quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Campeões sem pavilhão - Entrevista a Rui Fonseca, Vasco da Gama


Rui Fonseca está ligado desde sempre ao Vasco da Gama, como adepto, jogador, treinador e funcionário. Actual campeão nacional de sub-18, o técnico deste histórico do basquetebol português fala-nos de uma realidade bem próxima a muitos daqueles que estão envolvidos na modalidade por todo o país.

- Como  está organizada a formação do Vasco da Gama? Quantos atletas, equipas e treinadores trabalham no clube?
Estamos organizados sem ter um coordenador técnico, mas estamos com um grupo de treinadores que conhecem bem os cantos à casa e como as coisas funcionam há anos, somos 15 treinadores, trabalhamos com 10 equipas e com um número de atletas a rondar os 150.

- Qual a importância dos resultados escolares na evolução de um atleta?
É muito importante que eles sejam responsáveis nos estudos, para terem uma boa evolução como atletas, muitos deles são castigados pelos pais durante a época por causa das notas e isso é mau para o trabalho deles como desportistas. Nós, treinadores, também somos responsáveis nos estudos deles.

- Consideras fundamental que um jogador passe pelos diversos escalões de formação ou parece-te melhor que o jogador seja colocado a jogar contra atletas mais velhos, de modo a enfrentar maiores desafios?
Eu acho muito importante que passem pelos escalões todos, mas há muitos casos de atletas que não faz sentido estar no escalão sem ter capacidade de resposta dos companheiros. Aí sim, devem de treinar e jogar contra atletas mais velhos para terem uma melhor evolução.

- Enquanto treinador de uma equipa que aposta na formação, quais são os maiores problemas que enfrentas nesta época, a nível de condições de treino, de apoios, de soluções de futuro?
As minhas grandes dificuldades nestes anos de treinador (sempre no Vasco da Gama), é não ter um pavilhão próprio para jogar e trabalhar com as melhores condições, não treinamos com as bolas que jogamos, não temos um piso em condições para a prática, fazemos jogos oficiais onde não treinamos. Estamos à espera do que nos prometeram para o futuro.

-  O campeonato nacional de sub-20 tem sido muito criticado. Para ti, faz sentido a sua existência?
Eu não sou contra,  acho que faz sentido existir.

- O Vasco da Gama não tem, neste momento, uma equipa profissional. Como vês a evolução dos teus jogadores neste contexto?
Não, estamos na CNB-1 e os nossos jovens são trabalhados para chegarem em grande número à equipa sénior do clube.  Os atletas com algum talento, foras de série, podem vir a representar uma equipa profissional.

- Quando um jogador do Vasco da Gama disputa um torneio internacional pela Selecção, notas uma evolução no seu jogo quando regressa ao clube?
Não. Eles trabalham nos clubes para serem chamados às selecções e representar o país dando  o seu melhor, embora não sejam chamados os melhores às selecções.

- Dos jogadores que tens no Vasco da Gama, quem te parece que poderá vir a ter projecção no Basquetebol internacional?
No basquetebol internacional tenho algumas duvidas, mas a nível da Liga e Proliga, temos cá muitos jogadores com qualidade para representar uma equipa.

- No resto da Europa, encontramos jogadores com 17 e 18 anos a disputar as competições principais de seniores (nos nacionais e nas provas europeias). Porque achas que, em Portugal, só encontramos na Liga Profissional jogadores com mais de 20 anos?
Porque não apostamos nos nossos jovens com valor muito mais cedo, estamos mais atrasados que os outros países.

- Em que nível te parece estar o Basquetebol português? Parece-te possível que, a médio prazo, possa aproximar-se dos melhores níveis europeus?
Estamos a um nível razoável para a nossa realidade desportiva, mas acho que é muito difícil chegarmos a esse ponto.

- O que falta ao Basquetebol Português para chegar lá?
Mais e melhores condições e apoios aos clubes.

- Na tua opinião, como pode o site Planeta Basket apoiar o desenvolvimento de jovens jogadores fora de campo?
Fazer um trabalho em revista ou jornal, sobre os campeonatos em que os jovens participam, com entrevistas, etc.

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