quarta-feira, 3 de setembro de 2014

O fracasso do Celtic

| Andy McDougall

O fracasso do Celtic nas fases de qualificação para a Liga dos Campeões pode ser indicativo de várias coisas. A inexperiência de Ronny Deila, a falta de ambição da direção do clube, o estado geral do futebol escocês, ou simplesmente que é o que sempre passa com os novos treinadores no Celtic. Por agora, é difícil identificar qual é o mais acertado, mas vale a pena examinar as opções.

Talvez seja que o novo treinador, Ronny Deila que veio do Stromgodset, campeões da Noruega, não tenha a experiência nem o perfil para treinar um clube tão grande e com expectativas tão altas.
Há adeptos dos verde-e-brancos de Glasgow que já estão a perder paciência com ele. No entanto, uma conclusão assim parece um pouco prematura já que estamos no início de Setembro.



Também há-de ter em conta como começaram Neil Lennon e Gordon Strachan as suas carreiras como treinador dos Bhoys: a equipa de Gordon Strachan foi eliminada das competições europeias pelo Artmedia Bratislava após perder 5-0 na Eslováquia, e na primeira época inteira em que Neil Lennon foi treinador, o Celtic também ficou fora da Europa antes de Setembro.
Recorde-se que esta época o Celtic está nos grupos da Liga Europa, visto assim Deila começou melhor do que Strachan e Lennon, dois treinadores que tiveram muito sucesso em Glasgow. Sem dúvida é cedo demais para julgar o norueguês.


Agora vamos considerar o apoio financeiro que a direção deu a Deila em termos de construir o seu plantel antes do play-off diante do Maribor. Numa só palavra: nenhum. As chegadas foram Craig Gordon (jogador livre), Jason Denayer, Aleksander Tonev e Jo Inge Berget (todos emprestados). Investimento no plantel foi zero, apesar de render mais de €13M com as vendas de Fraser Forster e Tony Watt.

No dia 27 chegou outro jogador emprestado, o extremo ganês Wakaso Mubarak do Rubin Kazan e no dia final do mercado o clube comprou o passe do ponta-de-lança sérvio Stefan Scepovic do Sporting de Gijon por um valor em cima de €2,5M, mas chegaram demasiado tarde para ajudar na luta para um lugar na Liga dos Campeões. Ainda pode chegar também John Guidetti, avançado sueco do Man City, mas a situação dele fica por definir ao tempo escrita deste artigo.

Evidentemente a dire¬ção não pode fugir a culpa pela saída da Champions. Não se pode instalar um novo treinador sem lhe dar os fundos para criar a sua própria equipa e esperar que avançará para a fase de grupos da Champions.

Mas não é apenas este verão que as actividades da direção têm frustrado os adeptos do Celtic. Muitos consideram que o clube está num período de redução. Cada ano o plantel parece menos forte do que no passado. Em Julho de 2013, por exemplo, saíram Gary Hooper e Victor Wanyama para a liga inglesa por um total de €22,7M e ainda não entrou na equipa nenhum jogador que pode fazer o que eles fizeram.

Aliás, em três das quatro épocas que Neil Lennon passou como treinador do Celtic, o clube gastou menos do que recebeu no mercado de transferências. Em total gastou €36,4M e recebeu €62,9M (chega aos €77,4M se incluirmos as vendas deste verão). As cifras seriam muito impressionantes se a equipa estivesse a melhorar ao mesmo tempo, ou pelo menos se a qualidade do plantel estivesse a ser mantido, mas é difícil dizer isto.

Entretanto, a realidade é que tem de ser assim, ou seja, sendo sensato, o clube tem de render em vendas mais do que gasta em compras. No futebol escocês não há muito dinheiro e a política do Celtic – comprar jogadores jovens dos mercados menos conhecidos, vendê-los por uma mais-valia e logo investir este dinheiro no clube e noutros jogadores – é um bom plano para sobreviver em tal ambiente.

Ter um bom plano é uma coisa, executá-lo com sucesso é outra. Neste contexto, sucesso quer dizer manter a qualidade do plantel e ser competitivo na Champions. A exigência dos adeptos é que a equipa joga na Champions, pois sem rival na liga a época falta interesse sem as noites europeias em que Celtic Park se torna um dos melhores estádios na Europa.

Resta saber se Ronny Deila puder fornecer isto mas merece a sua oportunidade e precisa o apoio dos adeptos e da direcção. O treinador norueguês fala bem, parece conhecer bem o futebol e tem uma filosofia sobre o jogo que é bem diferente à de Lennon e por isso um período de adaptação é necessário.

Quer ver um futebol atractivo, que os adeptos dos Hoops também querem, e quer ver mais intensidade na pressão da oposição. Até agora só vimos uns exemplos disso mas é bastante para ter algum optimismo que os adeptos do Celtic vão estar felizes se puderem estar pacientes.
Será no fim da época e até nos jogos de qualificação para a Champions no próximo verão que poderemos avaliar de verdade o que passou ao Celtic frente ao Legia de Varsóvia e ao Maribor, e se Deila e a sua equipa aprendessem das experiências.

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