domingo, 9 de janeiro de 2011

Abram alas para o Rei Salomão


O jovem leão saiu do banco aos oito minutos para marcar o golo que mudou o jogo, permitindo uma grande vitória ao Sporting (2-1).

Afinal, bastava pedir! O Sporting, não o idealizado pelo treinador Paulo Sérgio, mas aquele que, por força das circunstancias, esteve em campo a partir do minuto oito desta partida, deu espectáculo no relvado de Alvalade, marcando dois golos plenos de oportunidade, jogando de uma forma fluida e entusiasmante, defendendo com acerto sempre que o Braga a isso o  obrigou. Um grande jogo, a fazer-nos pensar que os ingredientes necessários para termos um grande Sporting existem, precisam apenas de ser misturados nas quantidades certas para que se atinjam os resultados desejados.

Hélder Postiga tinha tido queixas durante a semana e durou pouco mais de três minutos em campo, até sair devido a um problema muscular. Com a equipa montada para jogar em 4-4-2, mas sem opções no banco para ocupar o lugar do avançado das Caxinas (para Paulo Sérgio, Saleiro é homem de um minuto só), a entrada de Diogo Salomão ditou o regresso dos leões ao 4-2-3-1 que tão bons resultados tem dado à equipa de Alvalade. Não foi preciso esperar muito para que se percebesse a vantagem de ter em campo três criativos a municiar o ponta-de-lança. Numa troca de bola pela direita, entre João Pereira e Vukcevic, Zapater surgiu sozinho no canto direito da área e centrou para que o recém entrado Salomão, num movimento digno de um Karaté Kid, tocasse de calcanhar para o fundo das redes.

O Braga, que até tinha tido mais bola nos primeiros dez minutos, parecia afundar-se nas movimentações rápidas dos sportinguistas. Aos doze minutos, Liedson arrancou em direcção aos centrais bracarenses, encontrou Valdés sozinho a entrar pela esquerda e passou para que o chileno escolhesse a melhor forma de bater Artur. Dois – zero no marcador e os cerca de vinte e três mil espectadores em jubilo. Mas os jogadores pareciam decididos a não deixar respirar quem assistia ao encontro. Alan aproveitou uma descompensação no lado esquerdo da defesa do Sporting, encontrou-se liberto para esperar o melhor momento para colocar a bola no meio da área onde Paulo César, aparecido milagrosamente entre Carriço e João Pereira, empurrou para o golo.

Foram vinte minutos de enorme qualidade. O jogo estava dividido e ninguém parecia abdicar do direito a ser feliz. O Sporting continuava a ter em Vukcevic, Valdés e Diogo Salomão, três setas apontadas à defesa bracarense, com Liedson a ser um lutador incansável frente a Paulão e Moisés. Do lado dos minhotos, Alan e Paulo César eram os mais activos de uma equipa que voltou a ter a bola mas que, durante a primeira parte, só conseguiu assustar por uma vez o último reduto verde e branco, numa jogada onde André Santos foi magistral no corte.

Saber defender

O reatar da partida trouxe um Braga decidido a encontrar o empate. Alan, logo no primeiro minuto, rematou com perigo para excelente defesa de Rui Patrício.  O guarda-redes internacional esteve em destaque na segunda metade já que, por mais duas vezes, evitou com grande categoria o golo dos arsenalistas.

Por seu lado, Paulo Sérgio esperou até ao minuto 80 para mexer numa equipa que dava sinais de conseguir aguentar o impacto das iniciativas bracarenses. A opção tomada enervou os adeptos da casa, não tanto pela escolha de Nuno André Coelho para fortalecer o meio-campo, mas sobretudo por retirar do terreno de jogo Diogo Salomão. O jovem extremo-esquerdo é, indubitavelmente, o futuro grande craque deste plantel. Durante toda a época não desiludiu em nenhum dos minutos que esteve em campo. Para mais, hoje, foi autor de um golo decisivo e pegou na bola sempre com faro apurado para criar perigo. Não o deixar dar mostras da sua qualidade durante mais tempo é, nesta fase da época, uma afronta para os adeptos do clube de Alvalade.

O jogo não acabaria, ainda assim, sem que Nuno André Coelho encontrasse entre os centrais bracarenses, respondendo a um livre marcado por Simon Vukcevic, oportunidade para levar o perigo à área adversária, onde Artur também brilhou. Excelente vitória para o Sporting num jogo onde todos os seus jogadores foram capazes de mostrar o seu melhor, conseguindo dominar um Braga que, esta época, acumula derrotas fora de casa, mesmo que a sua exibição tenha sido de bom nível.

As figuras

Diogo Salomão – entrou a frio, mas trouxe fogo para incendiar Alvalade. Um salto acrobático para um golo memorável, a rebeldia da juventude sempre pronta para criar perigo nas oportunidades em que teve bola. Foi uma grande noite para o Sporting, mas foi, sem dúvida, uma das noites maiores na ainda curta estadia de Salomão entre os leões.

Vukcevic  e Liedson – dois lutadores na linha ofensiva do Sporting. O montenegrino volta a mostrar porque é uma das pérolas de Alvalade, desta vez com uma atitude e um pensamento colectivo que nem sempre lhe podem ser identificados. O levezinho continua sem marcar, mas ninguém pode dizer que não é dos jogadores que mais se entrega na procura da vitória. Merecido destaque, no jogo de hoje.

Paulo César – é o mais inspirado dos operários bracarenses e o mais trabalhador dos artistas. Talvez seja por isso que poucas vezes tem direito a destaque de primeira página. No entanto, o brasileiro é figura incontornável no Braga de Domingos Paciência. Em Alvalade marcou um golo, esteve em duas das mais perigosas oportunidades criadas pela sua equipa, correu quilómetros e desgastou, como pôde, a defesa sportinguista. Sai derrotado, mas com a satisfação de ter cumprido o seu dever.  

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