sexta-feira, 20 de abril de 2012

Girabola: um mês chega para se ser o treinador errado?

Ao fim de pouco mais de um mês de competição em Angola, Interclube e Nacional de Benguela dispensaram os serviços dos seus treinadores. Perante uma situação que se vai repetindo um pouco por todo o mundo, a pergunta que se coloca é esta: será que um mês chega para se ser o treinador errado?

Interclube e Nacional de Benguela vivem situações bastante diferentes. Na equipa luandense, António Caldas vinha fazendo um trabalho meritório. Tendo conquistado a Taça de Angola na sua primeira temporada no clube, Caldas começou a época de 2012 da melhor maneira, ao assegurar a Supertaça e levando a equipa do Inter a ultrapassar diversas eliminatórias na Taça CAF, mantendo-se na corrida por este troféu continental.

Apesar do bom futebol apresentado nas primeiras partidas, a carreira no Girabola estava longe dos objetivos traçados. Em seis jogos, o Interclube não conseguiu melhor do que quatro empates e duas derrotas, estando num dos lugares da despromoção. Não haverá dúvidas de que o Interclube tem capacidades para sair do lugar onde se encontra hoje. Se lhe fosse dado mais tempo, Caldas teria, provavelmente, capacidade para levar a equipa a um lugar mais condizente com o seu estatuto. Mas, analisando a frio a situação do Inter, e havendo capacidade financeira e desportiva para atrair um treinador como Bernardino Pedroto, um treinador com muita experiência e vários títulos em Angola, pode considerar-se que o Interclube troca uma boa solução por uma solução melhor. Não estará em causa o valor de António Caldas para fazer o seu trabalho, mas a oportunidade de ter um treinador de renome no país terá levado à troca de timoneiro.

No caso de Álvaro Magalhães, pode dizer-se que se trata de uma situação esperada desde que o treinador assinou pelo Nacional de Benguela. O regresso dos benguelenses ao Girabola teve o pior dos inícios, já que a época começou a ser preparada já muito em cima do seu começo. Assim que Álvaro foi contratado comentamos como seria estranho que um treinador campeão em Angola se visse agora a orientar uma equipa que tem a descida de divisão como destino. O Nacional não tem plantel nem parece ter as condições financeiras para competir a um nível mais alto neste campeonato.

Em sete jogos, o Nacional de Álvaro conquistou três pontos. Nada mau, tendo em conta a valor real do plantel disponível. Despedir Álvaro não deverá significar uma consequente melhoria da situação da equipa de Benguela. Mas havia, claramente, uma grande barreira entre um treinador como Álvaro Magalhães e a realidade do Nacional. Se a solução desportiva terá que passar, obrigatoriamente, por aquilo que Álvaro tentava construir (um conjunto orientado para a defesa e para a tentativa de surpreender na transição), é imprescindível que se encontrem opções para reforçar o plantel. Em Benguela, o problema passa, em grande parte, pelos jogadores disponíveis.

Um mês chega, então, para se ser o treinador errado? A resposta só é positiva para os casos onde foram os próprios dirigentes a errar na decisão. O que não terá passado aqui. Mas como os resultados falam mais alto, resta agora esperar para ver quando conseguirão, Interclube e Nacional, a sua primeira vitória no Girabola.  

2 comentários:

  1. Estou absolutamente de acordo com a análise.
    Entretanto há treinadores que nem o prestígio que conseguem conquistar sabem manter.Porquê?Porque o dinheiro fala mais alto.Dai,alguns deles,só se poderem queixar deles próprios.Terá sido o caso de Àlvaro Magalhães...

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  2. Apenas um reparo:
    No Inter o Caldas ainda conseguiu ser aguentado pois na seghunda volta ainda trabalhou bem.. mas fez muita bagunça com o jussane, o Nuno ... e, esta época nada de novo e uma época e a estagnação de processos sentenciaram.. não foi um mês mas sim oito jogos e, o facto do Lito Vidigal ternegado e o Pedro estar disponivel...e a prova está provada : dois jogos 4 pontos...
    Os objectivos avaliam-se - segundo os canhenhos -,nas primeiras dez jornadas (nos campeonatos longos...) onde o nr de pontos somados avaliados com os tres primeiros classificados é determinante... e no caso do Interclube a permanencia do Caldas era mesmo inevitável.
    Quanto ao Alvaro Magalhães, tem gabarito e sofreu pela necessidade de precisar de trabalho... pois sabia bem que o Nacional de Benguela estava numa prova difícil com plantel imaturo... é o que o António Serio disse: O DINHEIRO FALOU ALTO..

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