quarta-feira, 29 de setembro de 2010

Lourinhanense, o satélite do Sporting

Lourinhanense 96/97
 O Sporting Clube Lourinhanense não é dos clubes com maior historial no futebol português. No entanto, foi na Lourinhã que se juntaram algumas das esperanças do panorama nacional quando  a equipa da pequena vila do Oeste se tornou o clube-satélite do Sporting Clube de Portugal. Corria o ano de 1996.


Perto do final da época de 95/96, começaram a correr rumores de que o Lourinhanense poderia ser o destino de uma série de jovens craques do Sporting. “Era um plantel composto maioritariamente por jogadores com mais de trinta anos”, conta-nos Luís Esteves, o que terá feito com que a generalidade dos jogadores percebesse que teriam que procurar novo clube. “Foi um processo mal gerido”, mas não terá sido essa a razão da descida de divisão nessa época, já que todos mantiveram uma postura “muito profissional”. Luís Esteves, na altura com vinte e três anos, foi um dos poucos jogadores da casa que ficou para jogar entre os craques. “Eu era um jogador que necessitava de trabalhar para limar algumas limitações, nada melhor que fazer isso num projecto que dava prioridade à formação”.

Da parte dos jogadores que faziam parte dos quadros do Sporting, a situação foi aceite com normalidade. Tendo sido comunicada pelos dirigentes,  os jogadores sentiram que “tudo foi feito” para que se sentissem em casa, como confirma Marco Almeida. O treinador Jean Paul era uma figura conhecida para aquele grupo de jovens que, para além do central, reunia jogadores com Bruno Patacas, Luís Boa Morte, Carlos Fernandes, Márcio Santos e, mais tarde, Hélder Rosário, Caneira, Alhandra, Paulo Costa, Nuno Santos e Nuno Assis.

A vila da Lourinhã tornou-se num dos lugares de atracção do nosso futebol. Confidencia-nos Esteves que “havia uma constante presença de jornalistas, quer nos treinos, quer nos jogos”, que também arrastavam muito mais público do que era normal para ver o Lourinhanense. “O ambiente foi sempre muito bom”, reforça Marco Almeida, confirmando que foi um projecto de grande importância para “o clube e para as gentes da Lourinhã”. A verdade é que a equipa conseguiu grandes resultados desportivos. Logo na época de 96/97 assegurou a subida à 2ª Divisão B, perdendo o título da 3ª Divisão apenas no desempate por grandes penalidades com o Dragões Sandinenses. E nas épocas seguintes assegurou lugares cimeiros na Zona Centro, apesar de nunca ter sido exigido à equipa a subida de divisão. Aliás, tal nem seria preciso, pois, como nos confirma o jogador de Torres Vedras, “aquele grupo entrava em campo sempre para ganhar”.

O regresso à Lourinhã, anos depois
O projecto viria a terminar em 1999 com a criação da equipa B do Sporting. No entanto, quer Luís Esteves, quer Marco Almeida, estão de acordo na ideia de que a passagem pelo Lourinhanense foi fundamental para as suas carreiras. Esteves fez-se jogador na Lourinhã, apesar de ter cumprido a formação em Torres Vedras, e adquiriu uma série de conhecimentos e experiências que lhe foram muito valiosas numa carreira que continuou pelas divisões secundárias no Torreense, Fátima e Barreirense, vindo a terminar a sua carreira na Distrital de Lisboa, com a camisola do Ponterrolense. Já Marco Almeida percorreu todas as divisões do futebol português (Sporting, Campomaiorense, Alverca, Maia e Lourosa), para além de experiências internacionais em Inglaterra (Southampton), Espanha (Ciudad Múrcia) e Chipre, onde joga actualmente. O experiente central não esquece os bons momentos que passou na Lourinhã, fazendo questão de lembrar todos os jogadores que conviveram naquele ano e dando também destaque a pessoas como José Canastra, Vítor Damas e João Cardoso pelos ensinamentos que lhe transmitiram.

O balanço não poderia ser mais positivo. Apesar de novas experiências se encontrarem, nos nossos dias, dependentes das condições financeiras dos clubes grandes, a experiência levada a cabo na Lourinhã (e que o Benfica tenta experimentar, noutros moldes, no Fátima, este ano), acabou por dar  resultados,  preparando jovens jogadores para carreiras ao mais alto nível. 

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