|Luís F. Cristóvão
Bastaram apenas dois jogos para espalhar a descrença nas
três seleções lusófonas que disputam a qualificação africana para o Mundial
2014. As altas esperanças que os três conjuntos depositavam no apuramento para
uma competição que se disputar no “irmão” Brasil caíram por terra rapidamente,
em encontros duros com a realidade.
Cabo Verde persegue, nos últimos anos, a primeira presença
numa grande competição internacional. Com jogadores de qualidade espalhados
pelo mundo, os Tubarões Azuis ficaram a apenas um ponto da CAN 2012 e apostaram
forte no próximo Mundial. O sorteio destinou-lhes um grupo onde a Tunísia era a
grande favorita, mas o começo frente à Serra Leoa poderia ser uma boa prancha
de lançamento para um campanha positiva.
No entanto, a derrota no primeiro jogo, colocou a equipa
cabo-verdiana em frente ao espelho, a questionar o que lhe falta para entrar no
restrito grupo dos grandes africanos. Com muita juventude no seu onze, Marco
Soares, do União de Leiria, surge como o líder natural da equipa. Fernando
Varela e Stopira na defesa, Odair Fortes e Ryan Mendes nas alas, Zé Luis e
Djaniny no ataque, são valores a considerar para o futuro. Mas a todos eles
falta conseguir um lugar entre os melhores.
Este fim-de-semana, na receção à Tunísia, Lúcio Antunes
acreditava poder dar a volta ao resultado negativo da primeira jornada. Mas a
experiência do conjunto magrebino, com os golos dos “franceses” Khelifa e
Jemaa, deixa a equipa cabo-verdiana muito longe do Brasil. Ainda não será desta
que teremos Tubarões no Mundial.
O que significa um
empate?
Moçambique e Angola somaram empates nos respetivos
encontros. No entanto, um empate, com o valor facial de um ponto, pode ter
diferentes significados.
Para os Mambas, o empate tem um sabor bem amargo. Frente aos
vizinhos zimbabuanos, a equipa treinada por Gert Engels tinha a melhor oportunidade
desta qualificação para conseguir uma vitória. No entanto, a parca capacidade
ofensiva de Moçambique resultou num pesado zero. As críticas não se fizeram
esperar. “Se não conseguem vencer o Zimbabué, vão ganhar a quem?” podia ler-se
na imprensa local.
A verdade é que os Mambas passam por uma fase complicada da
sua história. Apesar de deter alguns bons valores, como Mexer, Simão ou Elias Pelembe, a maioria dos
jogadores moçambicanos joga no seu campeonato, o pouco competitivo Moçambola.
Essa desvantagem tem vindo a evidenciar-se nos contatos internacionais,
parecendo agora longínqua a possibilidade de ver a equipa moçambicana numa
grande competição. Mas, entre os adeptos locais, a esperança ainda se vai alimentando.
Ainda que sem golos.
Para Angola, o empate não foi doce, mas serviu os intentos
mínimos da equipa. No último jogo de Romeu Filemon ( o contrato previa apenas a
realização de jogos de preparação e as primeiras duas jornadas da qualificação
para o Mundial), os Palancas Negras foram à Libéria segurar um empate a zero
que, deixando a equipa angolana em desvantagem, permite-lhes alimentar o sonho
de vencer um grupo onde o Senegal é favorito.
Filemon ensaiou a renovação de uma equipa que espera agora
por um novo treinador estrangeiro. A inconstância tem sido um dos entraves para
o sucesso do futebol angolano. A cada derrota, treinadores são afastados e nem
sempre aos seus substitutos é dado tempo suficiente para organizar uma equipa.
Ao próximo treinador, é mesmo isso que será pedido. Que se erga das cinzas para
manter viva a possibilidade de chegar ao Brasil.
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