segunda-feira, 11 de junho de 2012

Desilusão lusófona


|Luís F. Cristóvão

Bastaram apenas dois jogos para espalhar a descrença nas três seleções lusófonas que disputam a qualificação africana para o Mundial 2014. As altas esperanças que os três conjuntos depositavam no apuramento para uma competição que se disputar no “irmão” Brasil caíram por terra rapidamente, em encontros duros com a realidade.
Cabo Verde persegue, nos últimos anos, a primeira presença numa grande competição internacional. Com jogadores de qualidade espalhados pelo mundo, os Tubarões Azuis ficaram a apenas um ponto da CAN 2012 e apostaram forte no próximo Mundial. O sorteio destinou-lhes um grupo onde a Tunísia era a grande favorita, mas o começo frente à Serra Leoa poderia ser uma boa prancha de lançamento para um campanha positiva.

No entanto, a derrota no primeiro jogo, colocou a equipa cabo-verdiana em frente ao espelho, a questionar o que lhe falta para entrar no restrito grupo dos grandes africanos. Com muita juventude no seu onze, Marco Soares, do União de Leiria, surge como o líder natural da equipa. Fernando Varela e Stopira na defesa, Odair Fortes e Ryan Mendes nas alas, Zé Luis e Djaniny no ataque, são valores a considerar para o futuro. Mas a todos eles falta conseguir um lugar entre os melhores.  
Este fim-de-semana, na receção à Tunísia, Lúcio Antunes acreditava poder dar a volta ao resultado negativo da primeira jornada. Mas a experiência do conjunto magrebino, com os golos dos “franceses” Khelifa e Jemaa, deixa a equipa cabo-verdiana muito longe do Brasil. Ainda não será desta que teremos Tubarões no Mundial.

O que significa um empate?
Moçambique e Angola somaram empates nos respetivos encontros. No entanto, um empate, com o valor facial de um ponto, pode ter diferentes significados.  
Para os Mambas, o empate tem um sabor bem amargo. Frente aos vizinhos zimbabuanos, a equipa treinada por Gert Engels tinha a melhor oportunidade desta qualificação para conseguir uma vitória. No entanto, a parca capacidade ofensiva de Moçambique resultou num pesado zero. As críticas não se fizeram esperar. “Se não conseguem vencer o Zimbabué, vão ganhar a quem?” podia ler-se na imprensa local.  
A verdade é que os Mambas passam por uma fase complicada da sua história. Apesar de deter alguns bons valores, como Mexer,  Simão ou Elias Pelembe, a maioria dos jogadores moçambicanos joga no seu campeonato, o pouco competitivo Moçambola. Essa desvantagem tem vindo a evidenciar-se nos contatos internacionais, parecendo agora longínqua a possibilidade de ver a equipa moçambicana numa grande competição. Mas, entre os adeptos locais, a esperança ainda se vai alimentando. Ainda que sem golos.
Para Angola, o empate não foi doce, mas serviu os intentos mínimos da equipa. No último jogo de Romeu Filemon ( o contrato previa apenas a realização de jogos de preparação e as primeiras duas jornadas da qualificação para o Mundial), os Palancas Negras foram à Libéria segurar um empate a zero que, deixando a equipa angolana em desvantagem, permite-lhes alimentar o sonho de vencer um grupo onde o Senegal é favorito.  
Filemon ensaiou a renovação de uma equipa que espera agora por um novo treinador estrangeiro. A inconstância tem sido um dos entraves para o sucesso do futebol angolano. A cada derrota, treinadores são afastados e nem sempre aos seus substitutos é dado tempo suficiente para organizar uma equipa. Ao próximo treinador, é mesmo isso que será pedido. Que se erga das cinzas para manter viva a possibilidade de chegar ao Brasil.

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