sexta-feira, 29 de junho de 2012

O anjinho era Low


Estará ainda por explicar porque é que Joachim Low, tão seguro do seu onze na conferência de imprensa anterior à meia-final, acabou por se sentir tentado a reforçar a zona interior do meio-campo com Toni Kroos. A Alemanha mexeu e, apesar de ter entrado mais forte no jogo, foi completamente tomada por uma Itália mais segura, mais ambiciosa e, sobretudo, com um jogador que pegou no jogo pelos “cornos”.

Mário Balotelli nunca foi tão efetivo como ontem. Na forma como apareceu a rematar, a marcar, a tirar a camisola para se mostrar ao mundo. Levou a Itália à vitória, depois de Pirlo a ter levado ao domínio da partida. É entre estes dois jogadores, tão contrários um ao outro, que Cesare Prandelli tece o cuidado fio de jogo italiano. Com mestria e sucesso, já que atinge uma final inesperada. Com glória, caso consiga aquilo que todos parecem agora desejar. Que o futebol atraente da Itália conquiste o título das mãos dos “aborrecidos” espanhóis.

Taça CAF – Guia do play-off


Luís Cristóvão antevê os principais encontros do play-off da Taça CAF, equivalente da Liga Europa em África.

São dezasseis equipas em busca de um lugar na fase de grupos da segunda competição do futebol continental de clubes. Oito saídos da segunda eliminatória da CAF, outros oito vindos da Liga dos Campeões, que iniciará na próxima semana a fase de grupos.

O maior destaque vai, sem dúvida, para o Interclube. A equipa angolana consegue uma vez mais afirmar-se no espaço africano, depois de no ano passado ter atingido as meias-finais da prova. Depois de ter começado a época sob o comando de António Caldas, segue agora com Bernardino Pedroto. O treinador português tem vindo a recuperar a equipa no Girabola, mas a maior ambição está agora na Taça CAF.

quinta-feira, 28 de junho de 2012

Todos querem uma pequena vingança


Alemanha e Itália entram em campo em busca de um lugar na final do Europeu, onde terão oportunidade de vingar derrotas passadas frente aos Espanhóis. Mas para lá chegar, há que ultrapassar um adversário complicado.

22 de junho de 2008, Estádio Ernst Happel, Viena, Áustria. A Espanha iniciava a sua caminhada em direção ao domínio do futebol mundial. Ainda que poucos o adivinhassem, este jogo marcou o início de uma era que Alemanha e Itália esperam poder quebrar ainda esta semana. Nesse dia, a seleção italiana treinada por Roberto Donadoni, vendeu cara a derrota, avançando até à marcação de grandes penalidades. E sim, tal como ontem, os espanhóis venceram por 4-2.

Paz


Há uma certa sensação de pacificação no momento da derrota. Não é felicidade ou alegria. Apenas a certeza de que, apesar do resultado, esta guerra terminou.  

Nem sempre uma derrota


Nem sempre uma derrota significa que se poderia ter feito algo diferente. Esta é uma das verdades que custa a aceitar, de tão áspera. Portugal entrou frente à Espanha como o jogo lhe exigiu. Com cuidados defensivos e tentando, durante 90 minutos, colocar a bola na velocidade dos seus extremos. Na defesa, Portugal teve quase sempre sucesso. Tal como a Espanha, aliás, que não deu um milímetro a Cristiano Ronaldo e Nani.

No meio-campo, João Moutinho foi gigantesco a rasgar as tentativas de evolução espanhola e o tiki-taka como que esteve ausente durante o jogo. Do outro lado, Busquets e Xabi Alonso sobravam para evitar que qualquer lance de perigo surgisse da intermediária portuguesa. Foi com este empate técnico que as duas equipas foram para prolongamento.

quarta-feira, 27 de junho de 2012

Portugal no caminho da final


A seleção portuguesa tem estado, nos últimos anos, no caminho das finais das grandes competições. Depois de atingir a final do Euro em 2004, os portugueses foram sempre eliminados por finalistas ou campeões. Oito anos depois, Portugal quer vencer o seu primeiro grande título. Será capaz?

Cristiano Ronaldo tinha apenas 21 anos, lutava pela titularidade no Manchester United, onde era um promissor extremo, vestia a camisola 17 e acabara de ser promovido a titular na seleção portuguesa. Foi em 2004 que Portugal disputou a primeira final da sua história e o jovem madeirense ainda não era nada daquilo em que se transformou nos últimos oito anos.

terça-feira, 26 de junho de 2012

Quatro equipas a sonhar com um título


Espanha, Portugal, Alemanha e Itália são as quatro equipas que estão na corrida para conquistar o Euro 2012. Em cada uma delas se destacam também os principais jogadores do torneio. O Falamos Futebol faz o mapa da qualidade presente em cada conjunto.

Atual campeão europeia e mundial, a Espanha tem conseguido fazer um caminho sem sobressaltos neste Europeu. Depois de passar a fase de grupos com apenas um empate, frente à Itália, os espanhóis não tiveras dificuldades para ultrapassar uma França demasiado remetida para o seu meio-campo.

segunda-feira, 25 de junho de 2012

Grandes penalidades


E no dia em que voltarem a dizer que as grandes penalidades contrariam a beleza do futebol, voltem a passar o vídeo do jogo de ontem e percebam, de uma vez por todas, que nas grandes penalidades está a justiça poética mais pungente de toda a história do futebol. Tal como a imortalidade de Pirlo, agora em forma de Panenka.  

domingo, 24 de junho de 2012

Franceses faltaram a festa aborrecida


Ver a Espanha jogar pode ser tão aborrecido como, por confusão de agenda, entrar num estádio em dia de treino de posse de bola, daqueles em que os treinadores utilizam apenas onze jogadores contra adversários imaginários. É eficiente, sem dúvida alguma, mas retira toda a alegria a um jogo.

O Espanha – França colocava, frente a frente, duas equipas que privilegiam a posse da bola acima de tudo. Isso, de facto, aconteceu. As equipas dividiram a bola entre si, com a pequena diferença de que os espanhóis o fizeram buscando a vantagem no marcador, enquanto o adversário tentava segurar a bola para evitar que os espanhóis marcassem.

Ao deixar Nasri no banco (com um lateral direito, Debuchy, a ocupar o lugar do extremo do Man City), Laurent Blanc anunciou ao jogo que iria tentar passar por ele sem risco. E não arriscou. Perdeu 0-2 sem nunca ter sequer levado perigo à baliza de Casillas. Um jogo aborrecido, fraco, onde apenas aconteceu o previsível. A Espanha ganhou.

O confronto: quem defende melhor, ganha?


Inglaterra e Itália são duas equipas com fama de defensivas. Ambas chegam aos quartos de final sem derrotas e parecem com capacidade para exigir um favoritismo que não lhes era entregue à partida.

No dia 8 de junho, Inglaterra e Itália pareciam estar fora da lista dos principais favoritos a vencer o Euro. Apesar de serem duas equipas com tradição na prova, a fragilidade inglesa e a confusão italiana faziam esperar uma passagem negra por este torneio. Mas a fase de grupos veio demonstrar algo diferente.

sábado, 23 de junho de 2012

Fazer o que se pode


Verdade seja dita, a Grécia só podia fazer o que fez. Recuas as suas linhas, esperando evitar uma Alemanha arrasadora e aproveitar qualquer espaço que encontrasse para responder na transição. Conseguiu não sofrer golos nos primeiros 40 minutos, até que Lahm, num remate imparável, colocou o marcador em 1-0. No reatar do jogo, Gekas e Samaras ainda inventaram o golo do empate, mas os alemães nunca perderam as estribeiras frente a um conjunto que sabia o que fazer.

Low surpreendeu com a entrada de Reus, Schurle e Klose. Não me parece que a Alemanha tenha ganho algo com a troca. Houve mais velocidade nas linhas e maior mobilidade na área, mas Muller e Podolski poderiam ter desorganizado a defensiva grega mais cedo e Gomez teria sido um jogador mais difícil de controlar pelos centrais helénicos. No final das contas, a Alemanha deu descanso a três titulares. Fez o que podia. E se isso não tiver consequências ao nível da confiança dos jogadores que ficaram no banco, terá assustado ainda mais quem tiver que enfrentar os alemães nas meias. Sim, porque para além destes seis, Low ainda pôde chamar Gotze para entrar em jogo.

Para Fernando Santos, acabou a caminhada no Euro 2012. Cumpriu o objetivo de atingir os quartos de final, mostrou uma Grécia digna e lutadora, apesar das muitas limitações apresentadas pelos jogadores disponíveis. Emitiu um sinal de esperança para todos aqueles que tiveram no futebol um parco sinal de esperança num país onde tudo parece ir caindo “cano” abaixo. Não é pouco, acreditem, o que fez o Engenheiro. Parabéns para ele. 

O confronto: duas equipas e apenas uma bola


Sabe quem foram as duas equipas que tiveram mais minutos a bola em sua posse durante a fase de grupos do Euro 2012? Se disse Espanha e França, acertou. As duas equipas vão jogar hoje nos quartos de final e uma bola parece pouco para quem gosta tanto de a ter em seu poder.

Espanha e França. O atual campeão europeu e mundial frente a uma equipa em reconstrução. Em comum, um onze cheio de jogadores que adoram ter a bola nos seus pés, procurando, através de passes curtos, progredir sobre defensivas cada vez mais desgastadas. Na antevisão deste encontro, é difícil perceber quem poderá ceder.

sexta-feira, 22 de junho de 2012

Sacrifício dos inocentes


O jogo entre Portugal e Rep. Checa começou a ser desequilibrado ainda antes do árbitro dar início à partida. Michal Bilak sabia que pouco podia fazer para impedir que Portugal se lançasse sobre a sua equipa. Por isso tentou contrariar esse avanço pegando na bola e surpreendendo os portugueses. Paulo Bento sabia que iria ser assim. Como em todos os jogos neste Europeu, Bento oferece a bola ao adversário nos primeiros minutos, preparando a sua resposta.

Ontem, a resposta foi brutal. Quando Portugal pegou na bola não mais deixou de empurrar os checos para dentro da sua baliza. Bolas ao poste, a embater nos defesas, a oferecer grandes defesas a Cech, houve de tudo e sempre com uma certeza: o jogo de ontem era de Portugal.

Cristiano Ronaldo foi Cristiano Ronaldo. Incitou os seus colegas, tomou a iniciativa, rematou, insistiu, sempre, até marcar. O golo de Portugal nasce da clarividência de três jogadores que deixaram tudo em campo. Nani, João Moutinho e Ronaldo. Já estavam há quase 80 minutos a carregar sobre os checos, mas nunca perderam o sentido nem a objetividade.

No final, fica a sensação que se deu um sacrifício de uma equipa inocente, sem grande capacidade para fazer frente a um adversário que vai lançado para a quarta meia-final nos últimos cinco europeus. Portugal sente-se agora imparável. Com confiança, mas também com um sentido de responsabilidade que talvez nunca tenha sido um dos atributos dos portugueses.  

O confronto: Isto não é economia?


“Os gregos não têm nenhuma lição a receber”. Foram estas as palavras de Fernando Santos ainda antes de saber que teria que enfrentar a Alemanha nos quartos de final. Será que no jogo de hoje a economia fica fora do relvado?

Talvez seja um tanto irónico que Alemanha e Grécia, que nos últimos meses têm travado uma intensa luta política pelo resgate económico dos gregos, se encontrem num jogo dos quartos de final deste Euro. Mas o futebol tem oferecido a muitos países esta oportunidade única de, durante 90 minutos, enfrentarem-se como iguais onze homens que saem de realidades totalmente díspares. Fernando Santos compreende bem essa situação e não perdeu tempo a tentar capitalizar isso junto da sua equipa.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

O confronto: Cech vs Ronaldo


É uma disputa com grande história na Liga Inglesa, onde Petr Cech defende a baliza do Chelsea e Cristiano Ronaldo deixou a sua marca com a camisola do Manchester United. Mas até já teve um episódio num Euro. Será que hoje se repetirá 2008?

Petr Cech e Cristiano Ronaldo são duas figuras do futebol mundial. Este noite, em Varsóvia, a sua experiência marcará o jogo entre Rep. Checa e Portugal. Há uma longa história de encontros entre estes dois jogadores. Cristiano Ronaldo partiu para Inglaterra em 2002, para vestir a camisola do Manchester United. Por ali fez o seu crescimento futebolístico e, na época seguinte a ter conquistado os seus primeiros títulos (Supertaça e Taça de Inglaterra, em 2003/04), viu chegar Petr Cech para o Chelsea, clube com quem viria a lutar pelo domínio do futebol inglês.

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Euro 2012: altos e baixos na fase de grupos


Os primeiros 24 jogos do Europeu selecionaram as 8 melhores equipas, que irão continuar a lutar pelo título neste campeonato. No Falamos Futebol, escolhemos quatro altos e baixos da competição.

Altos

Um antídoto para o tiki-taka? A primeira sensação deste Europeu foi a possível descoberta de um antídoto para aquele que é considerado o melhor futebol do mundo. A Itália de Cesare Prandelli utilizou uma defensiva de apenas 3 defesas, com De Rossi a ser o “terceiro central”, entre os dois outros na sua posição de origem. Através de um meio-campo muito versátil, onde Pirlo, Marchisio e Thiago Motta assumem tarefas defensivas e ofensivas, os italianos respondiam à abertura de jogo espanhol com dois “laterais” como Maggio e Giaccherini, muito rápidos e agressivos. É claro que a Espanha, mesmo sem ponta-de-lança, não é o Barcelona. Mas ficou no ar uma possibilidade que poderá ser explorada na próxima temporada.

Taiti, o novo campeão da Oceânia


Luís Cristóvão apresenta o Taiti, país que irá representar a Oceânia na Taça das Confederações do próximo ano.

O Taiti já era a seleção, se excetuarmos Austrália e Nova Zelândia, com melhor currículo na prova maior do futebol da Oceânia. E se a saída dos Australianos para a Confederação Asiática abria uma nesga para que um país que não as duas forças dominantes pudesse, um dia, ganhar esta prova, a verdade é que poucos esperariam que fosse a maior ilha da Polinésia Francesa, com uma população de menos de 200 000 habitantes, a conseguir tal feito.

terça-feira, 19 de junho de 2012

Fecha a boca, Balotelli


Desta vez, o avançado começou no banco. No entanto, estreou-se a marcar no Euro. Mário Balotelli é uma figura do futebol. Quase sempre por razões exteriores ao jogo. Ainda assim, volta e meia, mostra porque tantas esperanças se depositam no seu talento. Ontem, agarrado por O'Shea, conseguiu colocar a bola entre o defesa e o guarda-redes irlandês para marcar um grande golo.

Mas não será pelo golo que Balotelli será recordado. Não por este. Porque no momento dos festejos, Mário parecia preparado para “botar” discurso ao mundo, precisando de um atento Bonucci para lhe tapar a boca. Pelo que as imagens televisivas podem mostrar, Balotelli ainda tentou organizar um qualquer pensamento. Mas que ficou para sempre perdido nas mãos do defensor da Juventus.

Fecha a boca, Balotelli, parece ter sido a mensagem. Mas, por favor, continua a encantar-nos com golos como o de ontem.  

Que Espanha, afinal?


A Espanha atinge os quartos de final do Euro com duas vitórias e um empate. Nos números, tudo parece bater certo. No entanto, a exibição cinzenta frente aos italianos e o aparente marasmo frente aos croatas deixam algumas dúvidas no ar.

Que Espanha teremos em jogo agora que um resultado negativo significa a exclusão? A Espanha que se revela decisiva ou uma outra, de baixa rotação, que tem andado demasiado presente (ou ausente, se preferirem) neste torneio?

Vicente Del Bosque parece não ter a resposta. Mas tem, seguramente, a preocupação.  

Inglaterra – Ucrânia e Suécia – França


Com a França a defrontar uma Suécia já eliminada, precisando apenas do empate para se apurar, o frente a frente entre ingleses e ucranianos centra todas as atenções. A jogar em casa, a Ucrânia quer manter-se em prova, mas os ingleses terão Rooney para ameaçar o conjunto de Blokhin.

Inglaterra – Ucrânia

A prova de sobrevivência dada pelos ingleses no jogo frente à Suécia pode ter sido essencial para continuar em prova neste Europeu. Só assim a equipa de Roy Hodgson chega com vantagem ao último encontro do grupo, onde terá pela frente um dos países organizadores. A outra boa notícia é o regresso de Rooney, que viu, até aqui, o Euro da bancada. Com a disponibilidade de Rooney, Hodgson deverá optar por uma frente de ataque “made in Manchester United”, juntando-lhe Welbeck e Ashley Young. Acrescente-se Theo Walcott e os ingleses terão capacidade para vencer qualquer adversário.

segunda-feira, 18 de junho de 2012

Carros a apitar na rua


Poucos minutos depois de terminar o Portugal – Holanda, havia carros a apitar na rua. As pessoas soltaram-se, finalmente, das amarras da crise e do discurso miserabilista e vieram para a rua festejar. Portugal está nos quartos de final.

Noventa minutos antes, a equipa portuguesa entrou encolhida em campo, perante uma Holanda que precisava de ganhar por dois ou mais golos de diferença. Sofreu um golo,um grande golo marcado por Van der Vaart, e aí começou a acordar para a necessidade de vencer a partida.

Cristiano Ronaldo esteve em quase todos os grandes momentos do jogo ofensivo português. Como já tinha estado frente à Alemanha (apesar de muito preso à linha) e frente à Dinamarca (apesar do aproveitamento nulo). Para o mal e para o bem, tem sido sempre Ronaldo a mexer e importunar as defensivas contrárias.

Na defesa, Pepe esteve imperial. Para além da sua qualidade técnica acima da média, o central português joga com o coração, deixando a pele em campo. A isso junta o facto de ser o atleta com maior concentração competitiva e ascendente sobre os colegas de equipa. Essencial para um conjunto de sucesso.

No banco, Paulo Bento manteve-se igual a si próprio. Tem um onze definido e as opções claras na sua cabeça. Nélson Oliveira é a opção a Hélder Postiga, quando o jogo oferece espaço para correr na frente, o meio campo é preservado como unidade física essencial (e por isso Custódio entrou quando Raul Meireles rebentou) e Rolando é para utilizar sempre que nos minutos finais a equipa queira manter o resultado.

Passa por esta constância das suas principais figuras o sucesso de Portugal, que não tem nota artística, mas tem uma capacidade de sofrimento pouco habitual na história da nossa seleção. E estará nos quartos de final do Euro 2012.  

Croácia – Espanha e Itália – Rep.Irlanda


Na última jornada, o empate a dois pode servir os interesses de Croácia e Espanha, mas alguém quer arriscar ficar de fora e ver a Itália passar?

Croácia – Espanha

Mais um grande teste à fiabilidade espanhola. A Croácia de Slaven Bilic cheira a oportunidade de atingir os quartos de final e voltará a carregar forte sobre o adversário, esperando que a velocidade de movimentações de Rakitic, Modrid e Perisic encontrem em Mandzukic ou Jelavic homens que possam continuar a marcar. A chave do jogo, para os croatas, estará, no entanto, nas suas linhas mais recuadas, onde terá que lidar com a posse e passe dos espanhóis, sem cometer excessivo número de faltas e fechando bem os caminhos para a baliza de Pletikosa.

domingo, 17 de junho de 2012

Ainda a Grécia e o futebol como ele é


Por muito que lhe ditem a morte ou lhe critiquem o futebol, a Grécia voltou a espantar a Europa do futebol eliminando a, supostamente “mais capaz”, Rússia e garantindo um lugar nos quartos-de-final. Mas é preciso olhar bem para a equipa grega e perceber que não se trata tanto de uma equipa que pensa apenas em defender, mais uma equipa que reconhece as suas fragilidades e que consegue perceber que o futebol é um jogo onde ganha quem marca mais um golo do que o adversário. Ontem, a Grécia foi capaz de o voltar a fazer.

A Rússia teve uma entrada de leão neste Europeu, mas aburguesou-se. Foi incapaz de perceber que a vitória de 4-1 foi, acima de tudo, uma oferta da Rep. Checa, que não foi capaz de pressionar a saída de bola nem fazer tremer o meio-campo russo. Convencidos da sua superioridade, os russos deixaram-se empatar com a Polónia (num jogo onde poderiam ter perdido, não fosse a fragilidade ofensiva dos polacos) e perderam, bem, com uma equipa grega que soube aproveitar um erro infantil da defensiva da Rússia e nunca se sentiu muito ameaçada pela “reação” da equipa de Advocaat.

Por outro lado, e durante uma boa parte do segundo tempo, os russos ainda esperaram que um empate no Rep. Checa – Polónia lhes resolvesse os problemas. Não resolveu. A Polónia, a jogar em casa, nunca encontrou uma solução para conciliar o medo de perder com o facto de ter de ganhar. Já os checos conquistam a vitória num grupo devido a terem sido mais fortes nos pormenores. Com um meio-campo mais seguro do que o dos adversários eliminados, a Rep. Checa teve a “sorte” de começar mal e ter sido obrigada a repensar a sua abordagem ao jogo. No fundo, as duas equipas que mais prometeram na primeira jornada viram-se ultrapassadas por quem conseguiu reerguer-se de um mau início. É assim que se conquistam campeonatos de três jogos. 

Portugal – Holanda e Dinamarca – Alemanha


Com a Alemanha bem perto de garantir a qualificação, Portugal luta por uma vitória que lhe permita seguir em frente com os germânico. No entanto, quer a Dinamarca, quer a Holanda têm direito a sonhar com um lugar nos quartos. Quem será mais feliz esta noite?

Portugal – Holanda

É preciso observar bem que tipo de equipa é a seleção portuguesa, hoje em dia. E queixar-se da ausência de craques de camisola dez ou de líderes de balneário não é o melhor caminho para se chegar a uma boa conclusão. Com Paulo Bento, a aposta passa, em primeiro lugar, por garantir uma estabilidade defensiva. Isso tem sido conseguido, com Pepe e Bruno Alves em bom plano, os dois laterais a não darem espaço a quem lhes aparece pela frente, e uma intermediária bem mais preocupada em não sofrer golos do que em os criar. Na frente, Nani e Cristiano Ronaldo procuram desequilibrar e servir Postiga da melhor forma.

sábado, 16 de junho de 2012

O calcanhar de Welbeck


A Inglaterra de Roy Hodgson teve um pé fora do Euro mas regressou à vida com o calcanhar de Welbeck. O jovem avançado até tinha sido retirado dos holofotes do golo, com a entrada de Andy Carroll para o lugar de ponta-de-lança. No entanto, no momento decisivo da reviravolta, Welbeck estava bem perto do lugar onde deveria estar.

Ao ver a bola fugir da sua zona de remate, onde estava um defensor sueco, Welbeck rodou, encostou o corpo ao do defesa e foi assim, como se estivesse sentado numa cadeira, que tocou com o calcanhar para dentro das redes de Isaksson. Melhor do que ler, é mesmo ver aquele que pode não vir a ser o golo mais decisivo do Euro, mas será certamente um dos mais recordados. 

Grécia – Rússia e Rep. Checa – Polónia


Num grupo onde ganhar garantirá o apuramento, as quatro equipas chegam à última jornada com todas as possibilidades em aberto. Que indicações deram estes conjuntos sobre o que poderão fazer na noite de hoje?

Grécia – Rússia

A equipa russa parece ter tudo para vencer e continuar em prova, no entanto, ter um adversário matreiro como a Grécia pode ser desestabilizador. Depois de ter dominado frente à Rep. Checa, os russos tiveram um primeiro teste a sério frente à Polónia, sendo que sentiram algumas dificuldades para parar o conjunto da casa quando este assumiu mais o jogo. Frente à Grécia, os problemas sentidos serão outros.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Há valores que são seguros


Andrea Pirlo já ganhou o seu lugar na história por ter sido a figura da Itália campeã mundial em 2006. Seis anos depois, o craque italiano continua a passear classe nos relvados. Ontem, marcou um golo de antologia, na marcação de um livre direto, frente à Croácia. Ver Pirlo jogar, de cabelos longos, já um pouco envelhecido, mas com um caminhar seguro de quem sabe onde pisa, é perceber que o futebol é algo mais do que uma bola aos saltos no relvado. É ter consciência de que certos homens foram feitos para dar uma dimensão diferente a este desporto.

Fernando Torres já ganhou o seu lugar na história ao marcar o golo que garantiu o título europeu à Espanha em 2008. Nos últimos quatro anos, passou da glória em Liverpool a ser um jogador em crise, regressando à glória este ano ao vencer com o Chelsea a Liga dos Campeões. Mas para que o seu valor se voltasse a mostrar em todo o esplendor, era necessário que também marcasse pela seleção. Ontem, frente à Rep. Irlanda, aconteceu. Apesar da fragilidade do adversário, o que importa é que Torres comprovou o seu direito a ser o ponta-de-lança da seleção espanhola. Para, muito provavelmente, voltar a marcar nesta competição.

Ucrânia – França e Suécia – Inglaterra


A jogar em casa, os ucranianos só pensam em atingir os quartos de final, embora a França precise de vencer para enfrentar com mais calma a última jornada. No outro jogo do Grupo, Suécia e Inglaterra lutam pela vida. Quem ficará em vantagem?

Ucrânia – França

A equipa de Oleg Blokhin surpreendeu na primeira jornada, guiada pelo herói Shevchenko. Agora, frente à França, poderá confirmar o bom momento. No entanto, a equipa francesa esteve em muito bom plano frente a Inglaterra, apenas chocando no muro defensivo dos britânicos. Para a Ucrânia, a chave do jogo estará na forma como a sua defensiva aguentará a pressão criada pela posse de bola francesa, com constantes movimentos a ameaçar o golo. Tymoschuk e Rotan terão trabalho redobrado a tentar diminuir o espaço disponível para os franceses. Na frente, será sobretudo Konoplyanka a colocar velocidade no jogo, com Shevchenko atento a qualquer oportunidade que surja para marcar.

quinta-feira, 14 de junho de 2012

Itália – Croácia e Espanha – Rep. Irlanda


A Itália foi mais forte do que o esperado, a Espanha ligeiramente mais apática, enquanto a Croácia ganhou o encontro dos outsiders e se posicionou para importunar os favoritos. O que acontecerá na segunda jornada?

Itália – Croácia

Cesare Prandelli pode ter encontrado um antídoto para o tiki-taka (algo que só o futuro poderá clarificar se é verdade ou não), mas frente à Croácia terá um problema completamente diferente. O conjunto de Slaven Bilic conjuga força e técnica em doses equilibradas, tendo derrotado a Rep. Irlanda magistralmente e mostrando-se agora com ambição de seguir na competição. Para enfrentar os croatas, Prandelli não precisa de mudar a sua estrutura. Entre o 3x5x2 e um 4x4x2, poderá bastar que De Rossi avance um pouco mais no terreno em situações ofensivas. De resto, a força italiana estará baseada nos raides de Maggio e Giaccherini, com Motta, Pirlo e Marchisio a serem essenciais na posse de bola.

3 notas depois do Holanda v Alemanha


1.Mário Gomez é um resquício de uma arte esquecida. Posicionamento e poder de remate são as suas duas qualidades. A equipa alemã move-se à sua volta e sempre que a bola sobra para o avançado, há golo. São jogadores como Gomez que fazem o futebol parecer uma coisa simples.

2.Avaliar o doente pela cara é outra arte há muito esquecida. A sede científica apagou-nos muito desse instinto. No entanto, não é preciso olhar duas vezes para as caras do treinador, dos jogadores no banco, de Robben quando sai, para perceber que esta Holanda está doente. Sim, podem faltar-lhe soluções na defesa, alguém que assegura transições, pontas de lança mais inspirados. Mas falta-lhe, sobretudo, solidariedade. E as equipas não solidárias estão, quase sempre, condenadas ao insucesso.

3.Finalizada a segunda jornada dos Grupos A e B, todas as oito equipas a eles pertencentes podem atingir os quartos de final. Ou seja, nem ninguém garantiu o lugar, nem há alguém que já possa fazer as malas. Quando se fala em equilíbrio em Europeus é disto que se fala. Saber que tudo pode acontecer. E agradecer aos deuses por cada novidade, mesmo assim. 

quarta-feira, 13 de junho de 2012

Sou um adepto de pensamento seletivo


Sou um adepto de pensamento seletivo. O Pepe esteve muito bem quando fugiu ao Agger para voar para o primeiro golo. O Cristiano Ronaldo esteve muito bem quando aproveitou a liberdade para se passear entre linhas dinamarquesas e criar situações de desequilíbrio para os seus companheiros. O Hélder Postiga esteve muito bem quando soube ir ao primeiro poste marcar o segundo golo português. A equipa esteve muito bem quando, perante a contrariedade, soube aguentar o barco e partir de novo para cima dos dinamarqueses. O Varela esteve muito bem porque aprendeu com as suas falhas e marcou um golo salvador. Sou um adepto de pensamento seletivo. Depois de hora e meia de sofrimento sei que posso descansar em paz.  

Futebol Vertical


Ninguém joga um futebol mais vertical do que a Polónia de Smuda. A razão? Lewandowski.

Qualquer jogador polaco que veja a bola a poucos centímetros do seu pé, remata forte e para a frente, na esperança de que Lewandowski consiga apanhar a bola. Claro que “Kuba” ou Obraniak tentam contrariar a ideia original do treinador, mas na maioria dos ataques, é a verticalidade que impera.

Por isso parece tão estranho ver a Polónia em campo. Porque se acredita que, jogando de uma outra forma, pudesse ser mais eficaz no controlo da posse de bola e na objetividade do passe. Mas, ao mesmo tempo, talvez isso fragilizasse a estrutura ao ponto de os fazer perder mais vezes.

É por isso que Smuda continuará a jogar na vertical, no próximo sábado, contra  a Rep. Checa. Ainda que precise que dessa verticalidade saia, então, um momento de génio de Lewandowski, se quiser continuar em prova. 

E agora só com uma vitória


A Grécia faz-me lembrar uma anedota que se contava quando era pequeno, de uma criança que exibia os seus dotes em cima de uma bicicleta, levando-a sem pés, sem mãos, até acabar sem dentes.

A equipa de Fernando Santos tentou primeiro, e aguentou-se, no terreno do organizador, com menos um jogador em campo e com um penalti falhado, e ontem, frente à Rep. Checa, com apenas um central de raiz e sofrendo dois golos logo a abrir. A Grécia tentou, mas acabou por cair. Talvez já tenha perdido parte dos dentes, mas na verdade…

Na verdade, à Grécia basta vencer a última partida para seguir em frente. Tão simples e racional quanto isso. Apenas uma vitória. Não precisa de jogar melhor, nem de ser atraente, nem de ter grandes promessas. Precisa de marcar mais um golo do que a Rússia num jogo de 90 minutos. Para a Grécia, continua a haver vida depois da queda. 

Dinamarca – Portugal e Holanda – Alemanha


Depois da inesperada vitória da Dinamarca, o grupo da morte parece destinado a deixar de fora um dos favoritos à vitória no Euro. A segunda jornada será decisiva para perceber quem poderá ficar por aqui ou continuar a sonhar com o apuramento.

Dinamarca – Portugal

Portugal volta a ter um jogo decisivo frente à Dinamarca, algo que se tornou habitual no passado recente. Depois de ter ganho na primeira jornada, a equipa de Morten Olsen acredita na possibilidade de bater todas as antevisões e seguir em frente. Algo que poderá mesmo conseguir, se bater Portugal. A equipa dinamarquesa aposta tudo em fechar os caminhos para a sua baliza, tentando explorar as transições ofensivas com Eriksen, Rommedahl e Khron-Delhi.

terça-feira, 12 de junho de 2012

Shevchenko, o herói


É a primeira grande história deste europeu. Shevchenko, dado como morto para o futebol internacional, saído de uma lesão que parecia tirá-lo das contas da equipa titular, marcou os dois golos que valeram a vitória à Ucrânia na sua estreia em europeus. Para melhorar a situação, tudo aconteceu em casa, Kiev.

A equipa ucraniana foi embalada pelos milhares de adeptos que compunham as bancadas do estádio do Dínamo. Mesmo começando a perder, manteve a confiança e conseguiu, com dois golos do seu herói nacional, obter uma vitória que pode valer o apuramento.

É disto que se fala quando se pensa em grandes jogadores, é disto que se fala em grandes histórias. Shevchenko já era uma marca profunda no futebol ucraniano. Agora soube como banhá-la a ouro.  

Carrossel francês com trinco inglês


França e Inglaterra entraram no Euro com um empate, embora deixassem impressões bem diferentes. Se pelo lado francês, a posse de bola e a nota artística são dominantes, do lado inglês, Roy Hodgson parece apostado em fazer esquecer as suas limitações trancando os caminhos para a sua baliza.

Assim, enquanto a Inglaterra foi apostando nos raides de Oxlade-Chamberlain e Milner (será que sonhou com o golo falhado ainda na primeira parte?), a França teve em Nasri, Malouda, Ribéry e Benzema um carrossel imparável de toques de bola. No final, um ponto para cada um.

Não será exatamente um prémio para os ingleses, que perante a necessidade de vencer sueca e a resistência ucraniana, terão que apresentar mais soluções para chegar ao golo. Por outro lado, não parece ser também um castigo pesado para franceses que, a jogar assim, podem confiar nos deuses do futebol para chegar longe na competição.  

Grécia – Rep. Checa e Polónia – Rússia


Enquanto a Rússia pretende resolver já a questão do apuramento, as três restantes equipas do Grupo A mantém intactas as esperanças de seguir em frente. As decisões começam aqui.

Grécia – Rep. Checa

Os gregos conseguiram um importante ponto na estreia frente à Polónia, mas ficou-lhes o amargo de boca do penalti falhado por Karagounis, o que poderia ter oferecido três pontos e uma autoestrada para o apuramento. Sem poder com os dois centrais titulares, Fernando Santos terá que improvisar, com Katsouranis a poder recuar no terreno para liderada a defesa. Ainda assim, a aposta grega passará por continuar a jogar como o fez contra a Polónia: na expectativa, tentando explorar espaços na defensiva checa.

segunda-feira, 11 de junho de 2012

Desilusão lusófona


|Luís F. Cristóvão

Bastaram apenas dois jogos para espalhar a descrença nas três seleções lusófonas que disputam a qualificação africana para o Mundial 2014. As altas esperanças que os três conjuntos depositavam no apuramento para uma competição que se disputar no “irmão” Brasil caíram por terra rapidamente, em encontros duros com a realidade.
Cabo Verde persegue, nos últimos anos, a primeira presença numa grande competição internacional. Com jogadores de qualidade espalhados pelo mundo, os Tubarões Azuis ficaram a apenas um ponto da CAN 2012 e apostaram forte no próximo Mundial. O sorteio destinou-lhes um grupo onde a Tunísia era a grande favorita, mas o começo frente à Serra Leoa poderia ser uma boa prancha de lançamento para um campanha positiva.

Raça contra raça


Os irlandeses chegaram a esta competição com a promessa de serem irlandeses. Com vontade, entrega e muita raça em cada partida. Mas o último destes atributos não é um exclusivo da equipa do trevo.

Perante a Croácia de Bilic, a Irlanda esteve muitas vezes frente ao espelho (embora do outro lado estivesse uma equipa mais bonita, mais técnica, mais efetiva – afinal, todos tendemos a ver algo mais quando olhamos o nosso reflexo). Ainda que os centrais possam parecer algo duros de rins, do meio campo para a frente, os croatas espalham classe enquanto deixam a pele em campo. Modric, Rakitic, Perisic e, sobretudo, Mandzukic (primeiro candidato a revelação do torneio), deram um banho de bola e de golos aos irlandeses de Trapattoni.

Por muito que tivessem lutado, os irlandeses nunca tiveram a capacidade para fazer frente à qualidade croata. O tipo bonito do outro lado do espelho voltou a tramar o rapaz com boa vontade mas sem qualidades. É uma história da vida real, num relvado de Poznan. 

Barcelona não é Espanha


Vicente Del Bosque equivocou-se. Apesar de ter na sua equipa titular cinco jogadores do Barcelona, a seleção espanhola não é o Barça. Faltaram-lhe três elementos essenciais. Para começar, um ala que corra a linha e provoque desequilíbrios entre setores, como Dani Alves. Depois, faltou-lhe o avançado que permite que os blaugrana joguem sem ponta-de-lança, Alexis Sanchez. E finalmente, faltou-lhe Messi.

Sem esses jogadores, ou jogadores que tentem replicar-lhes os movimentos (exceto Messi, que é incomparável), a Espanha foi domada por uma equipa italiana agressiva a defender e a atacar. Ao ter conseguido um golo, Del Bosque salvou a pele e mantém todas as possibilidades de sair deste Grupo em primeiro lugar. Mas já não é a Espanha que assusta e domina. É uma equipa de humanos, como as outras.

Uma Itália que promete


Ao terceiro dia do Europeu, eis que um gigante aparentemente adormecido dá um ar da sua graça. Com Prandelli, já se sabia, a Itália é um projeto diferente daquele a que a tradição nos habituou. No entanto, não deixa de causar surpresa a exibição personalizada que a equipa transalpina realizou frente aos campeões da Europa e do Mundo.

Com De Rossi no papel de líbero, os italianos jogaram num esquema de três defesas, com Maggio e Giaccherini a correrem as alas. No meio, Pirlo e Marchisio surgiram como alimentadores da dupla de atacantes, Balotelli e Cassano. Com grande equilíbrio na posse de bola, a Itália pareceu sempre um passo à frente dos espanhóis, mas só quando Prandelli trocou o confuso Balotelli por Di Natale, a equipa conseguiu marcar.

A reação espanhola valeu, no entanto, um empate que nada define quanto à quem vencerá o Grupo C. Mas psicologicamente, esta Itália deu-se a conhecer e prometeu algo de bom para o resto do campeonato.

França – Inglaterra e Ucrânia - Suécia


Num torneio muito equilibrado, o Grupo D divide opiniões quanto a quem poderá passar da fase de grupos. Na verdade, ainda que França e Inglaterra tenham vantagem na sua história, o fato da Ucrânia jogar em casa e da Suécia ter Ibrahimovic pode mudar as contas.

França - Inglaterra

Laurent Blanc bem pode ser considerado um super herói se conseguir um resultado apreciável neste Europeu. Se bem se lembram, quando pegou na equipa, o antigo campeão do mundo teve que lidar com um largo número de jogadores castigados devido à greve aos treinos protagonizada na África do Sul, em 2010. Pegando em alguns jogadores chave como Lloris, Evra, Ribéry e Malouda, juntou-lhes os rebentos do novo futebol francês, entre jogadores já reconhecidos, como Mexés, Nasri ou Benzema, e outros que prometem aparecer numa grande competição este ano, como Debuchy ou Giroud. A equipa francesa tem um plantel com qualidade e com algo a provar, o que poderão ser os ingredientes necessários para fazer figura.

domingo, 10 de junho de 2012

O pouco uso que lhe dão


A frase mais forte da análise ao jogo Alemanha – Portugal saiu do twitter de Júlio Maldonado ( @maldinisport). Foi isto o que escreveu o comentador espanhol: “Tremendo el poco rendimiento que saca Portugal a Cristiano”.

No fundo, é uma análise contrária ao fluxo de pensamento unânime. Enquanto tantos outros culpam Ronaldo por não render na seleção, Maldonado culpa a seleção por não aproveitar Ronaldo.

Obriga-nos a pensar quem, numa equipa, é responsável pelo sucesso. Se a estrutura, no seu todo, com treinador à cabeça, se um dos jogadores, por muito bom (ou muito mau) que ele seja.

Em 99% das hipóteses, diríamos que a responsabilidade é da equipa. Mas a prova de que Cristiano Ronaldo é um jogador raro e enorme, é o fato de nos deixar a pensar.

Entre o querer e o poder


Portugal quis entrar no Europeu sem perder o pé na primeira onda, que era grande e assustadora, dado a Alemanha ser uma das grandes favoritas à vitória na competição. O que descobriu, quando pôs os pés na água, é que os alemães sentiam exatamente o mesmo. Joachim Low e Paulo Bento montaram as suas equipas para não perder e estiveram perto de o conseguir. O resultado foi termos assistido aos dois onzes com melhores índices defensivos do torneio, até agora.

Na forma de atacar residia a principal diferença entre os dois conjuntos. Portugal tentava atacar com velocidade, apostando no erro dos germânicos, enquanto a Alemanha atacava de bola no pé, sem nunca ter encontrado espaço para rematar com perigo à baliza do adversário. Sintomaticamente, Rui Patrício termina o jogo sem ter efetuado uma defesa digna de registo. Portugal esteve mais perto de marcar no final da primeira parte, quando Pepe atirou à barra, mas o empate era um resultado justo.

À procura das diferenças


Há dois anos atrás, Holanda e Dinamarca estrearam-se num Mundial jogando frente a frente. A sua estrutura em campo não era diferente, na sua essência, daquela que apresentaram na tarde de ontem na Ucrânia. No entanto, há dois anos, os holandeses partiram rumo à final com uma vitória por 2-0, enquanto ontem sofreram uma derrota que os deixa em situação perigosa no seu grupo.

À procura de diferenças, podemos dizer que a Dinamarca é agora uma equipa bem mais consistente do que no Mundial, com um organizador de jogo, Eriksen, a oferecer ao conjunto um ponto onde a bola pode chegar para sair com mais perigo. Na equipa holandesa, a consciência da fragilidade defensiva passou de uma preocupação para ser um princípio radical, mergulhando a laranja numa redoma de medo que parece prender toda a equipa.

A perder desde os 24 minutos de jogo, Van Marjwick esperou quase cinquenta minutos para fazer as primeiras substituições, retirando nessa  altura um dos dois pivôs defensivos que tinha em campo. O medo de sofrer mais golos tinha-se sobreposto, dolorosamente, à necessidade de os marcar, transparecendo no relvado uma equipa que tem ainda os ingredientes de uma laranja que pode ser fabulosa, mas não é.

Espanha – Itália e Rep. Irlanda – Croácia


Num grupo onde o apuramento parece entregue desde o dia do sorteio, os favoritos enfrentam-se no primeiro jogo, enquanto os candidatos à surpresa terão que vencer hoje para sonharam com os quartos-de-final.

Espanha – Itália
Campeões da Europa e do Mundo, os espanhóis não sentem que lhes falta nada para conseguir algo nunca alcançado antes: vencer três grandes competições consecutivas. As faltas de Puyol e Villa não deverão ser excessivamente sentidas, com Sérgio Ramos e Piqué a serem dois dos melhores centrais do mundo e Fernando Torres a ganhar a titularidade depois de se ter sagrado campeão europeu de clubes.

sábado, 9 de junho de 2012

O homem que aparece de quatro em quatro anos


Roman Pavlyuchenko apresentou-se ao mundo em 2008, no Europeu realizado na Suiça e na Áustria. Um ponta-de-lança promisor, só aos 26 anos, depois de conquistar o seu lugar no Spartak de Moscovo e na seleção, pisou pela primeira vez os grandes palcos. Fê-lo em estilo. Numa Rússia que cativou aos amantes do bom futebol, Pavlyuchenko marcou três golos e foi uma das referências ofensivas do torneio, acabando por ganhar, também, uma transferência para o Tottenham.

Em Londres, Roman não foi feliz. Nunca marcou os golos que se esperava que marcasse, nem demonstrou o mesmo perfume que lhe parecia natural na Rússia de 2008. Passou muito tempo no banco, por várias vezes esteve à porta da saída até que, já esta temporada, regressou a Moscovo para jogar no Lokomotiv. Sem ter propriamente oportunidade para brilhar, o avançado conseguiu confirmar um lugar entre os 23 convocados por Advocaat, ficando no banco no início da partida inaugural.

Aos 73 minutos foi chamado para entrar no relvado. A sua altura, passo meio desajeitado, fizeram-me relembrar o avançado de há quatro anos atrás. E, na verdade, não foi preciso esperar muito para o rever em todo o seu esplendor. Passados menos de dez minutos, pegou na bola do lado esquerdo da área, simulou, ganhou espaço e atirou um verdadeiro míssil para as redes de Petr Cech. Afinal era verdade. Pavlyuchenko ainda estava vivo. É ele o homem que aparece de quatro em quatro anos.

Desta vez não, Karagounis


A equipa grega voltou a colocar-se a jeito de estragar a festa de um anfitrião do campeonato europeu ao empatar frente à Polónia. Perante uma equipa que foi muito forte durante a primeira parte e displicente na segunda, a Grécia de Fernando Santos fez o que lhe competia. Aguentou como pode enquanto o adversário se lançou na ofensiva (e teve sorte em não sofrer mais golos), vindo a explorar os espaços que esse mesmo adversário foi abrindo na defensiva.

Aos 69 minutos, a grande oportunidade dramática dos helénicos, com Szczesny a ver o cartão vermelho por cometer grande penalidade e Karagounis a apresentar-se frente ao recém-entrado Tyton para marcar. Os gregos sabem como é difícil enfrentar titãs. E Tyton defendeu. Um pouco por toda a Europa respirou-se de alívio. A Grécia não tinha, uma vez mais, toda a sorte do seu lado. Teve alguma. Mas não toda. Desta vez não, Karagounis.

Alemanha – Portugal e Holanda – Dinamarca


As aspirações portuguesas neste Europeu começam hoje a ser postas à prova e logo frente a um dos grandes favoritos à vitória final. No outro jogo do grupo, Holanda e Dinamarca pesam as possibilidades de cada uma seguir em frente.

Alemanha – Portugal
Enquanto os alemães fizeram uma fase de qualificação sem mácula, os portugueses passaram dificuldades e só no play-off ganharam o bilhete para o torneio. Nos jogos de preparação, ambas as equipas tiveram resultados pouco animadores, mas assim que a bola começar a rolar em Lviv, nada disso contará. Duas equipas lutam pelo melhor início possível num grupo onde concorrentes fortes terão que ficar pelo caminho.

sexta-feira, 8 de junho de 2012

Polónia – Grécia e Rússia – Rep. Checa


Chegou, finalmente, o primeiro dia de competição do Euro 2012, com a abertura a fazer-se na Polónia, que recebe uma equipa grega com boas memórias destes jogos, e a Rússia a enfrentar a Rep. Checa.

Polónia – Grécia
Um país inteiro espera este jogo há dois anos, data em que a equipa polaca fez o seu último jogo oficial. Para a abertura, um adversário como a Grécia pode parecer uma benesse dos deuses, dado que oferece todas as possibilidades de vitória. No entanto, os gregos já estragaram a festa de Portugal em 2004 e, com uma atitude bastante diferente, poderão fazer o mesmo frente aos polacos.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

Com Dhoze no Europeu


Dará sorte tanto azar?


A Inglaterra perdeu hoje, temporariamente, Jermaine Defoe. Devido à morte do seu pai, o avançado inglês foi autorizado a voltar a casa para assistir às cerimónias fúnebres, sendo que Roy Hodgson decidiu não chamar ninguém para o seu lugar – quando o jogador se sentir em condições, voltará a juntar-se ao plantel europeu.

Com esta falta, a Inglaterra assume o encontro com a França com apenas duas opções ofensivas. Carroll e Welbeck. À partida, só um será titular, mas a presença de Defoe no banco seria uma opção bem capaz para a equipa inglesa, em caso de o jogo não lhes correr de feição. Sem treinar durante alguns dias, a presença do avançado do Tottenham, a acontecer, não deverá ser em condições de ajudar uma equipa que tem percorrido todos os azares possíveis e imagináveis nestes últimos meses.

Será que dará sorte tanto azar? Talvez seja essa a última esperança dos ingleses.  

Dinamarca, um velho conhecido


A equipa dinamarquesa tem sido um adversário habitual da equipa portuguesa, nos últimos grupos de qualificação para Mundial e Europeu. Na Ucrânia, será um dos seus concorrentes no chamado grupo da morte. O que esperar desta Dinamarca?

Morten Olsen é um treinador com vasta experiência, estando à frente da seleção dinamarquesa há 12 anos. Neste Europeu, caso não tivesse tido um sorteio tão desfavorável, pensava poder assumir-se como favorito a atingir, no mínimo, os quartos de final. Sendo verdade que ter a Alemanha, a Holanda e Portugal como adversários redimensiona as expectativas, o fato é que a Dinamarca continua a parecer um bom candidato a surpresa nesta competição. E as surpresas acontecem.

terça-feira, 5 de junho de 2012

A reinvenção da França e Rep. Checa


França e Rep. Checa chegam ao Euro depois de atravessarem um período de renovação. Se os franceses chegam com ambições de vitória, os checos tentam surpreender num grupo muito equilibrado.

A equipa de Laurent Blanc terá hoje o seu último teste frente à Estónia, antes de se estrear no Europeu com uma complicada partida contra a Inglaterra. Na última semana, a lesão de M'Vila poderá ter lançado uma pequena dúvida num onze que parece bem estruturado e definido na cabeça do treinador.

segunda-feira, 4 de junho de 2012

Que sorte para as equipas britânicas?


Enquanto a Inglaterra se vê atingida por uma série de lesões que impedem dez dos possíveis convocados de jogar no Euro, a Rep. Irlanda, com Trapattoni no comando, espera surpreender um dos favoritos à vitória.

Os ingleses bem poderão entrar para a história como a equipa que passou por maiores convulsões em vésperas de um Europeu. Para começar, a saída de Fabio Capello deixou a seleção orfã de treinador durante uns meses. Stuart Pearce, técnico da equipa olímpica, assegurou a transição até ao final do campeonato, quando Roy Hodgson foi finalmente anunciado. A escolha deixou de sobrolho franzido muitos analistas, que esperavam uma aposta mais forte da Federação Inglesa. Mas esta optou, claramente, pela experiência de um técnico que já passou por muito no futebol internacional.

domingo, 3 de junho de 2012

Uma cambalhota e o negócio do costume


|Luís F. Cristóvão

Quando em janeiro passado a Zâmbia derrotou o Sudão por 3-0 na sua caminhada para a conquista da CAN, poucos diriam que no reencontro entre estas duas equipas, os sudaneses levariam a melhor. Mas, no entanto, foi isso mesmo que aconteceu. Não passaram mais de cinco meses, e os detentores do título africano sofreram uma derrota por 0-2 na estreia das qualificações para o Mundial. Enquanto quem é mais dado a superstições poderá ver neste fato uma malapata zambiana com a maior competição do futebol (a Zâmbia nunca atingiu uma fase final), razões mais profundas existem para justificar este resultado.  
Essas razões, curiosamente, não se localizam na Zâmbia, que apresentou praticamente o mesmo onze com que venceu a CAN. Estão sim na evolução do futebol sudanês. Muito longe daquilo que tendemos a aceitar como o perfume do futebol africano, a seleção do Sudão apresenta um conjunto onde o rigor tático e a força física dos seus jogadores se impõe. Num relvado escasso do estádio do Al Hilal, em Omdurman (arredores de Cartum), um onze dominado por jogadores do Al Hilal e do Al Merreikh (duas das três equipas sudanesas ainda em prova na Taça da Confederação) foi muito mais forte do que os zambianos.  
O primeiro golo, marcado por Muhannad Tahir com um forte remate de fora da área (não confundir com o outro Tahir que brilhou na CAN), foi seguido por uma cambalhota que bem poderá exemplificar o que se passou no relvado. Uma passagem de testemunho entre quem brilhou na CAN e quem quer brilhar no Mundial.

Portugal – Turquia: a última palavra


1)Com o onze apresentado no jogo frente à Turquia, Paulo Bento deixa em aberto apenas um lugar para a estreia no Europeu. Hugo Almeida ou Hélder Postiga? Frente aos turcos, a utilização de Almeida, dando uma maior presença na área (ainda que sem resultados), parecia preferível. Mas para enfrentar a Alemanha, a mobilidade de Postiga poderá permitir criar mais perigo.

2)As estreias de Miguel Lopes e de Custódio mostraram que Portugal tem opções para as posições de lateral direito e de número 6. Se Lopes, no entanto, estará muito longe de roubar o lugar a João Pereira, Custódio não precisou de mais de 10 minutos para mostrar que é um jogador a ter em conta para substituir Miguel Veloso. É, de certa forma, injusto para Veloso, depois das boas exibições nos jogos frente à Bósnia, a possibilidade de perder o lugar no onze. Mas Custódio tem as características necessárias para ocupar o lugar. A fazer lembrar o aparecimento de Costinha no Euro 2000.

Olha eu aqui de novo!


Com um crescente investimento de novos patrocinadores nas suas principais equipas, o Brasileirão não perdeu, mesmo assim, uma especificidade cultural que o torna diferente das outras grandes ligas mundiais. Vivendo uma fase onde uma derrota pode significar uma mudança de treinador, o que se vai tornando digno de registo é o número de craques que a liga consegue segurar ou fazer regressar.


A lista é longe, entre jovens esperanças como Neymar, Ganso, Leandro Damião, Lucas Moura ou Óscar, e alguns veteranos que vão reencontrando o seu lugar no regresso a casa, como são os casos de Juninho Pernambucano, Deco e Wagner Love. O que talvez não fosse expectável é que a onda de regressos foi para lá de todas as evidências com a contratação de Dida pela Portuguesa dos Desportos.

sexta-feira, 1 de junho de 2012

O caminho de África para o Brasil


Com todas as atenções focadas no Euro 2012, não podemos deixar de deitar o olhar ao início da fase de grupos na qualificação africana para o Mundial 2014. Começam este fim de semana a jogar as equipas que ambicionam ser uma das cinco que representará o continente na grande prova do futebol. Divididas em dez grupos, tentamos perceber quem serão os favoritos e as possíveis surpresas desta qualificação.

África do Sul (no grupo A), Gabão (grupo E), Nigéria (grupo F) e Camarões (grupo I) parecem ter sido as grandes beneficiadas do sorteio. Apesar da qualidade de alguns dos seus adversários, como o Botsuana no grupo A ou o Burkina Faso no grupo E, a superioridade dos favoritos deverá fazer-se sentir ao longo da qualificação. Mesmo que os sul africanos nem sempre tenham tido a capacidade para se manter na alta roda do futebol do continente, é nos Mundiais que a equipa costuma aparecer mais concentrada e concretizadora.