Ver a Nigéria faz-me sempre lembrar o meu amigo Paulo Cipriano, talvez o português mais apaixonado por Okocha e companhia no Mundial de 98. Depois de uma primeira fase quase perfeita, com vitórias sobre a Espanha e a Bulgária, os nigerianos enfrentavam a Dinamarca nos oitavos-de-final. No dia 28 de Junho de 1998, eu e o Paulo Cipriano trabalhávamos num dos populares restaurantes da Feira de São Pedro, em Torres Vedras. Enquanto eu andava pela sala a recolher e a pôr mesas, o Paulo colaborava na cozinha, sendo ele responsável pela actualização do resultado através da emissão da RTP numa televisão em que a bola concorria com a sua própria sombra. Aos doze minutos, já os dinamarqueses tinham marcado dois golos, mas a esperança ainda brilhava nos olhos do Paulo. O problema foi que, na segunda parte, os dinamarqueses repetiram a graça, perante uma Nigéria que parecia ter, subitamente, desaparecido do campeonato. Sei que ficámos os dois tristes, em pé, na cozinha, em frente àquela pequena televisão, na noite de 28 de Junho de 1998. Sei isso e, desconfio, que pela face do Paulo Cipriano corria uma lágrima nigeriana.
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