissé no banco, só o chamando ao jogo aos 77 minutos, para o lugar de Demba Ba. Isso também facilitou a tarefa defensiva dos Palancas. Mas a grande figura do encontro foi mesmo Landu, o guarda-redes titular. Esteve sempre presente durante toda a partida, não dando hipóteses a que o constante ataque do Senegal atingisse o golo. Ao intervalo, a perder por 0-1, Gustavo Ferrín alterou a constituição do seu onze, fazendo entrar Job para o lugar de Mingo Bille. A defesa reposicionou-se, com uma linha de quatro elementos, surgindo o ataque mais apoiado com a presença do jogador do Petro. Amaro também se foi libertando, permitindo uma clara melhoria dos processos ofensivos dos Palancas. O golo surgiria através de um lance estudado, num livre marcado curto para a entrada da área, com Amaro a finalizar. O empate é um excelente resultado para os angolanos, mas o equilíbrio do grupo deixa também algumas dúvidas no ar. Recebendo o Senegal em casa, Angola terá de vencer, para depois não escorregar na viagem ao Uganda e poder confirmar a sua continuidade na fase de qualificação quando receber a Libéria, em casa.
Adeus, Brasil
Jogo complicadíssimo para Cabo Verde na Guiné Equatorial. Depois de uma feliz participação na CAN, os Tubarões Azuis voltaram a não conseguir pontuar na caminhada para o Mundial. A equipa guineense estreou Nsue, jogador do Mallorca, e baralhou as contas de Lúcio Antunes. O avançado espanhol foi nomeado capitão na sua estreia e não se fez rogado – três golos colocam a Guiné Equatorial ainda viva, num grupo onde a Tunísia continua principal favorito. Para os Tubarões resta encarar o resto do apuramento com a mesma seriedade e apostar na construção de uma equipa forte para os desafios futuros.
Moçambique recebeu a Guiné-Conacri e empatou a zero, num jogo onde estava obrigada a ganhar para poder ainda manter esperanças de apuramento, num grupo onde o Egito parece destinado a vencer. Nota para a estreia de Ricardo Campos, do Boavista, na baliza dos Mambas, num processo de fortalecimento do conjunto moçambicano. O empate frente a uma seleção mais forte – mas a passar uma fase de alguma indefinição – acaba por ser uma nota positiva para o crescimento deste conjunto, que ao apostar na intensidade de jogo de atletas que evoluem em ligas mais competitivas, poderá ambicionar a repetir presenças nas próximas Taças das Nações Africanas.
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