terça-feira, 4 de janeiro de 2011

O proscrito favorito


Mantém-se a relação de amor/ódio com o montenegrino Vukcevic que, na semana em que voltou a ser dado como dispensável, foi decisivo na vitória frente à Naval em jogo da Bwin Cup (2-0).

Podem apontar-lhe o facto de ser excessivamente individualista, duvidar da sua entrega em alguns jogos, dizer que não gera bom ambiente no balneário de Alvalade. No entanto, a verdade é que Vukcevic mostra, sempre que lhe permitem, a sua utilidade dentro de campo. Foi isso mesmo que aconteceu na noite fria de segunda-feira, quando o internacional do Montenegro entrou aos 53 minutos de jogo. O que até aí tinha sido uma partida amorfa, sem momentos de interesse, nem situações que dessem por bem empregue a deslocação até ao estádio, acabou virada do avesso por um jogador que soube tomar a iniciativa do jogo, arriscou dar maior velocidade e soube rematar para conquistar a vantagem no marcador.

Foram preciso apenas 15 minutos em campo para que Simon Vukcevic mostrasse o caminho para as redes. Num livre bem distante da área adversária, soltou um remate poderoso que acabaria por ressaltar em Carlitos e dar o primeiro golo para o Sporting. Quebrou-se finalmente o gelo entre os 11200 espectadores que resistiam nas bancadas, assobiando a sua equipa durante longos períodos da primeira parte. Entre os leões, ultrapassou-se também um certo bloqueio que prendia os movimentos da equipa. Três minutos depois, Hélder Postiga apareceu liberto do lado direito do ataque leonino, centrou com peso e medida para o interior da área e o levezinho deu espectáculo. Penteou o esférico com um pé, rodopiou sobre o defesa e rematou sem hipóteses para Salin. Em apenas alguns minutos o jogo ficou decidido. O tempo suficiente para termos a possibilidade de fazer um resumo em que tudo seria qualidade (podíamos juntar-lhe as duas bolas que os sportinguistas atiraram à barra e ficaria lindo). Sim, porque os restantes oitenta e sete minutos de jogo, fizeram sofrer quem viu este encontro.

Não se poderia esperar muito de uma Naval em transição para o terceiro treinador da época, com apenas uma vitória em jogos oficiais na temporada corrente. Fernando Mira recorreu aos elementos que têm mais tempo de casa para tentar que o seu barco não afundasse, uma vez mais, em Alvalade. Com uma defesa de quatro elementos, os franceses Godeméche e Alex Hauw compunham uma primeira barreira defensiva na intermediária, onde Hugo Machado tentava organizar um ataque que tinha Marinho do lado direito e Camora do lado esquerdo. Fábio Júnior era pau para toda a obra na frente desta equipa que aproveitava qualquer aberta para tentar o remate.

No entanto, o pouco discernimento provocado pelo nervosismo de uma equipa muito insegura e a fragilidade das jogadas (quase nunca organizadas) gizadas pelos navalistas, fizeram com que não conseguissem obrigar Rui Patrício a uma única defesa. Foi uma noite sossegada para o último reduto sportinguista. O jogo esteve quase sempre nas mãos de André Santos e Maniche, que tinham a responsabilidade de empurrar o Sporting para o ataque. No entanto, a velocidade de procedimentos não é uma qualidade da equipa de Paulo Sérgio. Nem João Pereira, do lado direito, nem Yannick, pela esquerda, conseguiram servir os dois avançados que iam ficando perdidos na apertada rede formada pelos centrais e trincos figueirenses.  A primeira parte passou sem história e foi mesmo preciso recorrer ao banco para vermos futebol em Alvalade.

No fim das contas, vitória justíssima para o Sporting que receberá o Penafiel na segunda jornada da Bwin Cup, em jogo que oporá os dois líderes do grupo. Caminho aberto para uma presença verde e branca nas meias-finais desta competição.

As figuras

Vukcevic – Já tudo foi dito sobre a importância de Vukcevic na vitória do Sporting. Um jogador destes nunca pode ser visto como um caso perdido. Há que fazer um esforço para conseguir que ele renda sempre a este nível. Se isso for conseguido, Vuk será um activo de valor no plantel de Alvalade.

Liedson – Ultrapassado um período negro em que não conseguiu contribuir com golos, o levezinho está cada vez mais perto da sua melhor forma. Mesmo que a idade não perdoe em termos de disponibilidade física, o internacional português continua a ser um dos melhores avançados a marcar presença nos nossos relvados. O golo que marcou neste jogo é apenas a confirmação disso mesmo.

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