quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Melhorar e Aprender: Sempre - Entrevista a Diogo Correia, jogador do FC Porto


Diogo Correia tem 20 anos e é jogador do Porto Ferpinta, competindo quer na equipa profissional (LPB), quer na equipa B (CNB1). O Diogo foi uma das grandes transferências deste ano, ao trocar o Benfica pelo Porto. Neste momento é uma das nossas promessas, tendo no currículo um longo percurso internacional, com participações no Europeu Sub-16 (2006), em dois Europeus de Sub-18 (2007 e 2008) e em dois Europeus de Sub-20 (2009 e 2010). Para além do Basquetebol, é estudante universitário, frequentando o curso de Medicina.

- Na tua evolução como jogador, qual a importância das participações nas competições europeias de selecções?

Poder contactar, durante vários anos, com realidades basquetebolísticas completamente diferentes, com atletas que hoje em dia estão a competir ao mais alto nível por esse mundo fora, e poder jogar durante essas mesmas competições, jogos onde os índices competitivos são elevadíssimos, foi algo que veio enriquecer e muito toda a minha evolução como jogador. Nessas competições não existem jogos fáceis, uma simples distracção durante trinta segundos pode custar o resultado no final do jogo. Somos obrigados a estar constantemente concentrados e a ter uma grande responsabilidade, o que ajuda imenso a atingir alguma maturidade competitiva. Além disso, em grande parte dos países que participam nessas mesmas competições, existem jogadores que, apesar da idade, possuem enorme valor e jogam já vários minutos nas Ligas Profissionais dos respectivos países ou nas Ligas dos países de topo no basquetebol europeu (Espanha, Sérvia, Grécia, etc.). Para mim, como jogador, foi extremamente valiosa toda essa experiência.

- Sentes que podias evoluir mais, como jogador, estando no estrangeiro? O que achas que pode ser feito em Portugal para nos aproximar desse nível?

Sim, acho que é algo que, olhando para a realidade do basquetebol em Portugal e comparando-a com a de alguns países, é legítimo pensarmos. No entanto, na minha opinião, essa necessidade de ir para o estrangeiro de modo a que possa existir uma evolução ainda maior, deve-se a questões relacionadas com a competitividade que existe nas grandes ligas no estrangeiro e com o valor dos jogadores que actuam nessas mesmas ligas ou com as condições de treino que são proporcionadas. Em Portugal existe muita qualidade, mas infelizmente, deparamo-nos com o eterno problema de sermos um país com 10 milhões de habitantes, em que apenas 30 mil pessoas praticam basquetebol federado. Comparando com Espanha, que é aqui mesmo ao lado, e que possui 50 milhões de habitantes, chegamos à conclusão que a base de recrutamento é cinco vezes maior, e portanto o número de pessoas a praticar basquetebol é muito superior, mesmo tendo em conta a proporção. Assim, com mais pessoas a praticar basquetebol, aumenta a probabilidade de aparecerem jogadores com mais talento, o que por si só aumenta o número de equipas competitivas, elevando a qualidade quer dos campeonatos, quer do basquetebol.

Apesar de tudo o que referi, sou da opinião que, mesmo por cá, é possível ter uma boa evolução, porque felizmente começamos a ter as pessoas certas (treinadores, dirigentes, responsáveis técnicos, etc.) nos lugares certos. Pessoas essas, extremamente profissionais e com grande valor, a quem começam a ser dadas oportunidades. Em Portugal, já muito tem sido feito para que pelo menos nos aproximemos desse nível, nomeadamente com a criação dos Centros de Treino ou com a intervenção que tem existido nas escolas com a iniciativa do Compal Air. Tudo o que sirva para divulgar o basquetebol, falar do basquetebol ou promover o basquetebol é de salutar e ajuda a que nos aproximemos do nível a que aspiramos. Outro exemplo que merece ser destacado, é que ainda muito recentemente foi apresentado o PFD - Processo de Formação Desportiva, projecto da FPB que visa melhorar a formação dos atletas jovens.

- Há evolução, para um jogador como tu, a jogar numa equipa B? O CNB 1 é um desafio ou a equipa preferia poder subir à Proliga?

Há sempre coisas a melhorar e a aprender, seja numa equipa B ou sub-20. No entanto, e penso que posso falar em nome de toda a equipa, era preferível poder subir à Proliga, uma vez que no CNB 1, existem muito boas equipas e com quem de certeza iremos ter jogos competitivos, mas apesar disso na Proliga, o número de boas equipas é superior, o que por si só aumenta o número de jogos competitivos ajudando ainda mais na evolução de cada um. Sendo assim, penso que a Proliga poderia ajudar mais e melhor na nossa evolução.

- Tens evoluído também na tua carreira académica. Para ti é importante manter bons resultados escolares?

Sem dúvida! Hoje em dia penso que em Portugal não é possível alguém poder fazer do basquetebol a sua profissão. A carreira de um jogador de basquetebol é muita curta, e é importante termos algo assegurado em termos de estudos, para quando essa mesma carreira um dia acabar.

- Sentes que o basquetebol profissional é um objectivo atractivo? Ou acreditas que será difícil de concretizar uma carreira de nível internacional?

É claramente algo atractivo, e quem me dera que a realidade do basquetebol português, fosse diferente para que tal pudesse ser possível. Poder fazer aquilo que mais se gosta, e ainda por cima de forma profissional é algo a que toda a gente aspira e que infelizmente muito poucos conseguem. É assim no basquetebol, no desporto em geral, e em todas as áreas da vida. É esta a nossa realidade, e portanto é preciso adaptarmo-nos a ela. Quanto à segunda questão, acredito que será difícil conseguir ter uma carreira internacional, e como prova disso basta ver a quantidade de jogadores portugueses que o conseguiram. No entanto, acredito que com trabalho, sacrifício, humildade, ambição, responsabilidade, e talento, tudo é possível. É algo que sabemos que é complicado, mas que não deixamos de ter no horizonte, porque é algo que todos ambicionamos!

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