terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

A Porta 10A só se abre para saídas

A mítica Porta 10A foi, durante anos, o local de romaria para todos os sportinguistas que queriam saber as novidades do clube ou cruzar-se com as estrelas que davam espectáculo no relvado de Alvalade. Durante anos, foi motivo de orgulho e vaidade para quem seguia o Sporting. No entanto, desde a construção do novo estádio, dessa porta restou apenas a memória, perpetuada numa das paredes da actual casa sportinguista.

Lembrar esta porta no dia de hoje tem um significado. Pela segunda vez esta época, o Sporting desfez-se de um atacante do seu plantel, sem ter anteriormente garantido um substituto. No início da época, a história passou-se com Sinama-Pongole, que estando insatisfeito em Alvalade, rumou para Saragoça, vendo-se Paulo Sérgio com menos uma opção para a frente de ataque. O mercado de Janeiro foi pródigo em promessas, mas as notícias do último dia de transferências só podem mesmo envergonhar qualquer sportinguista.

Depois de anunciada a saída de Liedson (o que é uma boa opção, dada a idade e a performance deste jogador, ainda para mais pelo valor oferecido pelo Corinthians), a actual estrutura directiva do Sporting concentrou-se em dois alvos: Kléber e Djalma. O primeiro, por tudo aquilo que se passou nesta temporada, está mais do que comprometido com o FC Porto, sendo que o segundo acabou por recusar negociar com o Sporting, muito provavelmente pela mesma razão. Qual é o sentido de concentrar esforços em dois alvos que estão comprometidos com um rival? Nenhum. Aliás, roça à estupidez, tendo em conta que esse rival tem muito maior poderia financeiro e desportivo.

Assim, e fazendo o balanço de entradas e saídas do plantel, o Sporting manteve os problemas (Caneira sem treinar, Izmailov sem sequer falar, embora neste segundo caso ainda possa sair para a Rússia, que tem um calendário de inscrições diferente), perdeu um dos jogadores mais carismáticos do plantel (Liedson) e contratou um jogador que tem como currículo passagens pelo Paços de Ferreira e pelo PAOK (esta segunda  praticamente sem utilização, culminando numa dispensa), para mais numa posição onde tem Diogo Salomão (um jogador que todos acreditam que devia jogar mais, excepto o treinador). 

Paulo Sérgio pode queixar-se que o seu plantel ficou mais fraco. Mas não pode queixar-se de, em ambos os momentos, ter pedido jogadores para posições onde o Sporting tem alternativas mais jovens e com muito maior potencial de valorização futura (em Setembro, Hildebrand veio fazer sombra a Rui Patrício e agora Cristiano vem pôr na sombra Diogo Salomão). Costinha e Couceiro poderão queixar-se que, sem ovos, não se podem fazer omeletes, mas a verdade é que o Sporting tem vários médios e avançados emprestados a outros clubes, em vários casos com tanta ou menor utilização do que teriam se regressassem a casa. Os sócios vão continuar a assobiar. Os resultados vão demorar mais a aparecer. No que resta para jogar nesta temporada, o Sporting voltará a fazer uma via dolorosa, com apenas uma ténue promessa de que no próximo ano tudo correrá melhor. 

Os sinais que nos chegam dizem todos para que não acreditemos nisso. 

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